Dukha, os últimos pastores de renas da Mongólia, temem o seu fim
Os Dukha e as suas renas estão sob ameaça. As alterações climáticas estão a levar à queda da população destes animais, que afeta a subsistência desta tribo mongol.
Os Dukha são uma tribo da remota vila mongol de Tsataan, que fica a sete dias de viagem da capital Ulan Bator. Esta tribo nómada de pastores de renas acredita que existe um contacto espiritual com todos os seres vivos.
Apenas restam algumas centenas no norte da Mongólia, escreve o The New York Times. As suas vidas giram em torno das suas renas domesticadas, que lhes fornecem leite (usado no chá, para fazer iogurte e queijo), couro e meio de transporte.
Os míticos chifres destes animais são removidos e vendidos para uso em medicamentos e suplementos dietéticos.
Nos últimos anos, os Dukha movem as renas quase todos os meses. “Na verdade, nós seguimo-las”, explicou Uwugdorj Delger, de 66 anos, ouvido pelo jornal norte-americano. “As renas são mais espertas do que nós”.
Agora, os ciclos de chuva e neve estão a mudar. O clima na região tornou-se mais imprevisível. O líquen, o alimento base das renas, é altamente vulnerável a alterações climáticas. Assim, a população de renas tem vindo a cair.
“Se perdermos os nossos animais, perdemos tudo”, disse Darima Delger, de 64 anos, ao Times.
Os Dukha são originários da região de Tuva, na Rússia. Tuva foi durante muitos anos um país independente, até ser anexado pela União Soviética em 1944. Depois, os Dukha sofreram várias tentativas de apagar a sua identidade, levando à sua fuga para a Mongólia.
“Queríamos escapar das pessoas que nos proibiram de viver na taiga [a maior floresta do mundo]”, disse uma outra mulher ouvida pelo The New York Times.
Uwugdorj realça que o clima está a mudar. Desde a década de 1940, a temperatura média nas florestas boreais da Mongólia aumentou cerca de 2,2 graus Celsius, mais do que o dobro da média global.
“Não somos estátuas num museu”, disse Uwugdorj. “Somos como as nossas renas: em movimento”.
Daniel Costa, ZAP //