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Julgado alemão que violou jovem compatriota e deixou algemada a uma árvore no Gerês

O cadastrado alemão acusado de violar uma jovem compatriota, que deixou algemada a uma árvore onde abusou sexualmente, nas imediações da vila termal do Gerês, em Terras de Bouro será julgado, no Palácio da Justiça de Braga, por um crime de tentativa de homicídio.

O homem deixou a vítima abandonada e amarrada num terreno nas proximidades do campo de futebol do Gerês. A mulher conseguiu libertar-se ao fim de sete horas, ficando com os pulsos lacerados, e à sorte de lobos ou outros animais.

Gerhard Branz, eletricista de profissão, dedicava-se igualmente a roubos e a burlas, fazendo-se passar por terapeuta, uma falsa qualidade laboral, que teria sido decisiva para, ainda na Alemanha, ter convencido a jovem e o namorado a manterem relações sexuais à sua frente.

Quando veio para o Gerês sozinho com a jovem insistiu que os seus atos sexuais com a jovem faziam parte da terapia. A mulher resistiu e acabou por ser violada, primeiro numa casa de alojamento rural no Gerês e depois junto da referida árvore.

Acusado pelos crimes de homicídio, na forma tentada, sequestro, abuso sexual de pessoa incapaz de resistência e burla informática, o cadastrado por assaltos, Gerhard Branz, com 56 anos, está detido preventivamente, no Estabelecimento Prisional de Braga e vai responder por vários crimes.

A Polícia Judiciária e a BKA alemã detiveram o alemão, em janeiro deste ano, na Alemanha, ficando em prisão preventiva e acusado por crimes de tentativa de homicídio, sequestro, abuso sexual de pessoa incapaz de resistência e burla informática.

Através da investigação criminal que demorou quase dois anos, uma vez que não se sabia quem era o suspeito, nem outros dados identificativos, o trabalho de sapa da Diretoria do Norte da Polícia Judiciária, auxiliada pela congénere alemã, BKA, conseguiu a detenção com ampla prova comprometedora em relação aos vários crimes.

O detido, que será julgado pelo Tribunal Criminal de Braga, foi encontrado na cidade alemã de Duisburg, e não teve tempo de reagir, numa operação da BKA e que contou com a presença de inspetores da Secção Regional de Combate a Terrorismo e a Banditismo, da PJ do Norte.

Momentos de terror
Tal como o ‘Terras do Homem’ noticiou, a jovem, de 28 anos, também de nacionalidade alemã, veio para Portugal acompanhando o cadastrado, depois de se ter zangado com seu namorado, também alemão.
Inicialmente estava previsto viajarem para Sevilha, mas Gerhard Branz acabaria por vir sozinho de carro com a vítima para o Gerês.

Num clima de miséria e de precariedade, com a promessa de ser ajudada, eventualmente com um trabalho em Portugal, acabaria por cair nas ‘garras’ do cadastrado, que se aproveitou da vulnerabilidade psíquica da jovem (sofre de perturbações mentais) para a realização dos crimes, como refere a acusação do Ministério Público.

Hospedados numa casa de turismo rural, na vila termal do Gerês, em Terras de Bouro, foi a jovem convencida pelo compatriota a desfrutar “momentos de intimidade” em ambiente serrano, acabando por, durante o dia 15 de fevereiro de 2019, ser abandonada à sua triste sorte, com os olhos vendados, amordaçada, com algemas, presa em redor de um tronco de árvore, sujeita às baixas temperaturas e a ser atacada e morta por animais selvagens.

Foi descoberta por acaso, enquanto o indivíduo fugiu com os cartões bancários da vítima, tendo, inclusive, realizado vários levantamentos.

Sevícias sexuais “indescritíveis”
A jovem alemã, antes de abandonada pelo compatriota, e quanto estava amarrada, foi sujeita a sevícias sexuais, que classificou como “indiscritíveis”, tendo recebido tratamento psicológico adequado, já depois da intervenção da GNR do Gerês e da Polícia Judiciária.

A vítima, presa a uma árvore, conseguiu salvar-se porque com o aproximar da noite gritou, incessantemente, até ser ouvida por futebolistas do Grupo Desportivo do Gerês, que a 500 metros faziam o seu treino habitual.

Apanhado na Alemanha
O mandado de detenção europeu foi cumprido pelos canais da Europol. Caso venha a ser condenado, Gerhard Branz, cumprirá a sua pena de prisão na Alemanha, segundo as regras de reciprocidade europeias, ratificadas entre os dois países.

Em declarações ao Terras do Homem, o à data responsável pela Diretoria do Norte da PJ, Norberto Martins, agora procurador-geral regional do Norte do Ministério Público, foi muito elogioso quanto “à colaboração permanente das autoridades alemãs” com a Polícia Judiciária, que “mesmo numa época de pandemia mundial nunca se pouparam a esforços, assim como os nossos investigadores, não esmoreceram em momento algum, através de um trabalho de sapa, permitindo que os crimes com tanta gravidade não fiquem impunes”.

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