PS desconfia do valor “extraordinariamente bom” da compra do São Geraldo
A Câmara de Braga aprovou, esta segunda-feira, a compra do antigo cinema São Geraldo e do edifício vizinho, o Pé Alado, ambos propriedade da arquidiocese, por cerca de 1,4 milhões de euros, um valor que criou dúvidas ao vereador do PS Adolfo Macedo, por se tratar de um preço “extraordinariamente bom”.
Apesar de manifestar o seu “regozijo” pela proposta, que o PS votou a favor, o representante socialista lembrou que o município paga uma renda mensal de 12.500 euros pelo São Geraldo – desativado há cerca de 30 anos – e que desembolsou “bastante mais” pela “esquina do edifício do Theatro Circo”. Não ficou claro “se o contrato de compra e venda é só este preço ou se haverá outros favores à entidade a que se compra”, afirmou Adolfo Macedo.
Na resposta, o presidente da autarquia, Ricardo Rio, disse que os dois edifícios tiveram uma “desvalorização brutal” depois de um relatório técnico feito recentemente ter detetado “diversas patologias estruturais”. “Foi uma avaliação feita por peritos, não por favor, não há nenhum tipo de contrapartida escondida. A verdade é que hoje os edifícios valem muito menos do que estimamos que valeriam quando fizemos o contrato de arrendamento”, sublinhou.
Em 2017, a Câmara de Braga decidiu arrendar o antigo cinema São Geraldo para impedir que se concretizasse a intenção de ali ser instalado um equipamento comercial privado, com mercado e hotel, que estava a gerar muita controvérsia na sociedade bracarense.
O valor total que ficou acordado entre as duas entidades (12.500 euros por mês) só começou a ser pago em fevereiro de 2019, sendo que até aí o município de Braga pagava, num primeiro momento, 50% da renda e, a seguir, passou a pagar 75%.
“Na prática, e esse é um número incontornável, pagámos mais de rendas durante o período em que o contrato de arrendamento esteve em vigência do que vamos pagar agora pelo edifício”, vincou Ricardo Rio durante a reunião de executivo. A avaliação feita avaliou o antigo cinema São Geraldo em 745 mil euros e o edifício do Pé Alado em 659 mil euros.
Concurso em fevereiro
O presidente da Câmara de Braga adiantou que, de acordo com as informações dos serviços municipais, o concurso público para a intervenção nos dois edifícios deverá ser lançado em fevereiro do próximo ano, sendo incluído no quadro de investimentos prioritários de reabilitação urbana a submeter pelo município ao quadro comunitário Norte 2030.
Ricardo Rio garantiu que “não há necessidade de validação por qualquer entidade civil ou eclesiástica”, pelo que o município fica habilitado a promover os projetos de reabilitação previstos para ambos os edifícios, de forma integrada, nomeadamente a instalação de um centro de media arts center e a “qualificação plena das instalações” disponibilizadas à União de Freguesias de São Lázaro e São João de Souto.