Uma mão cheia de atividades no Theatro Circo para a primeira quinzena de 2025
No sábado, dia 4 de janeiro, às 11:00, o Theatro Circo abre portas à programação própria com uma atividade de mediação já conhecida do público – Companhia de Espectadores. Em 2025 é feito o convite a embarcar numa nova descoberta dos clássicos do teatro, explorando como artistas e companhias de hoje reimaginam estes textos à luz das inquietações e temas dos nossos dias. Guiados pelo BALA_Núcleo Dramatúrgico, os encontros serão momentos de partilha e reflexão, com foco na descoberta das diferentes camadas que tornam estas obras tão vivas no presente. Para dar início a este novo ciclo, será realizada esta sessão introdutória, a decorrer no dia 4 – que chamamos de sessão 0 –, onde será apresentado o propósito do projeto e as suas dinâmicas.
A inscrição é gratuita e deverá ser feita através do e-mail participacao@theatrocirco.com.
No dia 10 de janeiro, sexta-feira, às 21:30, o encenador Marco Paiva, pela sua companhia Terra Amarela leva a palco, a partir de William Shakespeare, um Ricardo III em Língua Gestual Portuguesa e Língua de Signos Espanhola. Ricardo III é um documento de propaganda que prova que uma mentira, repetida mil vezes, se pode transformar numa oportuna verdade, espelhando os nossos dias, onde muito do que parece, não é. William Shakespeare oferece-nos de bandeja uma personagem virtuosa no discurso, hábil na dissimulação e profundamente amoral, que tratará de rasgar tudo o que se colocar entre ela e o lugar da sublimação do seu poder: o trono de Inglaterra.
No dia seguinte, sábado, às 14:30, Marco Paiva dirige a Oficina de Criação Teatral – Como desenhar um território?, inserida no ciclo Formas de Fazer, que propõe atividades paralelas aos espetáculos com o objetivo de criar um espaço de partilha de práticas, metodologias e formas de trabalho de artistas e coletivos que visitam o Theatro. Nesta oficina, a construção de um espaço comum é uma ação em constante movimento, e o seu sucesso depende, em larga escala, da nossa capacidade de alimentar um diálogo permanente com esse mesmo espaço, de nos mantermos atentos às suas mutações e de agirmos estrategicamente sobre a sua diversidade. Ao longo de quatro horas, vamos desenhar o nosso território, analisá-lo, olhar para fora dele e regressar para o fazer crescer.
Os Mão Morta, que atuam no dia 18 na Sala Principal, convidam Carlos Martins, Manuel Loff, Sílvia Correia e Luís Trindade para a conversa Do fascismo à extrema-direita e vice-versa, a decorrer no dia 11, sábado, às 11:00. Esta conversa, moderada por Miguel Pedro, é parte integrante do espetáculo Viva La Muerte! que oferece uma abordagem reflexiva, mais rigorosa e esclarecedora, através de um momento de partilha de conhecimento e de saber, com o conceito de fascismo a ser abordado por politólogos, filósofos e historiadores relacionada com o espetáculo.
Ainda no dia 11, às 21:30, a Jovem Orquestra Portuguesa interpreta Rzewski e Shostakovich, naquele que é o primeiro momento do Contraponto, um ciclo dedicado à composição dos séculos XX e XXI. Com direção musical de Pedro Carneiro, narração de Miguel Azguime e encenação de Teresa Simas, o programa dá início com uma obra-prima do nosso tempo, Coming Together de Frederic Rzewski, aqui combinada com o texto de Sam Melville, resgatado por Rzewski a partir de cartas que Sam havia escrito na prisão em Attica. Haverá lugar também para a audição da Quinta Sinfonia de Dmitri Shostakovich que inspira o ouvinte a uma reflexão sobre a violência, a propaganda, o júbilo e a comemoração forçada. Este concerto em forma de contemplação coletiva é celebrado pela energia incandescente da Jovem Orquestra Portuguesa, constituída por jovens músicos, com idades compreendidas entre os 14 e os 28 anos, selecionados através de audições em todo o território nacional, todos os anos, sem distinção de origem académica, promovendo a sua especialização e formação.