O cancro do pulmão é a doença oncológica mais mortal em Portugal, responsável por cerca de 5077 mortes por ano¹. A nível mundial, causa mais de 1,8 milhões de vítimas², sendo a principal causa de morte por cancro. Em Portugal, não existe ainda um programa nacional de rastreio, apesar da recomendação da Comissão Europeia, que em 2022 apelou aos Estados-membros para a implementação de projetos-piloto associados a programas de cessação tabágica³.
É neste contexto que a Pulmonale e a Daiichi Sankyo levam a cabo uma ação nacional de sensibilização, sob o lema “Ao contrário do trânsito, o cancro do pulmão pode ser silencioso”. Este alerta estará a partir de hoje espelhado nos autocarros da Grande Lisboa e do Grande Porto, bem como nas plataformas digitais, com o objetivo de despertar consciências e levar a uma maior procura de informação sobre o cancro do pulmão.
A mensagem é clara: mesmo sem sintomas evidentes, pessoas com fatores de risco – fumadores, ex-fumadores, com elevada exposição à poluição ou histórico familiar – devem procurar o médico. O diagnóstico precoce salva vidas.
“O cancro do pulmão é silencioso, mas os números não mentem. Quando os dados sobem, o silêncio não pode ser opção”, afirma Isabel Magalhães, presidente da Pulmonale. “Continuamos a perder centenas de vidas por ano simplesmente porque a maioria dos casos é detetada tarde demais. A falta de rastreio estruturado e de literacia sobre fatores de risco está a custar tempo e o tempo, nesta doença, é vida.”
Apesar de o tabagismo continuar a ser o principal fator de risco, responsável por mais de 80% dos casos⁴, o que não pode ser desvalorizado, há outos indicadores que merecem atenção, nomeadamente, exposição a substâncias carcinogénicas (radon, amianto e outras) e a poluição atmosférica, especialmente em zonas urbanas⁵.
“A ausência de sintomas nas fases iniciais é o maior inimigo do diagnóstico precoce”, sublinha Fernanda Estevinho, oncologista e membro da direção da Pulmonale. “Muitos doentes não apresentam sinais evidentes, apesar de reunirem fatores de risco importantes. O médico de família é a primeira linha para avaliar e encaminhar e quanto mais cedo se chega, maior é a probabilidade de tratamento eficaz e de sobrevivência.”
A iniciativa aposta numa abordagem simbólica: “O trânsito faz barulho, mas o cancro do pulmão não e o silêncio pode adiar o diagnóstico.” Com um conceito criativo que contrapõe o ruído urbano à invisibilidade dos sintomas, visa mobilizar a sociedade para a vigilância precoce e reforçar o papel do rastreio na redução da mortalidade, que pode ser de, pelo menos, 20% quando a doença é detetada em fase inicial⁶.
“Queremos que cada fator de risco seja levado a sério. Queremos que o medo dê lugar à ação. E queremos que Portugal avance para um rastreio nacional que salve vidas”, conclui Isabel Magalhães.
