Quatro anos para Amares ter um campo de golfe

Um campo de Golfe. Residências familiares. Um hotel. Um bar. Uma academia de aprendizagem. São estas as principais construções que irão ocupar cerca de 46 hectares de terrenos entre as freguesias de Barreiros, Prozelo e Carrazedo. Um projeto de 81 milhões de euros pronto no máximo em sete anos. Estão previstos campos de padel e de ténis.

Situado numa propriedade designada por Quinta da Ribeira e alguns terrenos adjacentes, vai nascer um empreendimento turístico do qual faz parte um campo de golfe de nove buracos de nível internacional, incluindo uma academia de treino e ensino.

A área total disponível abrange uma ampla área integrando a Quinta da Ribeira, uma parte do Solar das Bouças e uma parte dos terrenos dos ‘Irmãos Eusébios’, totalizando cerca de 80 hectares de área. O tempo para a construção da totalidade do complexo é de 7 anos, prevendo-se que a construção do campo de golfe e uma das urbanizações esteja concluída nos primeiros quatro anos.

O campo de golfe de nove buracos terá associado 90 mil m2 de construção/reabilitação. Terá três entradas com respetivas portarias; será reabilitada e ampliada a casa da Quinta da Ribeira adaptando-a a um clube residencial; o núcleo rural existente será reabilitado com função de alojamento; a Casa da Giesta será transformada em bar/lounge; uma nova unidade hoteleira será construída de raiz bem como uma academia/club house com respetivo parque de estacionamento; haverá, ainda, pavilhões de apoio logístico.

O projeto prevê ainda a construção de um equipamento constituído por campo de padel e ténis e respetivos balneários.

Acessibilidades
O acesso será feito pela Nacional 205 e pela Municipal 568. A Academia e urbanizações próximas terão duas entradas: uma a partir da N205 e outra da M568. A sul desta última vai ser reabilitada a entrada de acesso ao núcleo rural pré-existente.

A nascente irá existir uma entrada, a partir da M568, dedicada ao hotel, clube residencial e áreas residenciais envolventes. A norte, junto ao núcleo residencial de Quintães (Carrazedo), irá existir uma entrada logística para o campo de golfe.

Cinco Urbanizações
Em toda a área, o promotor do campo de golfe prevê construir cinco urbanizações. A chamada Urbanização 1. que terá acesso a partir do novo arruamento de ligação à N205.

Além de uma área desportiva, prevê a construção de moradias unifamiliares em banda, geminadas e isoladas. Esta urbanização prevê também uma ligação automóvel à academia e urbanização dois. Está prevista a recuperação de uma habitação existente para a instalação de um bar de apoio.

A urbanização dois, com entrada a partir da M568, prevê a construção de moradias isoladas e do equipamento principal do campo de golfe e academia, e a construção de um parque de estacionamento.

Na urbanização três, com entrada a nascente a partir da M 568, dará acesso ao hotel, ao um clube residencial e às zonas residenciais.

Na urbanização quatro, com a entrada coincidente com a anterior, destina-se à construção de edifícios de habitação coletiva.

Finalmente, a urbanização cinco, estando na proximidade do campo de golfe é caraterizada pela continuidade do tipo de ocupação do edificado envolvente, e constitui a entrada principal e fundamental para o apoio logístico do campo de golfe, para o que estão previstas a construção de edifícios adaptados à função e uma área ampla de horto.

Campo de Golfe
“Permite um campo de golfe sem desníveis exagerados, sendo que a caminhada no jogo não será desgastante para os utentes”, refere fonte do processo ao ‘Terras do Homem’, acrescentando que “uma das nossas particularidades será a utilização estratégica dos desníveis do terreno, utilizando a precisão como filosofia de jogo”.

O processo para a criação de um campo de golfe em Amares parte da iniciativa de António Ressurreição, presidente do clube de golfe de Braga, com o objetivo de desenvolver a modalidade e de dotar o clube desta infraestrutura.

“Depois de vários estudos de possibilidades de desenvolver um campo, em terrenos próprios e adjacentes, acabamos por chegar a esta solução, em Amares”, refere fonte ligada ao processo.

O campo será concebido de forma a proteger e valorizar os valores ambientais. A drenagem dos greens será encaminhada para caixas de monitorização e, se necessário, encaminhada para unidades de tratamento de águas. O equipamento de manutenção permitirá um sistema de operações que privilegiarão os métodos mecânicos em detrimento dos químicos.

Os carrinhos de golfe, conhecidos como buggies, serão elétricos e os caminhos de golfe e serviço não serão impermeabilizados sendo o mais naturalizados possível, tipo saibro.

Buracos
O trajeto dos buracos foi estudado para conseguir uma boa adaptação à topografia do terreno, tentando evitar movimentos de terra supérfluos. A ideia é ter buracos variados em estratégia, esteticamente conseguidos e com ângulos de jogo em quase todas as direções.

As distâncias entre greens e os tees (início) do buraco seguinte são, em geral, curtas e o percurso, não apresenta problemas de segurança, nem relativamente a outros buracos, nem para as zonas adjacentes.

A variada localização dos conjuntos de tees permite modificar as distâncias de jogo de cada buraco adaptando-se ao nível de cada jogador ou situação, possibilitando a este campo uma grande flexibilidade em termos de dificuldade.

Um lago vai ser adicionado e um já existente será reabilitado, ligando à linha de água e construções existentes a restaurar.

“Há dois elementos fundamentais quando se fala de campos de golfe: a execução do layout do campo ou plano de percurso e a modelação artística do terreno que no fundo, cria o interesse desportivo da modalidade”, refere a mesma fonte.

Irrigação
O sistema de rega automático por aspersão, vai cobrir todas as zonas relvados do campo. No sistema de rega haverá um controle de cada aspersor individualmente nos greens e cada dois nos fairways (parte mais verde e mais cortada junto aos buracos) para permitir a otimização dos tempos de rega segundo as necessidades pontuais.

O sistema de rega será gerido por um computador central que ditará os tempos e os locais de rega segundos diferentes programações.

“Uma manutenção ideal é aquela que aplica a quantidade mínima necessária de água e de outros produtos. O crescimento é controlado para manter os relvados saudáveis evitando consumos de combustíveis em maquinaria de corte. É isto o economicamente desejável e perfeito em termos ambientais”.

“Campo de golfe irá permitir criar mais emprego e fixar população”

O projeto para a criação de um campo de golfe em Amares foi desenvolvido por promotor e por uma equipa multidisciplinar que durante 18 meses desenvolveram um estudo para a construção da infraestrutura desportiva.

O futuro campo de golfe pretende ser uma infraestrutura âncora no concelho, e tem como principais objetivos o desenvolvimento da modalidade, mas também o progresso socioeconómico da região.

Para a realização deste equipamento será necessária a alteração do PDM na área de intervenção por forma a permitir a construção de uma componente edificada associada ao campo de golfe, e que “é essencial para a sua viabilidade e sustentabilidade económica”, refere o promotor.

“É conhecida e consabida a vocação do executivo autárquico pela promoção do território de Amares no seu contexto periférico, procurando assim criar condições para combater a baixa natalidade. Perante o cenário de decréscimo natural da população, é preciso cativar aqueles que não nasceram no concelho, mas que o possam escolher para os seus projetos de vida”, refere Paulo Cunha, em representação do promotor.

E vai mais longe: “sem descurar a colocação do território nos escaparates internacionais, dando-lhe visibilidade além fronteiras e potenciando a vinda de turistas em contextos vários, como as ‘short breaks’, de dimensão efémera e curto proveito para os atores comerciais do território, é preciso convencer os que estão mais próximos de nós e nos podem escolher para fixar residência, atraídos pela qualidade das nossas propostas, sem que isso signifique migrar, muito menos emigrar, mudar de contextos e enquadramentos profissionais, permitindo o que podemos apelidar de ‘melhor de dois mundos’”.

Por isso, para Paulo Cunha, este projeto “pretende ser, um elemento diferenciador do território, colocando um considerável padrão de qualidade de vida em formato acessível à população que vive e trabalha em contextos de proximidade e cuja fruição não pressupõe a alteração dos seus modos e rotinas de vida, daquelas que, em cada vez maior número, elegem este desporto para sua prática habitual, podendo fazê-lo no mesmo complexo que o habitam”.

O projeto pretende mudar, qualificando, os padrões de vida dos cidadãos de Amares, “não só pelo retorno ao nível do dinamismo económico e multicultural, mas essencialmente porque através da prática desportiva terão acesso a um patamar de vida comunitária de maior qualidade”.

Proveitos
Para o representante do promotor, são incomensuráveis os proveitos para os amarenses, “na promoção de novas atividades económicas, centradas na qualidade do complexo turístico e habitacional a implementar. Gerador de centenas de postos de trabalho diretos e indiretos, atraindo a fixação no concelho de empresas vocacionadas para fornecer bens e serviços em áreas tão diversas como o golfe e a hotelaria, entre muitos outros”.

A sustentabilidade é outro dos aspetos que o projeto levará em conta, com construções de muito baixo impacto na envolvente, de baixíssima densidade. Elementos contruídos outrora associados à atividade agroindustrial, nomeadamente na Quinta da Ribeira, serão eliminados. As linhas de água serão repostas e os focos de poluição ambiental eliminados.

Desde o campo de golfe à unidade hoteleira passando pelo complexo residencial vão respeitar as caraterísticas do terreno.

O complexo vai fomentar o desporto, nas vertentes da aprendizagem, da prática recreativa e competitiva permitindo criar uma nova imagem de marca para Amares como destino de golfe.