A obra “A Cidade e as Serras”, de Eça de Queirós, será recriada em “À mesa com Eça”, num jantar vínico a realizar já na próxima quinta-feira, em Braga, visando “concretizar um momento cultural e gastronómico único”, referiu ao Terras do Homem a organização do evento, a cargo do restaurante Alma d’Eça e do Solar da Pena, ambos sediados em Braga.
O jantar realizar-se-á nesta época de pandemia no qual vem ao de cima a dicotomia entre a vida na cidade e no campo, um tema que voltou à atualidade com a pandemia mundial.
Eça de Queirós, no seu primeiro contacto com a produção vinícola, enalteceu os dons que o vinho oferece, em “A Cidade e as Serras”, com uma frase que é o mote para este jantar vinícola, em Braga: “caindo do alto, da bojuda infusa verde – um vinho fresco, esperto, seivoso, e tendo mais alma, entrando mais na alma, que muito poema ou livro santo”, que será interpretado pelos atores Ana Paula Pinto e Rafael Pereira, que lerá duas cartas.
A chegada inesperada, a Tormes, dá lugar a uma espécie de “milagre” da comida caseira, por o caseiro, Melchior, proporcionar comida simples, sem taças de cristal nem porcelana, levando Eça a assinalar: “diante do louro frango assado no espeto e da salada (…) a que apetecera na horta, agora temperada com um azeite da serra digno dos lábios de Platão, terminou por bradar: é divino”, momento que assinala o contraste da cidade e do campo.
O jantar terá a abrir uma canja de galinha, como em “A Cidade e as Serras”, logo a seguir Bacalhau à Alma d’Eça, depois arroz de favas com frango alourado, sendo servido vinho Folc-Lore branco, Arinto e Batonnage, todos do Solar da Pena, leite creme café com Doce da Teixeira, típico da região duriense, com a introdução do evento a cargo de José Manuel Costa, da “Editora Omnia”, cabendo ao enólogo Pedro Campos apresentar os três vinhos.