CURIOSIDADES

Em Nápoles, a máfia proibiu as ambulâncias de ligar as sirenes porque atrapalham o negócio

Os condutores de ambulâncias na cidade italiana de Nápoles estão a exigir proteção policial, depois de terem sido ameaçados pela máfia. O problema? As sirenes e as luzes intermitentes dos veículos atrapalham o negócio.

O mais recente ataque aconteceu no passado sábado, quando uma das ambulâncias passou pelo Quartieri Spagnoli, um dos bairros mais movimentados de Nápoles, e dois homens abordaram o condutor do veículo.

“Já não sabes que aqui não podes usar a sirene? Desliga-a ou disparo“, disse um dos suspeitos, segundo o relato feito pelo grupo Nessuno Tocchi Ippocrate na sua página de Facebook.

O motorista da ambulância, assustado, alertou imediatamente a polícia, enquanto toda a equipa médica se tornou “refém do bairro, sem poder mover-se”, uma vez que os homens patrulhavam a área incessantemente. A ambulância só conseguiu sair daquela zona escoltada pelas forças de segurança.

Segundo o canal estatal russo RT, este é um dos vários episódios que têm sido perpetrados por membros da Camorra, organização criminosa napolitana aliada à máfia siciliana, que proibiram os paramédicos de ligar as sirenes e as luzes intermitentes das ambulâncias em certos bairros da cidade.

Os elementos da máfia consideram que a passagem das ambulâncias atrapalha o negócio, sobretudo do tráfico de droga, uma vez que o barulho e as luzes destes veículos, muito parecidos com os da polícia, os assusta e os obriga a fugir.

Além disso, às vezes são também os próprios familiares dos pacientes que atacam estes profissionais de saúde. Dias depois, a mesma ambulância que tinha sido atacada foi vítima da raiva dos parentes de um homem, de 71 anos, que acabou por morrer de paragem cardíaca antes da chegada dos paramédicos.

A equipa foi recebida no local com agressões, tanto verbais como físicas, e um dos atacantes abriu a porta da ambulância com um isqueiro na mão, tendo ameaçado incendiar o veículo.

Em declarações ao jornal The Times, o médico Manuel Ruggiero, presidente desta organização, contou que, nos últimos três anos, ocorreram 300 incidentes deste tipo. O responsável acrescentou que a violência contra estes profissionais de saúde não para de aumentar porque “só há 17 ambulâncias em toda a cidade para um milhão de pessoas”, situação que muitas vezes impossibilita as equipas de chegarem a tempo.

Filipa Mesquita, ZAP //

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