China tem 8 milhões de cegos, mas apenas 200 cães-guia e há uma razão
A China tem 8 milhões de cegos, mas apenas 200 cães-guia. As cidades populosas, as vias não adaptadas, as poucas escolas de treino e a própria população são entraves à existência destes companheiros (e verdadeiros ajudantes) de quatro patas.
De acordo com a emissora estatal CCTV, a China tem apenas cerca de 200 cães-guias ao serviço até abril – um número que torna estes animais ainda mais raros do que os pandas gigantes. Mas a escassez de cães-guia é ainda mais notória se considerarmos o grande número de pessoas que poderiam beneficiar da ajuda destes amigos de quatro patas.
A Associação Chinesa de Cegos estima que a população com deficiência visual seja superior a 17 milhões. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), oito milhões de chineses são completamente cegos.
Andar pelas cidades chinesas pode ser uma tarefa complicada para os invisuais, tanto que os desencoraja a sair de casa, escreve a CNN. Estradas com várias vias, inúmeras passadeiras e túneis fazem com que os cegos sintam um “medo constante” de se locomover pelas cidades chinesas.
Em Pequim, por exemplo, nem todas as travessias pedestres têm sinais de trânsito audíveis para cegos e mesmo quando as instalações de acessibilidade estão instaladas, por vezes não atendem ao seu propósito.
A má conservação das estradas representa outro perigo, com várias tampas de saneamento a serem roubadas para serem posteriormente vendidas em sucatas.
Na China há também muito poucas escolas de treino de cães-guia. Fundado em 2006, o centro de treino de cães-guia de Dalian foi o primeiro deste tipo no país – mas já existiam instalações semelhantes um pouco por todo o mundo. Aliás, a primeira escola de cães-guia do mundo foi fundada durante a I Guerra Mundial, na Alemanha.
Atualmente, este centro tem 100 cães em diferentes fases de treino. Os animais – principalmente Golden Retrievers e Labradores, devido à sua natureza amigável – são enviados para famílias adotivas durante um ano para aprenderem a conviver com humanos, antes de voltarem ao centro para mais um ano de treino profissional. É um processo demorado e rigoroso.
A falta de financiamento é uma das principais restrições para as escolas de cães-guia da China. Como uma organização sem fins lucrativos, o centro de Dalian dá cães-guia aos candidatos de forma gratuita, mas cada animal custa cerca de 200.000 yuans (30.353 dólares) para treinar.
Um outro entrave é a própria população, apesar de nos últimos anos ter mostrado maior abertura. Os cães são permitidos em metros, autocarros e comboios, especialmente em cidades de primeira linha, como Pequim, Xangai e Shenzhen. No entanto, há cidades chinesas que ainda têm um longo caminho a percorrer.
Existem também muitos hotéis que ainda não aceitam cães-guia a viajar de avião com estes animais pode ser um verdadeiro pesadelo burocrático. Mesmo que o cão tenha uma autorização de trabalho válida e um certificado de vacina adequado, muitas companhias aéreas exigem um certificado de saúde separado – muitas vezes difícil de obter.
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