Biólogo critica conteúdo lecionado na telescola em carta aberta ao Governo
Pedro Fevereiro, presidente do Centro de Informação de Biotecnologia (CiB) e antigo bastonário da Ordem dos Biólogos, escreveu uma carta aberta ao Governo, alertando para informações falsas transmitidas na aula de Ciências Naturais dos 7.º e 8.º anos na RTP Memória.
De acordo com o Diário de Notícias, em causa está uma aula de Ciências Naturais sobre o impacto da exploração agropecuária, que motivou críticas, nomeadamente do Centro de Informação de Biotecnologia (CiB), que aponta os argumentos apresentados pela docente como falsos.
A professora fez a pergunta: “Precisamos destes recursos para o nosso dia-a-dia, para a nossa alimentação e não só”, mas “poderá a exploração de recursos agropecuários ter impactos?”.
A resposta foi dada de seguida: “Um dos principais impactos prende-se que, com o aumento da população, passou a haver uma agricultura intensiva e começou a utilizar-se excessivamente fertilizantes, pesticidas e herbicidas. O uso inadequado também de antibióticos e de hormonas de crescimento nas explorações pecuárias é outros dos impactos. Mas também a introdução de organismos geneticamente modificados (OGM)”, explicou a professora.
Pedro Fevereiro assinou uma carta endereçada ao Ministério da Educação e do Ensino Superior. Segundo o biólogo, citado pelo DN, a informação “não só é errada do ponto e vista científico”, uma vez que “está cientificamente provado que os OGM não constituem risco, quer para a saúde humana, quer para o ambiente”, “como é deturpada“.
Na carta, Pedro Fevereiro esclarece que “os impactos referidos não provêm da exploração dos recursos agropecuários, mas sim de eventuais práticas agrícolas antiquadas“.
O biólogo diz ainda, segundo o DN, que “a agricultura intensiva moderna não utiliza excesso de fertilizantes, pesticidas e herbicidas, tendo exigências semelhantes ao modo de produção integrada”. Além disso, “são proibidos os antibióticos e as hormonas de crescimento nas fileiras de produção animal no espaço europeu”.
Para Pedro Fevereiro, o conteúdo põe em causa o trabalho dos produtos portugueses, “que se esforçam todos os dias para garantir a sustentabilidade das suas produções e a segurança alimentar”.
Por fim, o antigo bastonário dos Biólogos pede ao Governo que intervenha “no sentido de mudar este paradigma, que envergonha a Educação e a Ciência portuguesas”.
ZAP //