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Arquivo Municipal de Braga e PELE apresentam o percurso sonoro “Onde (não) estavam elas?”

No próximo 3 de outubro, estreia em Braga o percurso sonoro “Onde (não) estavam elas?”, uma criação da PELE em parceria com o Arquivo Municipal de Braga, que convida o público a refletir criticamente sobre a presença e ausência da figura feminina na história da Cidade.

Com cerca de 75 minutos de duração, o percurso leva os participantes por vários pontos simbólicos de Braga, onde estarão expostas fotografias históricas do Arquivo Municipal, acompanhadas por peças sonoras desenvolvidas ao longo de um processo colaborativo com a comunidade.

A criação deste projeto teve origem num trabalho de mediação cultural com o grupo sénior do Centro Social de Cunha, realizado entre maio e julho de 2025. Através da leitura e partilha em torno de imagens do Arquivo Municipal, surgiram testemunhos e experiências que expandem e questionam as narrativas visuais oficiais. Gravados e editados, estes relatos deram origem às peças sonoras que, em diálogo com as fotografias e os espaços da cidade, compõem o percurso.

Os encontros abordaram temáticas como o trabalho no campo e na cidade, a desigualdade no acesso à educação, as vivências femininas antes e depois do 25 de Abril, o casamento, os papéis de género e os estereótipos que atravessaram gerações. Ao integrar memórias orais nas propostas do Arquivo Municipal, o projeto enfrenta um dos maiores desafios da relação entre património arquivístico e participação comunitária: a ausência, nas imagens preservadas, de muitas realidades vividas pela população rural.

Assim, “Onde (não) estavam elas?” cria pontes entre diferentes vivências e tempos, enriquecendo a memória coletiva da cidade e contribuindo para um arquivo mais plural e inclusivo.

A programação inclui ainda a oficina “Retratos de Família”, que terá lugar a 4 de outubro, no Arquivo Municipal de Braga. Dirigida a famílias, esta atividade parte de retratos e registos sonoros do percurso para refletir sobre o que está presente e ausente nas fotografias familiares, entendidas como encenações marcadas pelos valores de cada época. Uma oportunidade única para adultos e crianças explorarem o espólio do Arquivo e reimaginarem-no criativamente à luz do presente.

Este projeto insere-se no programa MEMORAR – Mediação Cultural do Arquivo Municipal de Braga, reforçando o papel do Arquivo como espaço vivo de encontro, reflexão e criação em torno da memória coletiva.

Redação

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