CURIOSIDADES

200 anos após a derrota de Napoleão, a Rússia e a França enterraram os seus soldados

No ano do bicentenário da morte de Napoleão, os restos mortais dos soldados russos e franceses, que morreram durante a retirada da Rússia em 1812, foram enterrados perto do campo de batalha de Viazma, num momento incomum de unidade entre os dois países.

No último sábado, debaixo da neve e de temperaturas a rondar os -15 graus Celsius, os restos mortais de 120 soldados foram distribuídos em 8 caixões – cobertos com as bandeiras dos dois países – e enterrados ao som de uma saudação de canhão e na presença de cerca de 100 figurantes vestidos com trajes de época e dos descendentes de grandes chefes militares russos e franceses do século XIX.

Os corpos agora enterrados foram encontrados numa fossa comum entre Smolensk e Moscovo.

Entre os 120 corpos encontrados estão os de três mulheres, que provavelmente acompanharam os seus maridos durante a batalha, e os de três adolescentes. Acredita-se que todos morreram durante a batalha de Viazma.

A cerimónia deste sábado realizou-se em Viazma, cerca de 200 km ao oeste de Moscovo, e reflete um momento de unidade. numa altura em que as relações entre a Rússia e o Ocidente se encontram bastante tensas.

“A morte coloca todos em pé de igualdade: todos estão no mesmo túmulo”, afirmou Yulia Khitrovo, de 74 anos, descendente do general-chefe do czar, Mikhail Kutuzov.

“Emociona-me muito estar presente nesta cerimónia, símbolo do respeito mútuo das partes”, declarou à AFP o príncipe Joachim Murat, familiar do famoso marechal de Napoleão.

Pierre Malinowski, presidente da Fundação para o Desenvolvimento de Iniciativas Históricas franco-russas, e promotor do evento, agradeceu a presença dos familiares e “descendentes diretos dos principais atores do conflito” que juntos homenageiam estes soldados, “dirigidos pelos seus antepassados”.

Os restos mortais foram desenterrados em 2019 por uma equipa de arqueólogos russos e franceses, no sudoeste de Viazma, uma cidade com apenas 52 mil habitantes.

Vários historiadores acreditavam que esta era uma das muitas fossas comuns da Segunda Guerra Mundial, mas uma análise de especialistas da Academia de Ciências russa concluiu que se tratavam de vítimas de Napoleão, explicou à AFP a antropóloga Tatiana Chvedchikova.

A campanha de Napoleão na Rússia, conhecida neste país como a Guerra Patriótica de 1812, opôs 650 mil soldados gauleses a 900 mil russos. O conflito fez quase 400 mil mortos entre os franceses e cerca de 210 mil mortos nas hostes russas.

ZAP //

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