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“É verdade que tenho contactos e conversas várias com pessoas identificadas com o Partido Socialista”

A pouco menos de um ano das eleições autárquicas, o Vereador do Movimento Independente MAIS, Emanuel Magalhães, deixa, em entrevista ao ‘Terras do Homem’, pistas, ideias e críticas sobre o passado, presente e futuro.

Não descartando ter contatos com o Partido Socialista, Emanuel Magalhães diz estar disponível para “encontrar soluções para o futuro” e pode mesmo avançar com nova candidatura independente: “a vontade das Pessoas, a avaliação dos cenários, as condições e apoios determinarão o que vai acontecer”.

Se o saneamento é um dos aspetos positivos do atual mandato, o rol de críticas à gestão de Manuel Moreira é extenso: “os projetos devem ser pensados e elaborados de forma integrada” ou “gestão municipal muito orientada para a promoção de festas, feiras e outros eventos” ou ainda, “despesas com pessoal, as despesas correntes e a aquisição e contratualização de serviços assumem hoje um peso financeiro muito perigoso”.

Que balanço faz do mandato do Movimento Independente?
A atitude que tem sido assumida pelo Movimento Independente é coerente com os propósitos que estiveram na base da candidatura apresentada às últimas eleições autárquicas, ou seja, a defesa do interesse público e de causas para a melhor gestão e desenvolvimento do território de Amares, com a apresentação de propostas concretas para a resolução de alguns problemas, por exemplo, como aquelas relacionadas com o abastecimento de água, numa postura de oposição responsável. Há gente muito válida aqui.

É assim que temos atuado em sede do Executivo Camarário e na Assembleia Municipal.

Pessoalmente, não aceitaria fazê-lo de outra forma.

A decisão de criar um movimento independente, hoje quase quatro anos depois, faz sentido? Porquê?
Na linha do que disse anteriormente, o Movimento Independente não se desviou, até aos dias de hoje, dos princípios e pressupostos nobres que estiveram na base da sua candidatura. Portanto, a sua existência deve mantê-los como tal.

Até onde pode ir o Movimento Independente?
O Movimento independente vai até onde as Pessoas quiserem, tendo em conta os contextos e cenários que se colocam ou venham a colocar-se, numa avaliação natural dos apoios e condições.

A um ano de eleições autárquicas, qual é o posicionamento do Movimento? Concorrer sozinho? Coligar-se?
Está numa posição de avaliação de contextos e cenários para a melhor tomada de decisões, posteriormente.

Nas últimas eleições houve dificuldades, naturais, na criação de listas para as freguesias?
O tempo muito curto de preparação de todo o processo eleitoral nas últimas eleições condicionou, naturalmente, a apresentação de listas para as freguesias, tendo-se optado, em consciência, pela estratégia adotada.

Circulam pelos bastidores rumores que dão conta do ‘namoro’ do PS a Emanuel Magalhães. Confirma esta aproximação? Que pensa de uma coligação mais alargada da oposição?
É verdade que tenho contactos e conversas várias com pessoas identificadas com o Partido Socialista, que acontecem na base da discussão e das opiniões que se colocam, na procura e avaliação de soluções para o futuro.

É assim que se deve atuar, quando se está na oposição e se quer o melhor para o concelho e não se concorda com a atuação da atual gestão municipal.

Que balanço faz da atual maioria na câmara?
Devemos aplaudir o que se fez de mais positivo, por exemplo, na extensão da rede de saneamento, apesar dos problemas que tem acompanhado o processo.

No entanto, não posso deixar de dizer que a gestão da maioria, em muitos casos, é bastante negativa.

A elaboração e desenvolvimento de alguns projetos de investimento, associados à regeneração urbana e à mobilidade, por exemplo, têm que ser pensados e elaborados de forma integrada, ao contrário do que tem acontecido. Pensemos, por exemplo, no que aconteceu e acontece com os projetos da Feira Semanal, Praça do Comércio e Mobilidade, com atrasos, alterações, avanços e recuos e com as consequências que se conhecem ao nível das despesas. Tem-se assistido, ao longo dos tempos, à concretização de medidas avulsas.

A gestão municipal muito orientada para a promoção de festas, feiras e outros eventos, agora “suspensa” pela pandemia, não trouxe quaisquer benefícios para o território a médio prazo.

Num passado mais recente e relativamente à pandemia, aquilo a que assistimos por parte da gestão municipal foi a de uma intervenção mais reativa e frouxa, ao contrário do que seria desejável, não tendo havido, por exemplo, uma estratégia de relação mais próxima com as instituições de solidariedade social e de emergência/ proteção civil.

Recomendava-se uma outra ação e atitude, passando, por exemplo, pela criação de um fundo de emergência social, como fizeram tantos outros municípios.

As despesas com pessoal, as despesas correntes e a aquisição e contratualização de serviços assumem hoje um peso financeiro muito perigoso que podem condicionar, muito seriamente, a gestão e orçamentos municipais.

Em que áreas se poderia ter feito mais e não fez?
Por exemplo, somados todos os investimentos na rede e abastecimento de água realizados ao longo dos últimos anos, facilmente chegamos à conclusão de que esta não foi, até ao momento, uma prioridade da gestão municipal.

Têm havido muitos investimos privados ao nível do imobiliário residencial, fruto, principalmente, do contexto de mercado favorável que se vive há vários anos mas muito pouco tem sido feito, por exemplo, para a melhor competitividade deste território para a captação de investimento mais produtivo e capaz de gerar riqueza.

Com já o disse, a propósito da Covid-19, a atitude da gestão municipal foi mais reativa e frouxa. Em muitos casos, poder-se-ia ter evitado muita desinformação e contribuído para a melhor orientação das Pessoas, Famílias e Empresas, com um gabinete de crise e de orientação, interdisciplinar, com base municipal, com balcão de atendimento específico, criado atempadamente.

Com atual situação do país, que soluções, a curto prazo, poderiam ser tomadas num concelho como Amares, para minorar o impacto no rendimento das famílias?
O foco deve centrar-se, em primeiro lugar, na saúde. Paralelamente, devem promover-se estratégias e ações para a melhor recuperação social e económica do concelho, com apoios concretos às famílias. Exemplos – aquisição e distribuição mais alargada de equipamentos de proteção individual; garantir a comparticipação municipal de rendas dos agregados familiares; redução de taxas e tarifas nos diferentes serviços; alargamento das bolsas de estudo aos estudantes do ensino superior; apoio ao arrendamento do empreendedorismo jovem; monitorização regular da população mais idosa que não tenha apoio ou retaguarda familiar; não nos podemos esquecer das especificidades das famílias numerosas; etc..

Algumas das ações a implementar devem ter por base o caráter pontual e extraordinário e a identificação da perda de rendimentos, por força da COVID 19.

Finalmente, é o candidato natural do Movimento Independente às próximas autárquicas. Vai aceitar esse desafio? Porquê?
É muito forte a motivação e vontade de continuar disponível para trabalhar para as Pessoas. E isto é muito importante, quando estamos na causa pública. Não me arrependo da decisão que tomei há quatro anos, apesar de todos os condicionalismos. A vontade das Pessoas, a avaliação dos cenários, as condições e apoios determinarão o que vai acontecer.

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