“Só uma política informada pela ciência pode construir uma Europa resiliente”. A afirmação foi proferida, no Parlamento Europeu, em Bruxelas, pelo eurodeputado Hélder Sousa Silva, onde defendeu que o próximo QFP deve encarar a resiliência hídrica como “uma prioridade fundamental, um pilar central da adaptação climática, da coesão territorial e da competitividade da Europa a longo prazo”.
Na abertura do painel “Water Resilience”, no contexto do evento do Painel para o Futuro da Ciência e Tecnologia (STOA – o órgão do Parlamento Europeu que avalia as Opções Científicas e Tecnológicas) “From Science to Policy: Shaping a Sustainable and Competitive Europe”, o eurodeputado português começou por expor a situação de Portugal, que já enfrenta escassez grave e recorrente de água. Hélder Sousa Silva explicou que o Governo português está a dar resposta a este problema, através da Estratégia Nacional “Água que Une”, que promove a poupança de água, a redução do consumo e o reforço da governação. Porém o eurodeputado português alertou que “os desafios hídricos não param nas fronteiras”, defendendo da União Europeia “uma resposta coletiva, coordenada e firmemente ancorada”.
Recorrendo ao recente estudo do STOA “O futuro da disponibilidade e utilização da água na UE”, Hélder Sousa Silva mostrou que a escassez de água já afeta grande parte da Europa e irá intensificar-se com as alterações climáticas, com perdas económicas anuais de cerca de 9 mil milhões de euros. O estudo mostra ainda que algumas regiões já registam impactos em até 70 % da sua população, e que até os países tradicionalmente ricos em água enfrentam secas. Como tal, Hélder Sousa silva defendeu uma ação rápida e coerente da Europa: “a Europa precisa de previsão, inovação e investimento sustentado para construir as soluções”, afirmou.
Antes do painel, o eurodeputado Hélder Sousa Silva recebeu a Professora Phoebe Koundouri, uma das oradoras da sessão, através do MEP-Scientist Pairing Scheme do STOA, uma iniciativa que promove a aproximação entre decisores políticos e a comunidade científica. A economista, especialista em economia dos recursos hídricos e sustentabilidade, é reconhecida entre os 2% de cientistas mais influentes do mundo pela Universidade de Stanford e consultora de organismos como as Nações Unidas, G20, Banco Mundial e Comissão Europeia. O encontro proporcionou uma troca de perspetivas sobre soluções sustentáveis e inovação no setor da água, que inspirou o eurodeputado a sublinhar que “a inovação no setor da água pode apoiar tanto a sustentabilidade como a competitividade”, o tema central da sua intervenção no painel.
Explicando que a Estratégia Europeia de Resiliência Hídrica reflete esta realidade e aponta o caminho a seguir, restaurando o ciclo da água, garantindo o acesso a água potável a preços acessíveis e protegendo os cidadãos dos efeitos cada vez mais frequentes das secas, cheias e poluição, o eurodeputado alertou para a necessidade de envolvimento das pessoas. E explica: “Cidadãos informados conservam mais, desperdiçam menos e apoiam as decisões que reforçam a resiliência”.
Conseguindo encontrar uma oportunidade na necessidade de resiliência hídrica, o eurodeputado eleito pelo PSD explanou: “A Europa já é líder na gestão sustentável da água, em tecnologias avançadas de tratamento e em ferramentas digitais de monitorização e previsão. Ao aprofundar esta liderança, podemos forjar alianças estratégicas, reforçar a cooperação internacional e abrir novos mercados para a experiência europeia.” E continua: “A inovação no setor da água pode apoiar tanto a sustentabilidade como a competitividade, criando valor tanto para os cidadãos como para a indústria”.
Porém, segundo Hélder Sousa Silva, a esta estratégia é necessário adicionar investimento, pelo que o próximo Quadro Financeiro Plurianual 2028-2034 deverá refletir “a resiliência hídrica como uma prioridade fundamental, um pilar central da adaptação climática, da coesão territorial e da competitividade a longo prazo da Europa”. E pormenoriza: “Com financiamento específico e previsível, os Estados- membros, as regiões e as autoridades locais podem modernizar as infraestruturas, reduzir as perdas, ampliar as soluções baseadas na natureza, implementar tecnologias
inovadoras e garantir a proteção das comunidades vulneráveis”.
