Relatório do governo dos EUA deixa mistério dos OVNIs por resolver
Ansiosamente aguardado por poder conter as primeiras provas sobre existência de OVNIs, um relatório do Governo norte-americano, hoje divulgado, deixa diversas pistas e interrogações para investigação futura, mas sem acrescentar ao debate da existência de vida extraterrestre.
Na revisão de 144 casos de avistamentos de aeronaves ou outros dispositivos voando a velocidades ou em trajetórias misteriosas – que correspondem ao padrão de Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs) – as autoridades norte-americanas não encontraram ligações extraterrestres.
Em todos os avistamentos investigados, exceto um, havia muito pouca informação para os investigadores caracterizarem amplamente a natureza do incidente, refere o relatório.
Houve ainda 18 casos em que as testemunhas viram padrões “incomuns” de movimento ou características de voo, mas o relatório sustenta serem necessários mais dados para determinar se esses avistamentos representam uma tecnologia “revolucionária”.
Saindo do domínio da ficção científica, o assunto dos OVNIs tem atraído, nos últimos anos, estudos sérios do Pentágono e de agências de inteligência e é cada vez mais visto por democratas e republicanos como uma preocupação de segurança nacional.
A perspetiva de um rival estratégico, como a China ou Rússia, realizar espionagem com tecnologia desconhecida alarmou legisladores de ambas as partes, levando o Congresso a pedir o relatório hoje apresentado.
Apesar de inconclusivo, o relatório é visto como um marco no estudo do tema.
Fontes do Governo norte-americano afirmaram à comunicação social, sob condição de anonimato, que “não havia indicações claras” de que os avistamentos pudessem estar ligados a vida extraterrestre, nem de uma ligação definitiva dos mesmos com tecnologia potencialmente desconhecida de um adversário como a Rússia ou a China.
O relatório foi publicado online e entregue aos comités de inteligência da Câmara e do Senado com um anexo confidencial. Os legisladores receberam um briefing na semana passada sobre a investigação.
Uma fonte que participou neste briefing confidencial disse à AP sob condição de anonimato que os legisladores receberam poucas informações além do que está disponível publicamente e que os únicos vídeos exibidos já foram divulgados.
O relatório lista cinco categorias potenciais do que o governo chama de “fenómenos aéreos não identificados” (UAP, na sigla em inglês), incluindo a possibilidade de adversários estrangeiros usarem tecnologia desconhecida ou fenómenos que ocorrem naturalmente na atmosfera.
Apenas um foi categoricamente classificado, como “distúrbio aeronáutico” – identificado um grande balão esvaziando. Os demais não estão categorizados por falta de informação, incluindo três casos de avistamentos potenciais capturados em vídeos que foram desclassificados e lançados nos últimos anos.
O Departamento de Defesa desenvolverá nos próximos três meses uma nova estratégia para recolher e rastrear informações sobre possíveis avistamentos. Parte do esforço de coleta de dados é retirar o estigma associado aos UAPs e forçar os pilotos a relatar o que veem, mesmo que tal seja implausível.
O senador Marco Rubio, que como o principal republicano no Comité de Inteligência do Senado há muito pressiona por mais divulgação sobre os UAPs, chamou o relatório de “um primeiro passo importante para catalogar esses incidentes”.
“O Departamento de Defesa e a Comunidade de Inteligência têm muito trabalho a fazer antes de podermos realmente entender se essas ameaças aéreas representam um sério problema de segurança nacional”, disse Rubio em comunicado.