Celebração da inclusão ao longo do ano no Agrupamento de Escolas de Moure e Ribeira do Neiva
No Projeto Educativo do Agrupamento de Escolas de Moure e Ribeira doo Neiva está estabelecida nos princípios orientadores do agrupamento uma visão de escola “onde todos encontram percursos de qualidade e onde todos aprendem e participam”.
Beatriz Rodrigues, professora de Inglês de Ribeira do Neiva e autora de uma peça de teatro, na introdução a esta peça visionava a sua escola como um lugar onde “ecoam risos e histórias, a diversidade cresce como num jardim florido, os sonhos encantam e os sorrisos multiplicam a alegria, o trabalho e as conquistas! Alguns usam óculos, outros têm sardas que dançam ao sol e outros usam t-shirts com bolinhas azuis e amarelas. Também há aqueles que precisam de cadeiras mágicas, com rodas, que mais parecem naves espaciais e os outros que pensam devagar, escrevem devagar e falam devagar, uns sortudos, que parece terem todo o tempo deste e de outros mundos! Uns vêm de longe, de terras distantes, falam complicadamente palavras que teimam em fazer nós na garganta; outros, fogem, assustados, a tantas, tantas guerras que alguns homens inventam. No entanto, TODOS trazem dentro de si um enorme CORAÇÃO que ajuda a viver com paz, harmonia e esperança e que ajuda, igualmente, na construção de algo belo, verdadeiro e único”.
Para manter vívida esta visão, no agrupamento trabalha-se desde o início do ano na promoção ativa da inclusão, seja em eventos específicos, seja de forma mais sistematizada com a inclusão desta temática no currículo, como foi o caso do 1.º ciclo que deu o tema “Ligar comunidades, todos diferentes, todos iguais” ao projeto da Oficina de Leitura e Escrita que se desenvolveu ao longo de todo o primeiro período. Através das atividades promovidas à volta da leitura do livro “As cores de Mateus”, procurou aprofundar a formação pessoal e social dos alunos e fomentar sentimentos de aceitação e respeito pelo outro. E para isso, os alunos leram ou ouviram ler o livro, fizeram chuva de ideias sobre o tema e leram poemas do tipo “número puxa palavra”, criaram e ilustraram poemas em grupo, cantaram e apresentaram os seus trabalhos à comunidade.
Mas “esta aprendizagem sistemática e contínua precisa de momentos que deixem marcas, quer seja pelo simples facto de quebrarem a rotina do dia-a-dia, quer seja pela sua espetacularidade”, refere a diretora Matinha Couto Soares, em comunicado.
Assim, por iniciativa do Departamento de Educação Especial e da Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva, nos últimos anos tem-se imposto a “Celebração da Inclusão”, um tempo marcante que reúne um conjunto de eventos que têm lugar sobretudo no final do primeiro período e que procuram sensibilizar toda a comunidade educativa para a aceitação e o respeito pelas diferenças – sejam elas culturais, físicas, intelectuais ou outras – como premissas da inclusão, lembrando que a escola é um espaço DE e PARA TODOS.
Este ano, as atividades que já tiveram lugar, entre 29 de novembro a 15 dezembro, envolveram todos os ciclos e todos os estabelecimentos de ensino e contaram com a colaboração dos docentes titulares de turma e grupo, dos diretores de turma, do grupo de Educação Física, do grupo de Educação Musical, da Biblioteca, do Clube Europeu, do Plano Nacional de Cinema, dos departamentos, dos alunos, dos professores e dos assistentes operacionais.
Grupo Folclórico da APPACDM de Vila Verde
Em duas exibições, no dia 4 de dezembro na escola de Moure e no dia 10 na escola de Ribeira do Neiva, os integrantes do rancho “contagiaram com a sua alegria e com os seus movimentos sincronizados quantos assistiram ao seu espetáculo no recinto das escolas e revelaram como dançar é uma arte que pessoas com deficiência, e não só, realizam com muita mestria”. Ninguém ficou indiferente ao sorriso e à alegria contagiantes de uns, à compenetração e rigor de outros, aos progressos tão rápidos da nossa ex-aluna Joana Daniela, às orientações e exemplo das técnicas que se integraram nas danças.
Projeção de filmes
Propostos pela coordenadora do Plano Nacional de Cinema, foram projetados nos diferentes níveis e ciclos de ensino vários filmes abordando “a temática da aceitação da diferença, do trabalho cooperativo e da perceção de que todos temos algo em que somos muito fortes, todos temos um contributo a dar para o bem comum”.
Desporto como meio de inclusão
Praticar desportos coletivos é um desejo de muitos e a esse desejo não são alheias as pessoas com deficiência visual. O Goalball, desporto coletivo com bola em que esta é arremessada com as mãos de modo a entrar na baliza adversária, procura satisfazer este desejo àqueles para quem a visão não é uma opção.
Para viver a experiência deste desporto adaptado, orientados pelos respetivos docentes de educação física, os alunos organizaram-se em equipas de três jogadores, vendaram os olhos e perceberam que tinham de recorrer à audição e ao tato para saberem a posição da bola e descortinarem o seu movimento pelo barulho de guizos que esta fazia à medida que se deslocava.
“Um desporto desafiante que não era fácil, mas que, na perspetiva dos alunos que o experimentaram, era divertido e permitia compreender os desafios por que passam as pessoas com deficiência visual para realizarem tarefas simples do dia-a-dia”.
“Em Jogo” – exposição de fotografia
Da autoria do fotógrafo Marco Mendes, esteve patente, entre os dias 28 de novembro e 19 de dezembro, uma exposição de fotografias nas duas escolas principais do agrupamento que retratava a experiência dos atletas da Secção de Boccia do Sporting Clube de Braga, denominada “Em Jogo”.
“Foi uma exibição que mereceu a admiração atenta de toda a comunidade escolar, pois, mais do que uma experiência desportiva, esta exposição revelava a determinação, a coragem, a igualdade e a inspiração dos atletas, alguns deles paralímpicos, mas todos regidos pelos mesmos princípios e valores”.
Leitura expressiva
Em articulação com a Biblioteca Escolar, foram dinamizadas ao longo desta “Celebração da Inclusão” várias sessões de leitura expressiva das obras O Espantalho Enamorado, de Guido Visconti, e a Árvore Generosa, de Shel Silverstein, dirigidas às turmas da educação pré-escolar e dos 1.º, 2.º e 3.º ciclos. A leitura foi seguida de debate e da elaboração de mensagens para afixar num mural.
Teatro: “O Amor que nos une”
Apresentada em duas sessões na festa de natal, esta peça de teatro original, escrita pela professora Beatriz Rodrigues, aborda o contributo que cada um de nós tem para dar na construção de um mundo mais inclusivo, usando ferramentas que temos ao nosso dispor, como a empatia, a responsabilidade, a alegria, o respeito e o amor.