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Nove mortes no Parque Nacional da Peneda-Gerês desde 2012

O Parque Nacional da Peneda-Gerês registou, desde 2012, nove casos mortais de acidentes em cascatas, lagoas e rios, a maioria dos quais ocorridos no concelho de Terras de Bouro, onde, por norma, há um maior afluxo de veraneantes.

Recentemente, para além dos grandes incêndios florestais em Vilar da Veiga e em Rio Caldo, houve dois acidentes graves, ambos nas conhecidas como ‘Cascatas do Tahiti’, (os nomes originais são Cascatas de Várzeas para os habitantes da Ermida e de Fecha de Barjas para o povo de Fafião).

Um feriu um jovem de 25 anos, o outro um homem de 55 anos.

Novos turistas

Segundo apurou o ‘Terras do Homem’, este ano o Gerês deverá ser ‘invadido’ por novos turistas, que virão, pela primeira vez, para a zona serrana muito por culpa da pandemia. Recorde-se que estudos recentes dão o Gerês como o segundo destino mais procurado para férias no campo.

Ora, à partida, serão turistas com pouco conhecimento da região o que poderá propiciar a ocorrência de acidentes quer nas praias fluviais, cascatas, lagoas quer nos percursos pedestres.

Atenta à situação, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) reforçou os meios bem como todas as forças de socorro e de salvamento no Gerês.

Acidentes todos os anos

Os últimos anos têm sido marcados por muitos acidentes, alguns dos quais graves. Quanto às nove mortes, houve uma em cada ano entre 2012 e 2016. Em 2018 registaram três vítimas e em 2019 uma morte. Só em 2017 não houve qualquer acidente mortal.

Recorde-se que a morte ocorrida, no ano passado, foi a única fora do perímetro do concelho de Terras de Bouro. A vítima, uma jovem aspirante a bombeira da corporação de Montalegre, sofreu um acidente quando estava com um grupo de amigos nas Sete Lagoas, perto da aldeia de Xertelo, no concelho de Montalegre.

Mais meios durante o verão

A vila termal do Gerês, pertencente à freguesia de Vilar da Veiga, e onde a maioria dos casos mortais ocorreram, já teve em tempos longínquos um corpo de bombeiros.

Hoje o socorro é prestado, todo o ano, pelas três delegações da Cruz Vermelha Portuguesa (Rio Caldo, Terras de Bouro e Vila do Gerês) e há 35 anos, pelos Bombeiros Voluntários de Terras de Bouro que possuem equipas especializadas de Grande Ângulo e de Busca e Resgate em Montanha.

A partir do ano de 2014, toda a área do Parque Nacional da Peneda-Gerês possui uma Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da Guarda Nacional Republicana, inicialmente designada de Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro, os ‘famosos’ GIPS.

Na época de verão, os GIPS passam a contar com equipas avançadas na zona do Gerês e, este ano, os Bombeiros de Terras de Bouro também criaram uma equipa em permanência para acorrer às necessidades locais.

Durante a noite e aos fins de semana, uma equipa de cinco operacionais dos Bombeiros permanece nas antigas instalações da GNR do Gerês, na zona do Vidoeiro.

José Amaro, comandante da corporação revela ao ‘Terras do Homem’ a existência de uma Ambulância de Emergência Médica, que pertence ao INEM, equipada com um desfibrilador e dois bombeiros para uma intervenção de emergência mais rápida.

“As ambulâncias, tendo que sair do quartel instalado na sede do concelho, muitas vezes percorriam muitos quilómetros, em estradas de montanha para acorrerem a qualquer acidente” e muitos deles ocorrem em zonas distantes, de difícil acesso por viatura.

Com esta equipa avançada “conseguimos uma resposta mais rápida, mais eficaz” para quem procura as zonas das cascatas ou os caminheiros que percorrendo os trilhos locais se perdem na serra.

“É nesta zona do Gerês, durante o verão, que há muita população e é procurada por milhares de turistas. Por isso, os acidentes em cascatas, na estrada, em trilhos, em rios ou barragens são mais frequentes e é aí onde temos de atuar”, explicou José Amaro.
Uma estratégia que vai “ao encontro dos pedidos da direção e do seu presidente, Manuel Tibo, ao mesmo tempo, presidente da Câmara de Terras de Bouro”.

Num concelho que é atravessado por dois rios principais, o Homem e o Cávado, o reforço de meios tem tido a colaboração de corporações vizinhas como as equipas de mergulhadores oriundas dos Bombeiros das Taipas ou Famalicenses, ou numa estratégia de triangulação, com os Bombeiros de Vieira do Minho, através da sua Secção de Ruivães, e com os Bombeiros de Salto. Os meios aéreos ficam a cargo quer do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), quer da Força Aérea Portuguesa.

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