Espigueiro de Ponte de Lima ganha prémio de arquitetura em Paris
O Espigueiro-Pombal do Cruzeiro situado em Ponte de Lima acaba de ser distinguido nos DNA Paris Design Awards. A reabilitação deste equipamento agrícola singular foi declarada vencedora na categoria de Arquitectura Verde. Uma requalificação da autoria do arquiteto minhoto Tiago do Vale.
A cerimónia de entrega de prémios decorrerá até ao final de 2020 em Paris, em data a anunciar.
O espigueiro já tinha sido finalista, em 2019, do Prémio Nacional de Arquitetura em Madeira, ganhou uma menção honrosano Baku International Architecture Award e foi prémio de ouro dos Muse Design Awards.
Em 2018 já tinha ganho 2018 o Blueprint Awards e o Architizer A+Awards, obeteve uma menção honrosa no Architecture MasterPrize e o terceiro lugar no International Design Awards.
O Espigueiro-Pombal do Cruzeiro foi construído originalmente no final do século XIX, o seu ponto de partida foram dois espigueiros tradicionais sobre bases graníticas.
No site do arquiteto é explicado o processo de reabilitação: “uma cobertura comum reuniu-os, debaixo da qual se deu forma a um pombal. Finalmente, o espaço entre ambos os espigueiros usou-se para a secagem de cereais, com dois grandes painéis basculantes controlando a ventilação.
Este desenho resulta da combinação invulgar mas inteligente de três tipologias vernaculares bastante comuns (espigueiro, pombal, coberto de secagem) que fazem ainda parte do nosso imaginário coletivo”.
A sua execução, no entanto, não foi isenta de problemas.
Construído em madeira de carvalho, “a estrutura foi sub-dimensionada para as necessidades da construção e, sem manutenção adequada durante grande parte da sua vida, a madeira rapidamente decaiu.
As peças de madeira apodrecida, mesmo assim, permitiram a documentação integral do desenho e das técnicas construtivas do edifício tal como era até perder o seu uso, abrindo portas para uma reconstrução peça a peça, aqui à escala do norte rural português, preservando um interessante documento construído vernacular e, no processo, alimentando e alimentando-se do conhecimento tradicional dos artesãos locais”.