Morreu Arlindo Fagundes, ilustrador dos livros “Uma Aventura” vivia em Vila Verde
Arlindo Fagundes, ilustrador, dirigente comunista e nome de referência da área da banda desenhada, morreu esta quinta-feira, aos 79 anos. A informação foi avançada pela editora Editorial Caminho em comunicado enviado às redações. O ilustrador estava doente há muito tempo. Fagundes era conhecido sobretudo pelo trabalho como ilustrador dos livros da coleção Uma Aventura.
Arlindo Terra Fagundes nasceu a 3 de julho de 1945, em Ovar. Frequentou a Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, mas viria a diplomar-se como realizador de cinema no Conservatoire Libre de Cinéma Français, aquando do seu exílio político em França, durante o Estado Novo. Foi nessa altura, em 1968, que aderiu ao Partido Comunista Português. Regressou a Portugal após o 25 de abril de 1974 e radicou-se em Braga, mais concretamente em Vila Verde.
A partir de 1975, Fagundes iniciou-se na cerâmica na oficina que instalou em Prado (Vila Verde), “onde produziu os simpáticos e irónicos bonecos de barro que lhe deram notoriedade como artesão”, lê-se numa nota biográfica da editora.
Apesar de ter trilhado um percurso na cerâmica, Arlindo era conhecido do grande público pelas ilustrações da série de livros Uma Aventura, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. “Não tinha consciência da responsabilidade que aquele ‘sim’ acarretaria”, disse em entrevista ao site Aveiro Mag, em 2023, sobre o dia em que Zeferino Coelho, da Editorial Caminho, lhe telefonou para lhe dar conta de um projeto de literatura infantojuvenil de duas professoras lisboetas.
“Não me apliquei muito nos primeiros desenhos”, reconhecia Arlindo. “Deixei a coisa correr durante demasiado tempo com menos preocupação do que a que devia ter tido. A minha profissão era a cerâmica e eu não estava disposto a trocá-la por nada. Fazia os desenhos fora de horas, por vezes, noite fora”, contava. Arlindo. “Hoje, quando olho para algumas daquelas primeiras ilustrações, até tenho vergonha. Mas há que assumir: fui eu que as fiz”, admitia.
As cerimónias fúnebres realizam-se este sábado, 11 de janeiro, no Crematório de Braga.