Estatísticas desmentem queixas sobre os cuidados de saúde primários em Amares
De um lado as inúmeras queixas e exemplos dos Presidentes de Junta de Amares, do outro os números que demonstram serem as unidades de saúde do concelho as que têm melhores resultados no universo dos cinco concelhos que compõem o ACES Gerês-Cabreira.
A reunião de trabalho, agilizada pela Câmara Municipal e coordenada pelo presidente da autarquia, juntou o diretor executivo e a diretora clínica do ACES Gerês-Cabreira aos presidentes de junta do concelho e líderes dos partidos com acento na Assembleia Municipal.
Nuno Oliveira tentou desmontar todas as críticas dos autarcas e populações sobre a qualidade dos serviços de saúde prestados e que originaram uma moção de desagrado aprovada por unanimidade na última Assembleia Municipal. O diretor executivo usou da estatística para dizer que houve um crescimento assistencial de consultas de medicina geral e familiar até agosto em relação ao ano passado.
“Na USF ‘AmareSaúde cresceu 24,8% e na USF entre Homem e Cávado 20,4%. Foram as duas que mais crescimento tiveram dentro do ACES Gerês-Cabreira”, referiu Nuno Oliveira. Ao nível de todas as unidades de saúde dos cinco concelhos houve um aumento de 14,4% o que coloca o Gerês-Cabreira em terceiro lugar dentro do universo da ARS-Norte.
Nuno Oliveira lembrou que, em contexto pandémico, as consultas presenciais foram reduzidas, mas houve um incremento nas respostas não presenciais.
Linhas de telefone
Os presidentes de junta foram unânimes em considerar que as queixas por não atendimento de telefone são muitas e de diversas pessoas.
O diretor executivo reconheceu um problema com as linhas telefónicas, fruto de uma central obsoleta, “um problema transversal a todo o país, e que vai ser alvo de uma substituição. Aos médicos de todo o país vão, também, ser entregues mil telemóveis”.
Ainda assim, as estatísticas voltam a desmentir que não haja marcações por telefone: “triplicamos as chamadas atendidas de três para nove mil, mas também duplicamos as chamadas não atendidas”.
As novas centrais vão permitir três tipos de serviço: marcação de consultas e pedido de medicação sem ser necessário atendimento por um profissional e outros serviços com a ajuda de um profissional.
Desmarcação de consultas
Outro problema levantado prende-se com a desmarcação constante de consultas. “É uma situação que não pode existir e a Covid não pode servir de desculpa”, reconheceu Nuno Oliveira.
Os presidentes de junta revelaram, ainda, que muitas vezes, digitalizaram relatórios médicos porque “na portaria do centro de saúde era o mandavam fazer aos idosos”. Uma situação que Nuno Oliveira diz “não pode nunca mais acontecer. Está corrigida e espero que nunca mais se repita”, até porque em causa, estão questões relacionadas com dados pessoais.
Um dos autarcas mais críticos do funcionamento do centro de saúde e impulsionador do voto de desagrado, o presidente da Junta de Caldelas, criticou a abordagem feita: “se este é melhor caminho, temos que continuar”, disse José Manuel Almeida usando a ironia. Pediu atenção para a “situação grave dos idosos e dos doentes crónicos”.
Nuno Oliveira revelou que há 1900 utentes por médico, “o que torna a situação difícil para os clínicos”. As prioridades estão para os diabéticos até porque “não vamos conseguir responder a todos os doentes crónicos até ao final do ano”.