GNR repôs barreiras na fronteira para desespero dos trabalhadores transfronteiriços
A GNR de Viana do Castelo repôs as barreiras com grades, na fronteira improvisada da Madalena, em Lindoso, Ponte da Barca, durante a tarde de ontem, domingo, poucas horas após a Câmara Municipal de Ponte da Barca, simbolicamente, ter retirado as grades que colocara recentemente.
As enormes placas de cimento armado, pesando várias toneladas cada uma, são o principal obstáculo à passagem, somente possível a pé, de bicicleta ou de moto, mas até estes a GNR também impede a passagem, o que está a revoltar a população, conforme o Terras do Homem constatou ao longo de toda a tarde de ontem.
Diversas forças, do Destacamento de Intervenção do Comando de Viana do Castelo, do Destacamento de Arcos de Valdevez e do Posto de Ponte da Barca da GNR durante toda a tarde deste domingo estiveram sempre na fronteira da Madalena, tendo reforçado o controlo com sucessivos patrulhamentos na Estrada Nacional 203, incluindo patrulhas da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da Guarda Nacional Republicana.
Depois de uma presença ostensiva, colocando a carrinha do Destacamento de Intervenção atravessada em plena Estrada Nacional 203, a presença de jornalistas levou a que a GNR enviasse este corpo de choque para um local discreto nas suas imediações, escondendo o carro patrulha atrás do antigo edifício alfandegário da Madalena, na freguesia de Lindoso, como testemunhou o Terras do Homem.
600 quilómetros para ir trabalhar todos os dias
Tal como tem vindo a ser denunciado publicamente, trabalhadores transfronteiriços têm que percorrer cerca de 600 quilómetros (quase o equivalente a uma ida e volta a Lisboa) para irem trabalhar todos os dias, se forem pela fronteira de Valença do Minho, onde nem com declarações autenticadas emitidas pelas suas entidades patronais, às vezes é fácil passar.
O presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca, Augusto Marinho, tem defendido o controlo fronteiriço pela Madalena com forças da GNR, a fim de permitir que as pessoas possam ir todos os dias trabalhar, entre o distrito de Viana do Castelo e a Província de Ourense, acusando o Governo de apenas ter aberto exceções em concelhos de autarquias socialistas, o que não é o caso do seu município.
Portugueses arriscam a vida
Entretanto, os trabalhadores transfronteiriços, receando perder o trabalho, continuam a utilizar a antiga rota do contrabando, arriscando a vida. Um desses trabalhadores esteve prestes a morrer afogado, tendo sido salvo por camaradas de jornada, segundo foi denunciado por um empresário, Francisco Araújo, que acompanhou os protestos liderados pelo autarca de Ponte da Barca.
Na região raiana vive-se um clima de medo permanentemente, dado o policiamento constante da GNR, lembrando outros tempos.