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Associação de Paralisia Cerebral de Braga muda-se para Amares em março

A Associação de Paralisia Cerebral de Braga (APCB) vai mudar-se de ‘armas e bagagens’ para o concelho de Amares.

Depois de adquirir mais de 5 hectares de terreno, pertencentes à ex-empresa ‘Eusébios S.A’, na freguesia de Carrazedo, a associação já deu início às obras para a criação de um CAO, Lar Residencial e um Picadeiro. Se tanto o CAO como o Lar Residencial deverão abrir portas em março do próximo ano, o Picadeiro estará a funcionar já em julho. 25 postos de trabalho estão previstos serem criados.

“Vamos fazer uma mudança total. As nossas atuais instalações em Braga têm muitas deficiências, têm pouca luz, são quentes e não satisfazem no desenvolvimento das terapias necessárias aos nossos utentes”, refere o presidente da APCB, Luís Gonçalves, ao ‘Terras de Homem’.

São 3400 metros quadrados de área construída, que terá um CAO com três salas para 30 utentes, 30 camas de lar residencial, ala das terapias, gabinetes técnicos e administrativos, piscina, gimnodesportivo, lavandaria e garagens (as duas únicas áreas que ficarão numa quota mais baixa). Haverá ainda um picadeiro (ver caixa), uma horta, um espaço de lazer e atividades e um campo de feno.

A instituição terá capacidade para receber 300 utentes para intervenção precoce e 125 em ambulatório. “Iremos estudar a criação de uma equipa para domicílios caso haja necessidade. Nós queremos sempre dar a melhor resposta aos nossos utentes e se essa for uma necessidade, estudaremos a sua criação”.

Sabendo dos benefícios que os animais trazem para os utentes, a direção vai criar um galinheiro com galinhas, ovelhas e outros pequenos animais. “A ideia é cada um ter o seu animal e poderem tratar dele, saindo do espaço fechado e beneficiando do ar livre”.

A APCB abrange nove concelhos: Amares, Vila Verde, Terras de Bouro, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Braga, Famalicão, Esposende e Barcelos.

Financiamento

O valor total do investimento ronda os cinco milhões e 300 milhões com IVA incluído dos quais três milhões são obtidos através de um empréstimo com uma instituição bancária. Os restantes são fundos próprios conseguidos junto de mecenas, amigos da instituição, das consignações do IRS e da quota paga pelos sócios. “Parte do dinheiro do empréstimo será para pagar o IVA, que ronda um milhão de euros e do qual iremos recuperar 50%, não sabemos é quando”, revela Luís Gonçalves.

O eleito em finais do ano passado acrescenta ainda que, “a obra não terá qualquer comparticipação do Estado, para já, uma vez que o programa PARES ainda não abriu candidaturas para a área da deficiência tal como estava previsto acontecer, mas a pandemia não permitiu”.

Foi na direção anterior presidida por José Luís Alves que a APCB começou a juntar dinheiro para concretizar o projeto que agora vê a luz do dia. Em 2019, a instituição atingiu um saldo positivo de 184 mil euros.

Segurança Social

Mesmo sem apoio financeiro público, para já, a instituição contou com a aprovação da Segurança Social para realizar as obras, “até porque sem isso não seriam possíveis” e, no futuro próximo, irão ser discutidos os protocolos: “há abertura para negociar o alargamento do apoio. É reconhecido que esta área ainda é deficitária”.

O pagamento da mensalidade, atribuída pela Segurança Social em 1068 euros, é feito em função dos rendimentos familiares. “Temos utentes que não pagam nada porque os rendimentos familiares não chegam a atingir os escalões”.

Criação de 25 postos de trabalho

Com 41 colaboradores entre administrativos, técnicos, auxiliares, serviços gerais um tratador, o alargamento da oferta irá ‘obrigar’ ao recrutamento de mais 25 pessoas sobretudo para o lar e CAO, seja para serviços gerais, seja para auxiliares.

Outra das particularidades passa por duas cedências públicas feitas para benefício da freguesia: uma é o alargamento do cemitério e outra é o alargamento de um caminho público, tudo locais próximos da futura infraestrutura.

Picadeiro inaugurado em julho

Dentro do terreno comprado pela APCB, está a ser contruído um picadeiro, uma obra bastante adiantada e com inauguração prevista para junho. “Sabendo da importância da hipoterapia para estas pessoas, avançamos para a construção de raiz de um picadeiro”, diz Luís Gonçalves. Com oito boxes, a estrutura tem, ainda, 120 lugares sentados, uma sala de formação, casas de banho adaptadas e uma área que poderá servir de habitação para o tratador.

Com um dispositivo de rega próprio, a direção já instalou um ‘hipotransfer’ que irá permitir levantar o utente e coloca-lo diretamente na sela do cavalo ou funcionar como rampa para cadeira de rodas.

Os dois cavalos pertença da APCB estão, nesta altura, à guarda do regimento de Cavalaria. Para além de um picadeiro exterior, a direção vai criar um campo de cultivo de feno que servirá de alimento para os animais, tendo para isso um tratador a tempo inteiro. Totalmente financiada com dinheiros próprios, a obra custou 900 mil euros dos quais 500 mil da Associação e o restante de mecenas e amigos da instituição.

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