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‘Nome de família: Guimarães’ é o tronco da programação de 2024 da Casa da Memória

Entre fevereiro e abril, a Casa da Memória de Guimarães (CDMG) convida-nos a reforçar os elos e as relações que, de uma forma ou de outra, nos ligam desde há séculos. Seja sob o mote de um nome de família que nos é tão próximo (mas vai/chega longe) ou através de um “Remoinho” em torno dos saberes tradicionais que homenageia o pão e os moinhos.

“Nome de Família: Guimarães”, materializa-se no primeiro trimestre deste ano através de uma oficina de introdução à genealogia (10 e 17 fevereiro) e uma mesa redonda composta por historiadores e genealogistas (16 março).

Já o projeto “Remoinho” propõe-nos participar a 4 de fevereiro numa oficina de broa tradicional, seguida de uma palestra sobre moinhos, atividades que antecipam várias performances multiartísticas (entre poesia, música, teatro) com contributos das comunidades envolvidas que serão reveladas entre os meses de março e abril. Todas as atividades mencionadas destinam-se a ser vividas em comunidade e participadas gratuitamente.

O apelido “Guimarães” é assim o mote para uma “Oficina de Introdução à Genealogia” nos sábados 10 e 17 de fevereiro, às 15h00, na Casa da Memória, com o propósito de abordar a temática da genealogia ascendente, apresentando as metodologias e recursos necessários à construção de uma árvore genealógica, algo que sofreu grandes alterações nas últimas décadas, sobretudo com a introdução da digitalização dos arquivos públicos e do seu acesso através da Internet, democratizando a genealogia, outrora pretensão apenas das elites. Uma temática que permanece com grande importância ao longo dos séculos, não só porque as origens familiares tinham uma forte função simbólica, mas também pela ajuda a legitimar pretensões individuais e familiares ou a resolver problemas legais.

No sábado 16 de março, às 16h00, a Casa da Memória abre as portas e convida-nos para uma mesa redonda que põe ao centro “Os apelidos de Guimarães na origem e expansão”, composta por historiadores e genealogistas, para explorar a génese de alguns apelidos que tiveram origem no concelho de Guimarães; ou que, por diversas circunstâncias acabaram por se tornar apelidos vimaranenses, bem como a sua expansão durante as grandes navegações e posteriores vagos migratórias.

Estes serão os dois primeiros passos que marcam o arranque de uma ampla programação que gerará novas e sucessivas ações a decorrer na Casa da Memória de Guimarães nos meses que se seguem.

Percorrendo outros caminhos (e sabores) da programação da Casa da Memória, somos convidados a participar em atividades relacionadas com o “Remoinho”, um projeto de investigação e de celebração comunitária, em torno dos saberes tradicionais, que pretende homenagear o pão e os moinhos, tendo sido iniciado em 2023 e prosseguindo em 2024 com inclusão de oficinas, palestras e várias performances na Casa da Memória e no território de Guimarães.

Neste âmbito, surge no dia 4 de fevereiro (10h00) a oportunidade de participarmos numa oficina de broa tradicional, seguida de uma palestra sobre moinhos. Do milho semeado à masseira preenchida, ocupa-se o espaço de um tempo delicado e de ritmo. A chef Liliana e o chef Álvaro, do projeto Cor de Tangerina levantem a questão: “Que receitas permanecem no nosso território e são trazidas para a mesa?” Mote para aqui contarem a história atual destas receitas, compreendendo a herança de uma existência em transformação, com o objetivo de as podermos continuar a cozinhar e a comer pelos tempos adentro. De seguida, iremos ouvir uma palestra por Jorge Miranda, do projeto Etnoideia – Desenvolvimento Rural, Molinologia e Etnoturismo, sobre a história dos moinhos tão presentes no nosso território.

Nos meses que se seguem (março e abril), o “Remoinho” demonstrará grande dinâmica e vitalidade com quatro apresentações protagonizadas por diferentes manifestações artísticas e participantes. A 2 de março (sábado, 15h30), o Grupo Poetas do Selho, com Liliana Duarte, irá habitar um moinho e preenchê-lo com a forma de palavra, transformada em poesia, inspirada num gesto de ligação aos espaços que habitamos (ou precisamos de explorar), após recolha e partilha de informação técnica e memórias biográficas associadas aos mesmos.

Também em março, no dia 9 (17h00), abrem-se trilhos para explorar o som, conduzidos por Samuel Martins Coelho, que aqui propõe uma sonoplastia de imersão em lugares do esquecimento, do abandono e do espontâneo – como o rio que passa, da roda que ainda se movimenta para moer o grão, da vida que ainda existe além da sua função inicial – férteis em possibilidades infinitas de exploração sonora.

A 7 de abril, será a vez de Madalena Gonçalves e Luís de Almeida trazerem à Casa uma oficina e performance musical “Um Canto pelo Pão”, partilhando aqui outras narrativas de um processo onde a voz destes músicos ilustra e potencia o ciclo do pão. Um momento para conversar (e cantar) sobre “A que soa o pão?” e sentir e refletir sobre o que o pão é e sobre o que ele representa nas nossas histórias, e fazer-nos imaginar como será o pão no futuro, juntando assim um pequeno coro numa partilha grupal de exploração da voz que culminará numa apresentação final.

Sem perder o fôlego, o “Remoinho” traz-nos a 13 de abril “Voltas ao Pão – Assim se amassa, assim se peneira, assim se dá voltas ao pão na masseira” pela mão de Manuela Ferreira. Assim será esta performance realizada com a comunidade, explorando sentidos, objetos e pessoas num território pleno em memórias de moinhos e de confeção de pão, abrindo caminhos e novos contornos desse legado.

A participação é gratuita em todas as atividades mencionadas. A “Oficina de Introdução à Genealogia” (10 e 17 fevereiro) e a “Oficina de broa tradicional e palestra sobre moinhos” (4 fevereiro) carecem de inscrição prévia através do formulário online disponível em casadamemoria.pt, onde é possível consultar em detalhe toda a programação da Casa da Memória.

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