NACIONAL

Investigado tweet que fala em destruir estátua do Padre António Vieira

As autoridades estão a tentar chegar aos responsáveis pela vandalização da estátua do Padre António Vieira, em Lisboa, e estão a investigar uma publicação no Twitter que foi publicada na véspera do incidente. Entretanto, o dirigente da SOS Racismo, Mamadou Ba, refuta que seja o “autor moral das pinturas”.

As declarações de Mamadou Ba surgem numa publicação no Facebook, onde reporta para alegadas acusações da SIC que o terão apontado como o “autor moral das pinturas”, conforme afiança, acusando o canal de “ser porta-voz de uma manipulação da extrema-direita”.

Em causa está o facto de a SIC ter recordado uma manifestação organizada em 5 de Outubro de 2017, junto à estátua do Padre António Vieira, no Largo Trindade Coelho em Lisboa, onde Mamadou Ba marcou presença. O evento foi organizado pelo chamado “Colectivo Descolonizando” e acabou por ser abalado por elementos de extrema-direita.

“Nem o SOS nem o Mamadou Ba foram organizadores da iniciativa”, assegura o dirigente da SOS Racismo, frisando que esteve “com convicção nesta iniciativa” de 2017 e que “voltaria a estar em qualquer manifestação que pretenda lutar pela descolonização da narrativa histórica e a sua memeorialização romantizada”.

O Colectivo Descolonizando defende, conforme uma publicação de 2017 no Facebook, “a remoção” da estátua do Padre António Vieira. “Descolonizando Padre António Vieira”, refere essa publicação, notando que “não se trata de culpar uma personagem da história”, “mas de poder discutir outras dimensões da história”.

Tweet de jovem de extrema-esquerda investigado

As autoridades estão a investigar uma publicação feita no Twitter por um “activista de extrema-esquerda” que terá apelado à destruição da estátua, conforme reporta o Expresso.

“Vamos falar de estátuas que deveriam ser destruídas. Em Lisboa há pelo menos uma, a estátua do padre António Vieira, com crianças indígenas ao redor. É uma ode ao colonialismo em frente a uma Igreja Jesuíta abarrotada de ouro vindo do Brasil. A igreja, a estátua, tudo é ruim“, frisa o tweet em causa, segundo cita o semanário, notando que foi publicado a 10 de Junho.

No dia seguinte, a estátua apareceu vandalizada com a palavra “Descoloniza” escrita a letras vermelhas e o rosto do Padre António Vieira colorido de vermelho, com corações pintados no peito das duas crianças indígenas que a compõem.

As publicações da conta de Twitter deixaram de ser visíveis, mas o Expresso diz ter encontrado o mesmo “nickname e a fotografia de perfil numa outra conta, desta vez no Facebook”.

O semanário apurou que se trata de “um jovem que se intitula activista anti-fascista e que tem escrito posts sobre o “crescente perigo de grupos fascistas e racistas” sobretudo no Brasil, país de onde é originário”.

O tweet estará, agora, a ser investigado, mas as autoridades estarão também a analisar as imagens das câmaras de videovigilância que se encontram perto da estátua.

Sobre a publicação no Twitter, advogados ouvidos pelo Expresso admitem que pode dar azo a condenação criminal e a uma “pena de prisão até cinco anos”, como nota Lopes Guerreiro no semanário, frisando que pode estar em causa “uma situação de incitamento ao ódio e à violência relativamente não só aos jesuítas como, no geral, à Igreja Católica”.

“Esta frase pode ser enquadrada como incentivo à violência contra o património histórico. É instigação pública a um crime”, analisa, por seu turno, o advogado Aníbal Pinto, também ouvido pelo Expresso.

Frases racistas e xenófobas na Grande Lisboa

Nesta sexta-feira, os muros de vários edifícios da Grande Lisboa foram vandalizados com frases racistas e xenófobas.

Um dos espaços afectados foi o mural pintado em 2019, em homenagem a José Carvalho, dirigente do Partido Socialista Revolucionário (PSR) que foi assassinado, em 1989, por um grupo neonazi.

“O mural que pintámos na Amadora em homenagem ao José Carvalho foi vandalizado com ameaças da extrema-direita. Aqui continuamos sem medos o combate anti-fascista e anti-racista”, escreve no Facebook o grupo que pintou o mural, a par de imagens que mostram as inscrições feitas pelos vândalos.

Um dos edifícios do Conselho Português para os Refugiados (CPR) situado na Bobadela, no concelho de Loures, foi também alvo de “actos de xenofobia e de racismo”, como revela o CPR em comunicado, manifestando “preocupação” e repudiando “veementemente qualquer atitude de violência e de ódio na sociedade portuguesa”.

A presidente do CPR, Mónica Farinha, refere ao Público que a entidade vai apresentar queixa junto das autoridades.

Nas redes sociais, várias pessoas partilharam imagens dos muros pintados com frases racistas, como foi o caso de Mamadou Ba, questionando se “ouviram o Chicão e o André Ventura sobre este atentado à dignidade humana”, numa farpa aos líderes de CDS e Chega que condenaram duramente a vandalização da estátua do Padre António Vieira.

SV, ZAP //

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