1/3 dos portugueses inquiridos reduziram ou cessaram o consumo de tabaco durante o isolamento
Assinala-se, hoje, o Dia Mundial sem Tabaco. Em período de pandemia causada pela Covid-19, e numa altura onde os efeitos do tabagismo no sistema imunitário e enquanto fator de risco de desenvolvimento e agravamento das infeções respiratórias estão em destaque, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) lançou um inquérito online com o intuito de aferir quais os hábitos tabágicos dos portugueses durante o confinamento.
Até ao momento, com a recolha de 1000 respostas, “os dados preliminares mostram dois fenómenos – pouco mais de um quarto aumentou o consumo de tabaco – o que pode ser explicado pelo maior stress e ansiedade associados ao confinamento e à incerteza da pandemia, no entanto, surpreendeu-nos que quase um terço teve uma evolução positiva, deixando de fumar espontaneamente ou reduzindo o consumo. Também é relevante que quase metade tenha tentado deixar de fumar, mesmo na ausência de qualquer ajuda específica”, referiu José Pedro Boléo-Tomé, da SPP.
Ainda a propósito dos resultados obtidos com este estudo, o médico pneumologista destaca que a pandemia “pode representar uma boa oportunidade para aumentar a cessação tabágica. Deixar de fumar pode ser das atitudes mais eficazes para reforçar a imunidade, prevenir a Covid-19 e reduzir a mortalidade e, numa altura de grandes mudanças nos nossos hábitos, promover a vida saudável. Os resultados demonstram que existe essa vontade na maioria dos fumadores”.
Esta tem sido, precisamente, uma mensagem que a SPP tem transmitido durante este período – alertando para o facto de que os fumadores podem sofrer condições mais graves da doença Covid-19. Neste sentido, José Pedro Boléo-Tomé reafirma “não existem ainda estudos desenhados especificamente para perceber melhor a influência do tabaco na transmissão ou desenvolvimento da Covid-19. No entanto, os dados de que já dispomos mostram de forma clara que, dos doentes com Covid-19, os que têm história de tabagismo têm doença mais grave, precisam mais de cuidados intensivos e de ventilação mecânica e morrem mais”.
“Em tempo de pandemia, importa reduzir todos os fatores que sejam potenciadores do risco. O tabaco enfraquece o sistema imunitário tornando-o menos capaz de responder aos agentes infeciosos, como é o caso do novo coronavírus”, reforça António Morais, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.