“Vilaverdense FC é um grande clube e merece outros palcos”
Hugo Santos, treinador do Vilaverdense FC
Com a paragem das competições desportivas, devido ao surto de Covid-19, o Terras do Homem foi falar com Hugo Santos, treinador do Vilaverdense FC.
Terras do Homem – Qual a atual situação e quais as consequências que podem causar no futebol e nomeadamente no Vilaverdense e na sua equipa?
Hugo Santos – É uma situação muito complicada… situação que nos apanhou todos de surpresa. Nós seguimos as referências da AFB e, como tal, encerrámos todas as nossas atividades. O mais importante será que se consiga o mais rapidamente o retorno à normalidade, mas também sabemos que isso depende de cada um de nós e dos nossos comportamentos, daquilo que possamos fazer basicamente no isolamento social e ficar em casa.
No que se refere ao dia-a-dia do Vilaverdense estamos a manter muitos contactos com os jogadores através das redes sociais, vamos dando e sugerindo alguma atividade física… mas tudo se torna muito complicado, não sabendo qual é o dia de recomeço. Estão muitas soluções em cima da mesa, desde o retomar do campeonato até a sua suspensão, por isso todo este trabalho se torna muito relativo. Vamos falando com os jogadores, dando alguns planos, mas estamos a aguardar indicações relativamente ao calendário competitivo, sejam elas para retomar ou anular as competições, para podermos, no fundo, normalizar o nosso trabalho.
Terras do Homem – No caso de recomeço, e ficando apenas oito jornadas, como vai trabalhar a equipa em tão curto tempo para que possa atingir os mesmos níveis físicos, união, concentração e força anímica que o ‘Vila’ apresentava nesta ponta final?
Hugo Santos – Seria engraçado se nós retomássemos a nossa atividade… primeiro seria um sinal que estaria tudo bem e normalizado e que a sociedade continuaria ao seu caminho sem fim. Depois seria muito interessante, porque faltam 8 jornadas para o final, e dependendo do modelo desportivo que a associação defender, na minha opinião como agente desportivo é que se deveria começar, independentemente de ser em maio, junho ou julho, devia criar-se uma situação excecional que permitisse terminar o nosso campeonato, senão estaríamos a deitar ao lixo 26 jogos que se fizeram durante a época. Independentemente de ser um play-off apenas com as equipas que estão a lutar pela subida, pelas equipas que estão a lutar pela descida e pelas equipas que estão na taça, para definir quem são os campeões e quem sobe ou quem desce…. e se assim for, nós, Vilaverdense FC, manteríamos a nossa bitola e o que foi o nosso comportamento, que foi brilhante depois de um começo muito difícil que nos custou a adotar, e falo por mim e pela minha equipa técnica, sentimos a grandeza do Vilaverdense, é um clube diferente daqueles clubes já tínhamos orientados e alguns com cartas e referenciados no futebol regional.
O Vilaverdense é um grande clube que merece outros palcos, demorou um pouco a nossa adaptação, mas nos últimos meses, desde outubro, o nosso trajeto tem sido espetacular, com uma equipa muito jovem em que é difícil distinguir qual é o nosso ponto forte e qual é o nosso ponto fraco… por isso, gostava muito de terminar a época, porque estamos prontos e preparados para sermos chamados depois de travada esta luta que estamos a viver todos os dias.
Terras do Homem – No caso de não haver recomeço, já pensa na nova época e vai continuar no Vilaverdense?
Hugo Santos – Na verdade, na próxima época começo a pensar logo a partir de janeiro/março…. mas, como estamos a lutar por objetivos altos e como estivemos sempre perto dos lugares de subida, deu-nos a esperança de poder atingir quem sabe um primeiro lugar. Por isso seria prematuro preparar qualquer tipo de temporada sem ter esta premissa feita. Na nossa relação (equipa técnica) com a Direção vamos falando de certos pormenores e teremos que reunir, discutir e ver certas situações para, quem sabe no futuro, continuar a nossa ligação.
Terras do Homem – A chegar a um acordo, como disse, essa a reunião passaria pela discussão de contratar reforços de maior qualidade e potencialidade para que o Vilaverdense, no final da próxima época, seja um potencial candidato à subida?
Hugo Santos – Isso é complicado… tenho a certeza que todos os treinadores e diretores gostam de se rodear dos melhores jogadores possíveis, independentemente dos planos, sejam regionais ou sejam nacionais. À priori, quem tem mais capacidade financeira consegue contratar os melhores. Mas sem termos a nossa situação classificativa esclarecida e se o Vilaverdense ficar no Pró-nacional, tem de ser um candidato forte, tal como este ano demonstrou. Caso se conseguia chegar a uma promoção aos campeonatos nacionais, aí o plantel teria de ser organizado de forma diferente.
Uma equipa que luta pela subida ou uma que lute para fazer um campeonato tranquilo são equipas com modelos, jogadores e dinâmicas diferentes. Para nós ainda é tudo muito incerto e muito vago… vamos pensando, mas aguardamos as decisões da AFB para podermos orientar-nos em relação aquilo que é o futuro.