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Custo de estátua de Guterres em Vizela gera indignação

Segundo o contrato publicado no portal Base, a estrutura ascendeu aos 89.980 euros, valor que está a gerar indignação tanto junto dos populares, como dos internautas.

A 19 de março de 1998, o atual secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, concedeu liberdade administrativa a Vizela, quando era primeiro-ministro. A autarquia decidiu homenagear o responsável com uma estátua, no âmbito das comemorações do 25.º aniversário da cidade, cujo custo está a gerar contestação tanto naquela região, como nas redes sociais.

A estátua de 400 quilos e dois metros de altura foi erguida no passado domingo, tendo sido adjudicada, através de ajuste direto, à empresa Artecanter — Indústria Criativa, Lda. Segundo o contrato publicado no portal Base, a estrutura ascendeu aos 89.980 euros, valor que está a gerar indignação tanto junto dos populares, como dos internautas.

Na verdade, um comerciante realçou, em declarações ao jornal Público, considerar que o valor da empreitada é “ridículo, tendo em conta a conjuntura do país” e do cargo ocupado atualmente por Guterres.

“A situação é ainda mais ridícula se tivermos em conta o cargo dele na ONU: angaria dinheiro para ajudar pessoas com necessidades e acha bem gastar-se 90 mil euros numa estátua?”, escreveu o mesmo meio.

Já nas redes sociais, os internautas colocaram também o valor em causa, questionado em jeito de troça se o autor da escultura não seria o mesmo do busto de Cristiano Ronaldo no Aeroporto Internacional da Madeira, mas substituído em 2018, por muitos considerarem que não retratava o jogador de forma fiel.

Contudo, outros apontaram, em declarações ao mesmo jornal, que a homenagem a Guterres é “justa”, indicando que, “se mandaram fazer a estátua, é porque há dinheiro e foi bem gasto”.

Por seu turno, o gabinete de assessoria do secretário-geral da ONU confirmou que o responsável “foi informado sobre o tributo”, mas “não tem nenhuma ligação à cidade” nem “quaisquer informações acerca do modo como a estátua foi desenvolvida ou financiada”.

Ao mesmo meio, o presidente da Câmara de Vizela, Victor Hugo Salgado, esclareceu que a instalação da estátua está contemplada na intenção de criar um “museu vivo”, a céu aberto, de modo a homenagear “quem mais fez pela autonomia do concelho”.

“Homenageámos primeiro o povo e depois o MRCV, a Pesada, os jornalistas e agora António Guterres. Queremos reforçar a nossa identidade e valorizar todos os interlocutores”, complementou.

De notar que a homenagem, classificada pela autarquia como “muito merecida”, deveu-se à promessa do então primeiro-ministro de elevar Vizela a concelho, cumprida em 1998.

“Em 1993, em Guimarães, António Guterres afirmou aos jornalistas que, se fosse eleito primeiro-ministro, desbloquearia o concelho de Vizela, e em 1998 cumpriu essa promessa”, recordou a entidade, justificando que, “por isso, esta homenagem é mais do que justa e será efetuada com o descerramento de uma escultura no Jardim Manuel Faria”.

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