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Rede de tráfico de droga do Vale do Homem julgada amanhã em Braga

A chamada rede de tráfico de droga do Vale do Homem começa a ser julgada amanhã, na primeira Instância Criminal, em Braga. O início das audiências, envolvendo 16 arguidos, cinco dos quais de Amares, para além de quase 200 testemunhas, havido sido adiado devido à pandemia da Covid-19.

Há dois meses os sete presos preventivos foram libertados.

A investigação criminal esteve a cargo do Destacamento da GNR da Póvoa de Lanhoso e incidiu num grupo que se movimentava principalmente em Amares e Braga. Numa primeira fase foram efetuadas onze buscas domiciliárias nos concelhos de Amares, Terras de Bouro, Vila Verde, Póvoa de Lanhoso, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Famalicão e no Porto.

Da ação resultaram a apreensão de 2654 doses de haxixe, 100 doses de cocaína, 13 telemóveis, seis munições, cinco veículos, quatro tablets, quatro computadores e 4.647 euros em dinheiro.

Segundo o que foi possível apurar, parte das transações de droga seriam realizadas na vila de Amares, mais concretamente nas imediações da Escola Secundária de Amares e do Loteamento Quinta do Sol, na freguesia de Figueiredo.

Entre os arguidos estão cinco jovens do concelho de Amares, residentes em Lago, Ferreiros e em Santa Maria de Bouro.

Libertação dos sete preventivos

A juíza titular do caso, Marlene Rodrigues, determinou a libertação provisória dos sete arguidos, que estavam em prisão preventiva, desde as suas detenções, levadas a cabo pelo Núcleo de Investigação Criminal (NIC) do Destacamento Territorial da GNR da Póvoa de Lanhoso.

No despacho judicial, a juíza, que curiosamente já trabalhou nos Serviços Prisionais antes de ter enveredado pela judicatura, alegou o conhecimento dessa realidade e o da Cadeia Regional de Braga em particular, para concluir que tal espaço é já de si concentracionário.

“O Estabelecimento Prisional de Braga, que conhecemos à semelhança, aliás, da quase totalidade das cadeias portuguesas, não permite o distanciamento recomendado pela Direção Geral de Saúde e a Organização Mundial de Saúde, isto em decorrência da sobrelotação das prisões, de consequências gravosas caso ocorra foco de contaminação”, referiu a magistrada.

A juíza fundamentou a sua medida, por “ter sido declarada pela Organização Mundial de Saúde a pandemia por SARS-CoV-2 (Covid-19), a par do estado de emergência em que nos encontramos e que, com elevada probabilidade, será prolongado a partir dos próximos dias, além do apelo das Organização das Nações Unidas efetuado no tocante à população prisional, em particular os mais vulneráveis”, mesmo que nesta última situação, “não seja o caso” dos sete arguidos, que estavam presos em Braga.

Advogado João Ferreira Araújo
Foto: Joaquim Gomes

O advogado João Ferreira Araújo, que defende um dos arguidos em prisão preventiva, elogiou a libertação dos sete jovens reclusos, considerando “estar bastante sensibilizado com esta iniciativa, da senhora juíza, pois apesar de ser bem conhecido o seu humanismo, provou uma vez mais que tem a necessária ponderação, tal como os outros dois juízes e a senhora procuradora da República do Ministério Público, porque a libertação dos arguidos não impedirá que se faça a devida justiça também neste processo”.

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