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Junta de Bico cria espaço de meditação e lazer para os peregrinos de São Bento e Santiago

A Junta de Freguesia de Bico vai criar um espaço de meditação e lazer para os peregrinos de Santiago e São Bento da Porta Aberta. O projeto foi sujeito a uma candidatura da ATAHCA e conta com a colaboração do artista plástico Maciel Cardeira. Locais de meditação e lazer serão inspirados nos dois santos e localizados no cruzamento dos ‘quatro caminhos’. A Irmandade de São Bento deu o aval positivo à realização da obra.

“Onde antigamente se chamava ‘Os Quatro Caminhos’, e que os antigos ainda lhe chamam, queremos transformar este espaço num tributo, principalmente ao grandioso São Bento e também a Santiago. Aproveitar o referido Caminho medieval, que é um dos caminhos de peregrinação para alcançar o São Bentinho da Porta Aberta e de Santiago de Compostela”, refere o presidente da Junta, Fernando Soares, em exclusivo ao ‘Terras do Homem’.

São Bento oferece, quando escreve o livro Regra Benedita, indicações úteis não só para os monges, mas também para todos os que procuram uma guia no seu caminho rumo a Deus. Pela sua ponderação, a sua humanidade e o seu discernimento entre o essencial e o secundário na vida espiritual, ele consegue manter a sua força iluminadora até hoje.

São Bento pode ser representado por um livro onde estão suas regras, que são os preceitos considerados essenciais para a vida em comunidade cristã. A regra de São Bento parte do conceito de “Orar e Trabalhar”, pois trabalhando, a mente do homem se ocupa e permite o seu crescimento e desenvolvimento. São Bento foca a comunidade, da participação em comum, do hábito, como crescimento humano em todas as suas vertentes.

Espaço de Meditação
A intervenção deste projeto localiza-se na rua do Mosteiro e surge pela oportunidade de criar uma homenagem ao S. Bento, provocando no escultor que foi contactado para a sua concretização, uma reflexão sobre o local e, sobretudo, sobre a sua forma, um triângulo, definido por três ruas, uma delas encostada ao muro da cerca do Mosteiro de Rendufe e da Quinta de Amares.

“Para além desta realidade, temos ainda a particularidade de ser neste local que dois caminhos de peregrinos que até aqui coincidam no traçado, e aqui divergem até ao seu destino final, buscando cada peregrino no Santo da sua devoção – S. Bento e Santiago – a luz Divina que recebe as suas preces”, acrescenta o autarca.

Foi com base na leitura destes factos que o trabalho se desenvolveu incidindo a intervenção unicamente dentro da plataforma triangular, não se prevendo qualquer trabalho ao nível dos arruamentos. Ambos os caminhos terão uma referência iconográfica que os marcará. Assim, na extremidade onde se dá a bifurcação, é criado um passeio alargado, equipado com bancos que proporcionam e convidam os peregrinos a fazer uma pausa para retemperar forças.

O de Santiago tem a vieira marcado no pavimento indicando a direção do caminho e, pendurado no alto do poste em granito – esteio – a cabaça (elemento intimamente ligado à iconografia do Santo, simbolizando a água).

No caminho de S. Bento, a regularidade dos bancos dá origem a uma parede em pedras de grandes dimensões, com a mesma espessura daqueles, mas corte manual e regular. Nesta parede, esculpida com baixos-relevos, serão acrescentados elementos que simbolizam os milagres do Pão e da Pedra. “O do Pão será registado pelas imagens dos corvos, um com o Pão na boca, e o da Pedra pelo afastamento gerado no muro e que cria uma fenda que nos permite perceber o Santo”.

Nas costas do último banco será inscrito o lema de S. Bento “ORA ET LABORA” que significa trabalho e oração, enaltecendo o tributo que está na origem desta intervenção.

“Num espaço interior é colocado um dístico como os elementos de força da medalha de S. Bento. A Cruz que nos leva à Luz e as letras CSPB que significam “Cruz Sancti Patris Benedicti” que se traduz “Cruz do Santo Pai Bento”. Esta área é equipada com um banco e bebedouro”, revela, ainda, Fernando Soares.

Em resumo, “são ‘Dois Caminhos para a mesma Luz’ em cuja intervenção escultórica torna um pouco mais ‘visível, o invisível…’, para que o peregrino (mesmo o mais distraído) possa ser interpelado por esses sinais, que fizeram sempre parte da construção ao longo da história.Como complemento, todo o espaço é paisagisticamente tratado usando com princípio a utilização de plantas autóctones rusticas e de baixa manutenção. Para o coberto do solo recorre-se à urze, torga e hipericão-do-gerês sob coberto de carvalho negral”.

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