Artesãs são mote de conferência em Vila Verde
Artesãs como principais embaixadoras dos bordados e da tradição
“Os nossos antepassados ‘bordaram’ o nosso território e transformaram-no naquilo que hoje tanto nos orgulha. Cabe-nos a nós deixar esta herança aos nossos filhos”
Arrancou, esta segunda feira, 12 de fevereiro, na Casa do Conhecimento de Vila Verde, a primeira conferência do Ciclo de Conferências “Estórias do Minho- Narrativas no Feminino de uma Geografia Identitária”, alusiva ao tema “Uma arte de bordar por aquelas mulheres do Minho”.
Com uma plateia bem constituída , o Presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, António Vilela, na presença da Vereadora da Cultura, Júlia Fernandes, fez a abertura da sessão, que assumiu como “um momento de reconhecimento do trabalho desenvolvido pelas mulheres (artesãs) que bordam os Lenços de Namorados”.
“Com este projeto pretendemos valorizar e tirar partido do melhor que as nossas terras possuem e, por isso, é com muita satisfação e orgulho que recebemos e damos início, em Vila Verde, a este ciclo de conferências” referiu o autarca.
Na perspetiva do edil vilaverdense “não havia melhor tema para começar esta iniciativa. O tema do amor e dos Lenços de Namorados. O amor pelas pessoas, territórios, tradições e desenvolvimento. Porque, ao fim e ao cabo, queremos fazer desta diversidade de tradições um ponto de ancoragem para novos projetos e desenvolvimento dos territórios.
Dirigindo-se aos jovens da audiência, António Vilela afirmou que “é através destes projetos, destas iniciativas, destas ideias que mantemos viva a identidade cultural do concelho de Vila Verde e da região do Minho. Os nossos antepassados ‘bordaram’ o nosso território e transformaram-no naquilo que hoje tanto nos orgulha. Cabe-nos a nós deixar esta herança aos nossos filhos”.
Ana Pires- “O bordado tem um duplo papel social”
Ana Pires, Investigadora na área do bordado, subiu ao palco para explicar toda a história da arte de bordar, desde os seus primórdios até aos dias de hoje.
Segundo a investigadora “o bordado participa de uma dupla condição, tanto de senhoras pobres como de uma elite. Daí ter um duplo papel social. Bordado como lazer e bordado como meio de subsistência”.
Na sua intervenção, Ana Pires fez questão de explicar que “não há um bom bordado sem um bom desenho. Por isso é que, antigamente, havia desenhistas. O bordado é uma arte decorativa tal como qualquer outra”.
A conferência continuou com as intervenções de um painel de investigadores, como Jean-Yves Durand e Micaela Ramon, ambos docentes na Universidade do Minho e Isabel Maria Fernandes, Diretora do Museu de Alberto Sampaio, do Paço dos Duques e do Castelo de Guimarães.
O Grupo de Teatro “Itinerantenredo” brindou todos os presentes com a performance teatral “Lenços Damore” e a Academia de Música de Vila Verde marcou também presença com um momento musical.
Neste Ciclo de Conferências que percorrerá os 24 municípios do Minho, pretende-se valorizar um olhar inovador sobre a herança cultural do Minho rememorada no feminino, enquanto sociedade de forte tradição matriarcal, propiciando uma narrativa congregadora de saberes e valores identitários que importam estudar, conhecer, cuidar, preservar, valorizar e divulgar.