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UMinho combate ideia de que “há engenharias que não são para meninas”

Desmistificar a ideia de que “há engenharias que não são para meninas” é o principal objetivo de uma iniciativa de uma professora e uma aluna da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM), hoje apresentada publicamente.

Filomena Soares, a professora envolvida na Hertech – Rede de Network Feminino, disse à Lusa que ainda há engenharias, como a informática ou a mecânica, em que mais de 90% dos alunos são homens.

“E a verdade é que não há qualquer razão para isso, porque todas as engenharias são tanto para homens como para mulheres”, acrescentou.

Para Filomena Soares, a única explicação talvez seja mesmo o “estigma eminentemente masculino” que paira sobre certas engenharias.

Perante esta realidade, a professora Filomena Soares e a aluna Carolina Pereira decidiram criar a “Hertech”, para minimizar as desigualdades de género em engenharia e tecnologia.

Um dos públicos-alvo são as alunas do ensino secundário, que naquela rede encontrarão “motivação” para enveredarem por cursos que normalmente têm mais procura por parte dos homens.

A rede pretende ainda envolver ex-alunas de engenheira e que já se encontram no mercado de trabalho, para darem o seu testemunho sobre a importância do curso que frequentaram.

Palestras com casos de sucesso, formações, listas de contactos e de ofertas de emprego, um programa de mentorias e tutorias e ações de voluntariado são outras das “ofertas” da rede Hertech.

“Queremos quebrar o estigma da presença das mulheres na área tecnológica, aumentar o seu número através da elucidação das estudantes do 3.º ciclo e ensino secundário, bem como partilhar, entre mulheres de diversas idades e áreas, novas perspetivas sobre as múltiplas vertentes da engenharia”, sublinha Carolina Pereira.

As responsáveis da rede consideram, mesmo assim, que a atratividade da engenharia está a crescer no público feminino, apesar de os números “ainda ficarem muito aquém do desejável equilíbrio”.

Na última década e meia, o número de mulheres estudantes na EEUM subiu de 23% para 28% do total, segundo um estudo coordenado pela professora Isabel Ramos.

No último ano letivo, 30% dos 4.500 alunos de licenciatura e mestrado integrado da EEUM eram mulheres e apenas quatro dos 14 cursos tinham predominância feminina – Design de Moda (93%), Engenharia Biológica (79%), Engenharia Biomédica (64%) e Engenharia Têxtil (55%).

O domínio masculino notou-se mais em Engenharia Eletrónica Industrial e de Computadores (92%), Engenharia Mecânica e Engenharia Informática (ambos com 87%).

Segundo a Eurostat, dos 18 milhões de cientistas no mundo em 2017, 41% eram mulheres.

Na União Europeia, as cientistas e engenheiras estavam mais presentes na Lituânia (57%), Bulgária, Letónia (ambos com 53%) ou Portugal (51%) e menos presentes na Finlândia (29%), Hungria e Luxemburgo (ambos com 25%).

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