Centenas de pessoas de 9 países tricotaram 1,5 quilómetros de Linhas Vermelhas pelo clima e vão levá-los até ao Parlamento Europeu
No próximo dia 25 de Setembro, o movimento “knitting for climate” (tricotar pelo clima) vai até ao Parlamento Europeu manifestar-se e vão levar 1,5 kilómetros de Linhas Vermelhas, tricotadas por pessoas de 9 países, entre os quais Portugal, através da Linha Vermelha, projeto da Associação Academia Cidadã.
Ao longo dos últimos meses pessoas e grupos da Bélgica, Dinamarca, Escócia, Inglaterra, Finlândia, Itália, Países Baixos, Noruega, Portugal e Suécia tricotaram Linhas Vermelhas, que simbolizam o limite de 1.5ºC de aquecimento do planeta que não devemos ultrapassar.
Agora, juntaram 1,5 km’s destas Linhas Vermelhas e irão levá-las até ao Parlamento Europeu e têm três reivindicações: 1 – que não sejam emitidas novas licenças para novos projectos de combustíveis fósseis na Europa ; 2 – que a exploração de novos projectos de combustíveis fósseis por empresas europeias seja proibida, até em países não europeus ; 3 – que todos os subsídios públicos às empresas de combustíveis fósseis sejam revogados.
“Estas exigências que levaremos aos Eurodeputados são o mínimo que a Europa pode fazer para limitar o aquecimento do planeta em 1.5ºC. As reservas de combustíveis fósseis já em exploração, ao serem todas exploradas, levam-nos a exceder o limite de 1.5ºC, por isso não podemos iniciar novos projetos”, revela Ana Rita, portuguesa que reside na Noruega e que desde Junho tem tricotado estas Linhas Vermelhas naquele país.
Estas pessoas de 9 países pegaram em agulhas, tricotaram em espaços públicos, em associações locais e em cafés mas também estão munidos de informação que ajuda a sustentar as suas reivindicações, como adianta João Costa, um dos organizadores da Linha Vermelha, em Portugal. “Os subsídios públicos a empresas de combustíveis fósseis na Europa aumentaram para 123 mil milhões de euros em 2022, segundo a Agência Europeia do Ambiente e no mundo, segundo o FMI, foram 9,5 milhões de euros por minuto, em 2020. Destes valores, os subsídios que reduzem os preços dos combustíveis representaram apenas 8% do total e as isenções fiscais outros 6%. Temos que parar com estes subsídios públicos, que só servem para concentrar mais riqueza e piorar a crise climática.”
Dezenas de pessoas irão agora levar as Linhas Vermelhas até ao Parlamento Europeu para assinalar que os recém eleitos eurodeputados europeus, devem fazer o que lhes compete para limitar o aquecimento global em 1,5ºC mas não se ficam por aqui como revela João: “Não ficaremos por aqui, iremos voltar a levar as nossas Linhas Vermelhas às instituições públicas que devem contribuir para resolver a crise climática. Iremos a todos os parlamentos nacionais nos próximos meses e até lá continuaremos a tricotar e a mobilizar pessoas para tricotar (ou fazer crochê ou macramé) mais Linhas Vermelhas”. Em Portugal, o grupo tem um site e redes sociais, tal como a iniciativa global e qualquer pessoa se pode juntar, saiba ou não tricotar pois estes grupos também ensinam a tricotar.
Em Portugal a Linha Vermelha já tricota desde 2016 e só cá em Portugal já tricotaram mais de 1300 metros, sendo que estiveram envolvidos na luta contra a exploração de combustíveis em Portugal, que acabou por não se concretizar, tendo as empresas desistido ou o governo cancelado os contratos, devido à pressão popular.
A manifestação terá lugar dia 25, às 13h na Place du Luxembourg, onde irão haver discursos, músicas e claro, muito tricô, crochê e outras artes manuais. De seguida, irão até ao memorial da activista Rosa Reichel, que foi uma adolescente que morreu numas cheias em 2021, na Bélgica, prestar homenagem a todas as vítimas da crise climática.