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“Melhor do que lamentar a falta de programação cultural em Amares, era fazer efetivamente alguma coisa para tentar mudar esse paradigma”

É uma nova associação cultural, recém-criada, no concelho de Amares por jovens amarenses para “fomentar novos públicos, mais sensibilizados e ativos naquilo que é a matéria cultural”. Para nome escolheram um nome, ‘Caixa Negra’, muito associada ‘à laranja’ um dos ícones do concelho.

Depois de uma exposição de fotografia e de uma tertúlia sobre instrumentos de cordas, há mais atividades, das mais variadas áreas, pensadas e planeadas para um futuro próximo.

O ‘Terras do Homem’ dá voz aos fundadores da ‘Caixa Negra.

Como surgiu a ideia de formar esta associação ligada às artes, à cultura?
A formação desta associação cultural era já uma ideia que ia surgindo em conversas no grupo de amigos. É sem dúvida, uma motivação que cresceu com a vontade de fazer mexer a região.
A intenção passa também por fomentar novos públicos, mais sensibilizados e ativos naquilo que é a matéria cultural, aproveitando para dinamizar a riqueza dos vários espaços públicos e comerciais de Amares.
A ideia da programação é muita aberta a uma amplitude de temáticas, nos mais variados interesses, para também abranger públicos distintos, uma vez que o que se propõe é oferecer experiências de troca de conhecimento, de reconhecimento, de comunidade e de produção de bens materiais e imateriais.

Porquê Caixa Negra?
No pensamento conceptual desta criação ecoou um fator que o concelho gosta de ‘espremer’, perdoe-se a metáfora, – “laranja”. Talvez pela oferta abundante deste fruto, esta simbologia é muito utilizada como representação de Amares. Sem querer desabar nesse clichê, quis-se encontrar um modo de o manter subjacente nesta associação. De um modo quase irónico, sabe-se que as caixas negras dos aviões são, exatamente, cor de laranja e, por aí, toda a funcionalidade dessa ferramenta revelou ir ao encontro daquilo que se procura.
Assim sendo, refletiu-se deste modo na denominação do movimento – Caixa Negra –, ao que interessa o fator de registo e preservação da informação, através do tempo e das intempéries, para reagir à causa de determinado evento. Um trabalho de reconhecimento para corrigir situações semelhantes no futuro, mas também de acervo de dados fundamentais na preservação da história cultural.

Quem são os elementos fundadores, no sentido, de o que fazem?
Em via de se tornar formalizada, os estatutos ainda não estão totalmente definidos, mas serão distribuídos pelos seguintes elementos: Natércia Machado, Mariana Miranda da Silva, Marta Carneiro, Rúben Antunes, Francisco Ribeiro, João Pedro Costa, Alexandre Ribeiro, Nuno Faria, Maria Martins, Francisca Santos, Sara Monteiro, Elvis Matos e João Rodrigues. Com idades compreendidas entre os 20 e os 46, com interesses distintos e áreas de atuação variadas (como gestão, economia, comunicação, design, filosofia, ensino, informática e tecnologia, arquitetura, entre outros), todos são movidos pelo mesmo interesse na dinamização da cultura.

A escolha de Amares para uma associação não deixa de ser surpreendente, tendo em conta a realidade cultural do concelho. Porquê Amares?
Em primeiro lugar, pelo simples facto de todos os membros constituintes serem amarenses; em segundo, porque se denotavam realidades muito mais ricas, nos concelhos vizinhos, mas em Amares apenas meia dúzia de eventos louváveis agitavam a região – nomeadamente o trabalho fantástico do Clube Desportivo Recreativo e Cultural Amarense, da Associação Festas & Moinhos (organizadora do Festival Vira Pop), ou mesmo da Associação Amigos do Mosteiro de Rendufe.
Por conseguinte, melhor do que lamentar a falta de programação cultural, era fazer efetivamente alguma coisa para tentar mudar esse paradigma.

Que atividades estão planeadas para o futuro?
Depois de realizadas as duas dinâmicas – a Exposição Fotográfica “Marrakesh” de João Rat e a Tertúlia “de Cordas” entre Luís Capela, Pedro Araújo e Pedro Costa – estamos atualmente a estudar o balanço destas primeiras ações, bem como novas possibilidades a explorar. Queremos trabalhar numa programação alinhada pelas áreas da música, fotografia, design, cinema, tecnologia ou tantas outras vertentes, com relevante conexão a valores educativos, inclusivos, de comunidade e sustentabilidade, num leque aberto a todas as faixas etárias.

Que marca gostaria a ‘Caixa Negra’ deixar ficar no concelho?
Queremos oferecer experiências reais aos locais e preservar aquilo que é o património cultural regional. A associação pretende realizar eventos que, embora possam parecer pequenos em escala, focam em questões específicas e significativas, direcionadas a um grupo minucioso de interessados, mas realmente engajados. Esta abordagem permite uma exploração mais variada e aprofundada dos temas, fundando um ambiente de discussão rica e significante, onde cada detalhe é valorizado e cada participante se sente diretamente envolvido e impactado.

Voltando um pouco atrás. A realidade cultural tem o Encontrarte, algumas bandas de música e formação musical e pouco mais. Enquanto Associação, como vêem a cultura em Amares e que contributo podem dar para melhorar este cenário?
Conforme referimos acima, o panorama do concelho pode ser melhorado. Imagine-se o apoio que poderá ser dado a artistas emergentes, ou o estímulo à criação de novos movimentos artísticos (individuais ou coletivos), oferecendo espaços e oportunidades para a expressão criativa e para a realização de ações culturais. A associação procura também promover colaborações entre artistas locais e de outras regiões, criando uma troca de ideias e experiências que enriquece, sem dúvida, o tecido cultural de Amares. Seja através de exposições, workshops, residências artísticas e outras iniciativas, acreditamos que podemos contribuir significativamente para dinamizar a cultura no concelho, tornando-a mais educativa, inclusiva, vibrante e acessível a todos os públicos.

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