Patrício Araújo acusa Bento Morais de “fazer baixa política” à custa “do sofrimento dos idosos”
A polémica sugestão de transferência dos utentes do Lar do Trabalhador de Prado para instalações degradas em Vila Verde está a suscitar acesa troca de acusações, nomeadamente envolvendo o vereador do Município Patrício Araújo e o provedor da Misericórdia, Bento Morais.
O autarca Patrício Araújo, responsável municipal a área da Proteção Civil, decidiu insurgir-se publicamente contra alegadas afirmações falsas que lhe estavam a ser imputadas, assim como a explicar as objeções colocadas à possibilidade de transferência de idosos do lar de Prado para a Residencial Martins, adquirida recentemente pela Misericórdia de Vila Verde.
Patrício Araújo justificou a posição com as supostas más condições de um edifício em degradação e para onde a Misericórdia pretende um investimento avultado para transformação do edifício (que foi mesmo rotulado de “Residencial fantasma”) em unidade hoteleira de luxo.
Da parte da Misericórdia, o provedor Bento Morais não gostou do teor das declarações do vereador e anunciou publicamente o corte de relações com o autarca.
Patrício Araújo decidiu responder “às lamentáveis, grosseiras e incorretas afirmações do Sr. Bento Morais”. O Vereador começa por dizer que não confunde “as pessoas com as instituições que lideram”. “Não confundo o Sr Bento Morais com o cargo de Provedor, ou com a Santa Casa da Misericórdia que, aliás, tem sido, foi e continuará a ser sempre muito apoiada pela Câmara Municipal de Vila Verde”, assume.
Para Patrício Araújo, Bento Morais “não devia utilizar a Santa Casa, como instrumento, para fazer baixa política”, aproveitando-se “do sofrimento dos idosos” do Lar do Trabalhador e acrescenta que o próprio Provedor lhe dá razão ao dizer que “apenas para que pudessem proceder à desinfeção do Lar de origem, retornando os utentes àquele Lar após desinfeção, bastando para tal que as autoridades de saúde verificassem se ele dispunha das condições necessárias para o efeito”.
No seguimento, pergunta: “os idosos doentes iriam ser sobrecarregados com uma mudança para que o espaço onde estão fosse desinfetado e depois regressassem a esse mesmo espaço? Será que isto demonstra humanidade? e respeito pelos idosos doentes do Lar do Trabalhador? E para tal, oferece aquele espaço? Fechado há anos… que neste momento não dispõe de água nem luz?”
Parecer da autoridade da saúde
Também sobre o parecer que Bento Morais diz ter “verbalmente” da autoridade de saúde sobre as condições de funcionamento da Residencial Martins, o vereador diz que, “ao contrário do Sr. Bento Morais”, participou “sempre em todas as reuniões convocadas pela Autoridade de Saúde” e “nunca” viu parecer algum da Autoridade de Saúde favorável a esta hipotética transferência dos idosos do Lar do Trabalhador para a Residencial Martins.
Por isso, deixa o desafio para que, “em nome da verdade e da defesa de posição” de todas as partes envolvidas, seja apresentado o referido parecer.
Corte de relações
Sobre o corte de relações institucionais, Patrício Araújo diz: “aceitarei essa pena de bom grado e será para mim um elogio se esse for o preço a pagar por defender convictamente o superior interesse das pessoas mais vulneráveis da nossa sociedade: os mais idosos, os debilitados e doentes”. E finaliza deixando uma garantia: “continuarei a defender todas as instituições, continuarei a apoiar a Misericórdia até porque, ao contrário de alguns, nunca confundirei a árvore com a floresta”.