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Duas jovens aprendem costura na Galeria de Artes de Amares

Kauany e Cristiana estão durante o mês de junho a adquirir mais conhecimentos na área da costura na Galeria de Artes de Amares. Alunas da área da moda, as duas residentes no concelho estiveram envolvidas na confeção dos trajes das marchas populares e na modelagem, recorte e colagem de manjericos que decoram a Galeria.

A experiência das duas ainda é muito insípida e, por isso, Conceição Gonçalves, a responsável pela Galeria e a sua monitora, quis que elas passassem por todas as áreas relacionadas com esta matéria: “um mês é pouco, mas como a ideia é que voltem no futuro, a aprendizagem pode ser mais consolidada”.

Kauany Silva residente em Figueiredo e tal como a sua colega Cristiana Costa de Barreiros está a tirar o curso de técnico de designer de moda. As duas gostavam de trabalhar dentro da moda e veem a passagem pela Galeria como “uma mais-valia. Temos muito pouco experiência e aqui conseguimos ter uma perspetiva mais abrangente do que poderemos vir a fazer”.

Começaram por fazer cortes, cozer à mão, tirar moldes, aprender a mexer na máquina foram algumas tarefas que desenvolveram, todos os dias, durante o mês de junho. “A galeria está aberta à população e queremos que as pessoas venham cá. Por isso, quem quiser aprender costura, a fazer bordados, novos ou menos novos, nós temos a porta aberta e queremos ensinar”, refere Conceição Gonçalves.

Já há uma turma de trabalhos manuais que uma tarde por semana se junta para trocar ideias, partilhar experiências e “aprendem sempre qualquer coisa”. “Como temos sempre muitas ideias e vamos fazendo eventos ao longo do ano, essa turma, também, vai trabalhando em função disso”.

Costura em declínio ou a renascer?
Com a crise económica a crescer, com a necessidade de prolongar o tempo de vida de uma peça de vestuário, a verdade é que a costura ou a reciclagem de moda começam a ter alguma procura. Conceição Gonçalves reconhece que é uma área ainda pouco explorada sobretudo, pelos mais novos, mas com um enorme potencial no futuro.

“No entanto, há pessoas que estão a virar-se, novamente, para a costura e para a reciclagem de roupa mais como necessidade, tendo que as peças durem o mais tempo possível”. Se em Amares, esta realidade, ainda está no início, noutros pontos do país e até do globo, a costura está a renascer, sobretudo, a alta costura.

Para a vereadora da cultura, Cidália Abreu “a nossa ideia é dar continuidade a estas ‘oficinas de trabalhos manuais’, atendendo quer à procura desta resposta por algumas pessoas, quer ao facto de consideramos que é nossa obrigação mantermos vivos alguns ofícios e artes que tanto contribuíram e continuam a ser muito importantes enquanto referência da nossa cultura”.

Um estudo efetuado, recentemente, dá conta que o regresso a esta arte em 52,4% seria por ter a oportunidade de ter um horário flexível, 47,6% devido ao salário ser maior, 42,9% pela oportunidade de crescimento, 38,1% pelos benefícios, 23,8% pelo ambiente de trabalho (relacionamento com colegas, com chefia), 19% pelas condições de trabalho (equipamentos, recursos, ergonomia, etc), 14,3% pela distância da sua residência, 9,5% pelo reconhecimento, 9,5% por ser seu sonho, 4,8% por fazer suas próprias roupas e 4,8% por querer sua própria empresa.

Balanço positivo
A vereadora da cultura da câmara de Amares faz “um balanço extremamente positivo” dos primeiros meses da ‘nova’ Galeria. “Temos tido muita gente a visitar a galeria e há quem ligue para marcar”, refere Cidália Abreu, realçando que “o formato que criamos é, sem dúvida, uma aposta ganha”.

“Já foram realizadas 9 exposições: a de Natal, a dos cravos de abril, a dos pastorinhos, a do dia dos namorados, a dos jogos lúdicos, a dos vinhos verdes, a da cozinha regional, a dos maios e a dos Santos populares. Durante estes meses, a Galeria de Artes e Ofícios foi visitada por mais de 2000 mil pessoas, o que nos deixa muitíssimo satisfeitos”, revela a Vereadora.

Segundo Cidália Abreu, este novo formato da Galeria “está a corresponder às expetativas, pois para além do número de visitas ser muito significativo, o feedback tem sido muitíssimo bom, sendo possível perceber que as pessoas estão bastante agradadas com a dinâmica implementada na Galeria”.

As pessoas “apreciam imenso a valorização e promoção que tem sido feita em torno dos costumes, da cultura e das artes e ofícios do nosso território. Todo o trabalho desenvolvido até ao momento prioriza acima de tudo a preservação da identidade das nossas gentes e do Concelho de Amares”.

Por isso, importa realçar que neste momento estão expostos e à venda produtos regionais fabricados e produzidos no Concelho, “o que nos permite afirmar que neste momento a Galeria para além de ser um espaço de exposições, é também um ponto de referência para divulgação e promoção cultural, artística e turística do nosso Concelho”.

Obras
A Galeria de Artes e Ofícios, na Praça do Comércio, em Ferreiros, sempre foi um espaço não consensual junto dos amarenses, a começar pela sua construção. O objetivo deste edifício é dar conhecer a cultura e as tradições através das várias artes e ofícios, bem como promover aquilo que de melhor se produz no concelho.

No entanto, é verdade que nem sempre foi assim, e o espaço, como reconhecem os decisores políticos, está a degradar-se, precisando de obras de recuperação, que a vereadora da cultura confirma que poderão arrancar para o próximo ano. Esta nova dinâmica e o seu eventual ‘sucesso’ pode ser importante para justificar a intervenção.

Pela galeria já passaram exposições desde olaria, funilaria, latoaria, artigos em madeira, ou estanho, bem como bordados, lenços dos namorados, loiça pintada à mão e cavaquinhos. Para além disso, no espaço eram possível encontrar o vinho da região e produtos derivados da laranja de Amares, como licores, bolachas e compotas, entre outros.

“A Galeria de Artes e Ofícios continuará a servir de palco para exposições temáticas que priorizem a valorização do nosso território nos vários domínios já anteriormente referidos, a proporcionar momentos de formação, bem como para promoção dos produtos dos nossos artesãos e produtores. A Galeria é um projeto em construção, onde diariamente pretendemos explorar a criatividade, a inovação, a reinvenção, a valorização do nosso povo e da nossa Terra”.

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