Naufrágio de galeão espanhol no séc. XVIII não afundou devido a explosão
Uma investigação na Colômbia sugere que o galeão espanhol San José não foi afundado por uma explosão na costa de Cartagena das Índias no século XVIII, depois de atacado por corsários ingleses, apontando outros motivos como más reparações.
O governo colombiano, que promove a investigação, revelou em comunicado que a expedição científica reviu este ano mais de 250 documentos, após ter surgido a hipótese de que o naufrágio do navio “pode ter outras causas para além de uma explosão massiva”.
A versão ‘oficial’, de acordo com os registos, provém de três capitães ingleses que foram julgados por um tribunal marcial em Port Royal, que na altura era a sede do governo britânico na Jamaica, que alegaram que o San José explodiu repentinamente, isto com o objetivo de se livrar das responsabilidades por não ter conseguido roubar a carga do galeão.
No entanto, a investigação colombiana indica que existem versões que refutam os ingleses, como a do marinheiro Pedro García de Asarta que afirmou ter ouvido o som de um navio a afundar, mas não ouviu qualquer explosão.
Este marinheiro observou que “o naufrágio ocorreu devido ao mau estado de conservação do Galeão San José, resultante de um acidente ocorrido na viagem de Cartagena para Portobelo (Panamá)”.
Esta hipótese, na opinião do governo, procura ajudar a “compreender, numa perspetiva arqueológica, a forma como se distribuem no fundo marinho os vestígios pertencentes ao naufrágio, o que se reveste de especial importância para a identificação dos vários componentes do navio e da carga que transportava”.
“Até à data, a equipa de investigação identificou mais de 3 mil provas materiais e fez prospeção de mais de 400 mil metros quadrados, o equivalente a 40 campos de futebol. Estes trabalhos foram realizados a mais de 600 metros de profundidade”, destacou o governo colombiano.
O San José, que pertencia à Marinha espanhola, foi afundado, segundo crónicas da época, com cerca de 11 milhões de moedas de oito escudos em ouro e prata que tinha recolhido na feira de Portobelo.
Após o anúncio da descoberta do naufrágio, surgiram disputas entre a Colômbia e a Espanha, uma vez que aquele país afirma que por ser “um navio estatal”, com a sua bandeira, está protegido pelos regulamentos da UNESCO para reivindicar a sua propriedade.
O governo colombiano, que declarou o San José “um bem de interesse cultural submerso”, não descarta a colaboração com Espanha para tratar os destroços como património partilhado.
Este ano, a zona onde se encontra o galeão, encontrado em 2015 a mais de 600 metros de profundidade, foi também declarada ‘Área Arqueológica Protegida da Nação’ para iniciar a investigação.