Diretor do serviço de cirurgia plástica de Gaia reivindica reclassificação do hospital
O diretor do serviço de Cirurgia Plástica Reconstrutiva do Hospital de Vila Nova de Gaia defendeu hoje a reclassificação deste centro hospitalar, lembrando que o equipamento “apresenta desempenhos acima da média de outros” já classificados no “grupo de topo”.
Em declarações à agência Lusa, Horácio Costa, que é também professor catedrático da Universidade de Aveiro, reivindicou uma classificação para o Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNG/E) “condizente” com “a qualidade de serviços que presta”.
Horácio Costa, diretor de serviço no único hospital do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que tem a chamada Via Verde de Reimplante de Membros, quer que a tutela deixe de “subclassificar” o CHVNG/E, razão pela qual, contou à Lusa, “já escreveu várias vezes à ministra [da Saúde, Marta Temido] sobre uma situação que carece de justiça”.
“A reclassificação daria sustentabilidade ao hospital e todas as valências, não só a minha, beneficiariam”, sintetizou.
Em causa está a classificação de hospitais do SNS. Em Portugal existem vários grupos, sendo que o CHVNG/E encontra-se, atualmente, no ‘D’, enquanto no grupo acima, o ‘E’, estão hospitais como o de São João, no Porto, o de Santa Maria, em Lisboa ou o de Coimbra.
“Em 2012, a ACSS [Administração Central do Sistema de Saúde] emitiu um relatório sobre a definição de grupos de hospitais. Este é um mecanismo de acompanhamento na comparação do desempenho e publicação de informação sobre as instituições (…). Esta classificação implicou a inclusão do CHVNG/E no grupo D. Contudo, estamos em 2020 e, desde essa altura, existiram imensas transformações, crescimentos e diferenciações relativas aos 700.000 utentes que dependem diretamente do CHVNG/E”, descreve Horácio Costa num artigo partilhado com a Lusa e que fez chegar recentemente ao gabinete de Marta Temido.
O diretor do serviço Cirurgia Plástica Reconstrutiva e da Unidade de Microcirurgia de Gaia acrescenta, no artigo, a convicção de que “na comparação com todos os hospitais do grupo D, o CHVNG/E obtém resultados superiores à média, particularmente na produção, tendo orçamento idêntico”.
“Já se falarmos dos hospitais do grupo E [classificados acima do CHVNG/E] esses recebem mais 1,5 milhões por ano do que Gaia, mas Gaia em muitas valências, nomeadamente na cirurgia plástica e reconstrutiva e na cirurgia cardiotorácica, acolhe doentes de todo o país”, aponta o médico especialista.
Insistindo que a reclassificação do CHVNG/E “é mais do que evidente e meritória, comparativamente a outros centros hospitalares do SNS”, o também diretor do departamento Formação, Ensino e Investigação de Gaia lembra também, no artigo enviado à tutela, que “a análise de desempenho do CHVNG/E nas 22 variáveis utilizadas no processo de grupos hospitalares”, um relatório da ACSS com dados de 2012 a 2018, “revelou que Gaia apresenta variáveis superiores à média dos hospitais do grupo E”.
“A reclassificação é necessária à saúde da região, sendo benéfica para a população (…). Esta reclassificação significa uma alavanca para a motivação de todos os profissionais da instituição e, mais importante ainda, eleva e equilibra o SNS a nível regional e nacional”, sublinha Horácio Costa.
Vincando à Lusa que a classificação atual é “insustentável”, o especialista, que na quinta-feira esteve na visita às obras do CHVNG/E na qual participou Marta Temido e o primeiro-ministro, António Costa, acrescentou que uma eventual reclassificação faria com que o hospital aumentasse a capacidade de recrutamento de especialistas, reivindicando também “mais espaço e mais camas”.
António Costa e Marta Temido, bem como os presidentes de câmara de Vila Nova de Gaia e Espinho, Eduardo Vítor Rodrigues e Pinto Moreira, profissionais de saúde e técnicos, participaram quinta-feira numa visita às obras do CHVNG/E, momento no qual foi revelado que em novembro ficará pronta a nova unidade de cuidados intensivos orçada em 3,3 milhões de euros.
O conselho de administração avançou que quer “em datas aproximadas” abrir também a nova urgência, espaço que passará a ter 5.000 metros quadrados, sendo que a atual tem cerca de 1.900.
A empreitada do CHVNG/E integra o Plano de Reabilitação Integrado e está dividida em três fases de intervenção.
Neste momento está em conclusão a fase B, que representa um investimento de 13 milhões de euros em infraestruturas e dois milhões de euros em equipamentos.
Num discurso feito na cerimónia, depois de falar das obras, do desempenho das equipas e das contingências da pandemia da covid-19, também o presidente do conselho de administração do CHVNG/E, Rui Guimarães, recordou a ambição de requalificação do hospital.
“’Cuidamos de si’ é o nosso lema e atrevo-me a dizer que cuidamos bem. Cada uma das mais de 4.000 pessoas que aqui trabalham merece por isso o nosso carinho, o nosso trabalho, o nosso investimento e o nosso compromisso e merece também a reclassificação deste hospital para o patamar que ele merece. Do nosso lado saberemos responder com elevado desempenho clínico, excelente padrão de cuidados e ao mesmo tempo comprometemo-nos com a diminuição do tempo de acesso da população aos cuidados de saúde”, disse Rui Guimarães.