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Estrangeiros ‘salvam’ fecho de escolas em Vila Verde

O número de crianças e jovens vindos do estrangeiro para as escolas de Vila Verde tem aumentado, exponencialmente, nos dois +últimos anos. Segundo informações, não oficiais, recolhidas pelo ‘Terras do Homem’, no Centro Escolar de Vila Verde, por exemplo, em termos de novos alunos, os números andarão à volta dos 50% serem de nacionalidade não portuguesa.

Reportando os números oficiais, no ano letivo de 2021/2022 andavam nas escolas do concelho 221 estrangeiros de 23 país e falando 14 línguas. No ano passado, 2022/2023, o número aumentou para 339 de 27 países falando 17 línguas. Os brasileiros são a maioria, mas também há indianos e paquistaneses, colombianos ou quenianos, provocando um novo desafio na aprendizagem.

Sem números ainda definitivos, no ano letivo que agora começa, e segundo revelou, em exclusivo ao ‘Terras do Homem, o vereador da educação da Câmara de Vila Verde, o número de estrangeiros aproxima-se dos 400.

“Estes alunos estão a criar novos desafios. Havia uma perspetiva em função do número de alunos que estava plasmada na carta educativa e até a perspetiva de que alguns centros escolares de menos dimensão pudessem encerrar, mas verifica-se agora que é necessário ter um número significativo de alunos nas freguesias, nas pequenas escolas, para evitar uma enorme concentração nas grandes escolas e que obrigaria à ampliação dos centros escolares”, começa por revelar, ao ‘Terras do Homem’, Manuel Lopes.

Por isso, “deste ponto de vista estamos a ter esse desafio e a garantir que as freguesias que mantiveram assim as suas escolas, quer só do pré-escolar, quer do pré-escolar e primeiro ciclo, começam a ter garantia de futuro na sua manutenção”.

Escolas de freguesias mais pequenas renascem
Um dos exemplos da uma escola que corria o risco de encerrar era Aboim da Nóbrega, mas a situação inverteu-se: “a escola tem apenas um único grupo para todo o ciclo e um pequeno grupo de pré-escolar e a expetativa é que pudessem, um destes dias, serem canalizados para o Vade, que não sendo uma grande escola tem capacidade para albergar esses alunos, mas este ano, houve um número significativo de crianças provenientes de pais que passaram a residir naquela freguesia e isso de alguma maneira, garante a estabilidade daquele centro escolar que nós não queremos de maneira nenhuma encerrar”.

A verdade é que a situação de Aboim se estende a outras freguesias. A Lage é uma das freguesias que mais tem crescido em termos populacionais, a escola já não tem capacidade de albergar todos os alunos, temos lá uma solução provisória que vamos ter de a ampliar. No entanto, a solução pode ser outra: “teremos de garantir, muito provavelmente, que o funcionamento que está previsto, em rede, com Moure, que tem alguma capacidade, comece a funcionar, o que significará levar, no futuro, alunos da Lage para Moure. Estamos a crescer em Barbudo, em Esqueiros, estamos a crescer em Cervães, em Turiz, no pré-escolar que depois se vai refletir no primeiro ciclo.

A verdade é que o novo ano letivo é o segundo ano consecutivo em que houve aumento no número de alunos nestes dois níveis de ensino, “graças às pessoas que vieram de fora”.

O vereador reconhece que “em algumas escolas mais pequenas, podemos ter 30 a 40% de alunos estrangeiros, mas ainda não temos números afinados em relação ao novo ano letivo. Num universo do ensino público temos cerca de 5000 mil alunos e os estrangeiros já têm algum significado.

Novos desafios
Com chegada de famílias estrangeiras, toda a estratégia e programação educativa poderá que ser revista e ajustada. Manuel Lopes explica os novos desafios colocados com a chegada recente de uma família da Colômbia ao concelho.

“Não conseguiu colocação na EB 2/3 de Vila Verde e a perspetiva que lhe deram é por um dos filhos na Monsenhor Elísio araújo, em Prado S. Miguel. O problema é que a câmara não tem o transporte orientado de Vila Verde para a escola, o que nos cria um problema. O casal tem uma criança do pré-escolar, outro do primeiro ciclo e outra no 2º ou 3 ciclo que querem estar todos juntos. Temos este problema do transporte que não está ajustado a estas novas realidades. Estamos permanentemente a ajustar e a resolver estes problemas”.

Interesse por Vila Verde
Questionado sobre os motivos que levam a haver cada vez mais famílias a escolher Vila Verde para viver, Manuel Lopes avança com uma justificação, mas, também, elenca um dos maiores problemas.

“Há muita gente a chegar a Braga, que está a ser um polo de atração muito significativo. No entanto, muita gente a residir em Braga viu uma oportunidade em Vila Verde. É atrativa em relação a Braga na aquisição de habitação, e houve muita gente a vir viver para cá. Nós já temos uma forte pressão sobre o mercado habitacional. Por um lado, não temos capacidade de resposta de casas à venda para todas as solicitações e por outro lado, há uma pressão enorme sobre o arrendamento. Começa a haver algumas situações de grandes dificuldades destas famílias de ter um local para habitar, até porque há oportunismos por parte de alguns senhorios, que sem escrúpulos começam a explorar do ponto de vista financeiro estas famílias que precisam de uma habitação”.

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