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Investigador da UMinho vence prémio na Galiza

O investigador Xaquín Núñez Sabarís, do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (CEHUM), venceu o Prémio Ramón Piñeiro de Ensaio, pelo livro “Cartografias da narrativa galega contemporánea”.

O autor vai receber 3000 euros e ter a sua obra publicada, cujo lançamento é hoje, às 10h00, no Paço de San Roque, em Santiago de Compostela, Galiza.

A sessão conta com as entidades que atribuem o prémio: o secretário-geral de Política Linguística da Xunta da Galiza, Valentín García Gómez, o diretor-geral de Caixa Rural Galega, Jesús Antonio Méndez Álvarez-Cedrón, e o diretor-geral da Editorial Galaxia, Francisco Castro. A entrada só é permitida a jornalistas.

O livro revela de forma inovadora as mudanças de repertório na produção galega atual, como o thriller jacobeu em Santiago de Compostela, o romance policial em Vigo e a narcoficção nas Rias Baixas.

“Esta transformação cultural deve-se à tensão entre a identidade galega e a globalização, numa fase em que a revolução digital permite uma projeção mundial”, diz o premiado.

O estudo analisa o alcance da narrativa galega contemporânea, as dinâmicas de consumo e legitimação cultural e a expansão dos textos literários para outras plataformas, tendo sido adaptados ao cinema ou a redes televisivas internacionais, como os livros Fariña, de Nacho Carretero, ou Todo é silencio e Vivir sen permiso, de Manuel Rivas.

A obra foca ainda a adoção de modelos narrativos globais, nomeadamente o impacto que o thriller religioso e o romance policial têm na construção dos espaços ficcionais e na identidade da cidade em que decorrem.

O júri do prémio elogiou na obra de Núñez Sabarís a perspetiva crítica transmedial – que cruza várias plataformas – e a abertura à cultura de grande difusão.

O volume de 168 páginas tem quatro capítulos: o primeiro sobre a teoria e os seguintes sobre os casos de Compostela, Vigo e Rias Baixas. “Na conhecida série ‘Narcos’, por exemplo, não se sabe se Medellín (Colômbia) tem praias ou montanhas, mas na narcoficção galega sabe-se que é na costa, a questão geográfica está sempre presente”, elucida o autor. A ficção ajuda também a impulsionar o turismo, com muitos curiosos a quererem estar nos locais onde decorreu a ação.

As séries televisivas espanholas, aliás, estão “num excelente nível” internacional, sendo La casa de papel a mais conhecida. No caso das galegas, O sabor das margaridas chegou também à Netflix, Auga seca à HBO e as produções-estrela da plataforma Movistar, Hierro e La unidad, foram dirigidas por galegos, tendo esta última muitos atores da Galiza, completa o investigador. E que temas são tendência? Os livros galegos de 2019 mais lidos “incluem o suspense e o crime”.

Nota biográfica

Xaquin Núñez Sabarís nasceu em Zacande (Pontevedra) em 1973 e vive em Braga. Doutorado em Filologia Hispânica, é professor associado com agregação e diretor do Departamento de Estudos Românicos do Instituto de Letras e Ciências Humanas da UMinho.

Investiga nos grupos Identidade(s) e Intermedialidade(s) do CEHUM e Valle-Inclán da Universidade de Santiago de Compostela, que venceu recentemente o Prémio Humanidades Digitales Hispánicas, tendo Núñez Sabarís já ganho o prémio individual Valle-Inclán de Investigação 2004.

Criou uma base de dados com antologias de microrrelatos hispânicos do século XXI, em acesso aberto no site do CEHUM, tendo 1250 textos por título, autor, país, género, tema e editora. Já lecionou e formou docentes em Espanha, Brasil, Polónia, Bulgária e apoiou nas diretrizes do Certificado de Língua Galega.

Publicou dezenas de artigos em revistas científicas e mais de 30 livros e capítulos, como a edição de Luces de bohemia ou Jardín umbrío, Aula de galego e “Relecturas posmodernas del Quijote en Breaking Bad”. Tem o site www.xaquinnunez.com.

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