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Vila Verde tem 176 moinhos espalhados pelo concelho

O concelho de Vila Verde tem 176 moinhos espalhados pelo seu território. Um património turístico pouco conhecido e valorizado, mas que pode vir a ser estruturante para o desenvolvimento do concelho.

A vilaverdense Delfina Vilela, natural de Pico, desenvolveu uma tese de mestrado onde para além de um levantamento exaustivo molinológico do concelho, propõe a criação de uma rota de moinhos na zona Norte do concelho, abrangendo as freguesias de Aboim da Nóbrega e Gondomar, União das Freguesias do Vade e União de Freguesias de Sande, Vilarinho, Barros e Gomide.

Integrada no mestrado de Geografia -Gestão e Planeamento do Território, a tese supervisionada por Paula Remoaldo e Miguel Bandeira dá conta da existência de três dos cinco tipos de moinhos existentes em Portugal: moinhos de rodízio, moinhos de dorna, moinhos de vento, moinhos de maré e moinhos de roda vertical. Destes cinco tipos de moinhos, em Vila Verde, apenas não existe o moinho de maré e de vento.

“Os moinhos têm a sua componente histórica, na qual se destaca a moagem de cereais, fundamental na vida das populações. Contudo, na atualidade, estes são vistos como um elemento fundamental na produção de energia, favorecendo as micro-hídricas”, refere a atualmente professora de Geografia.

“A recuperação dos moinhos e tem de ocorrer um correto restauro para que não se verifique uma descaraterização do moinho, bem como a sua área envolvente, tem em vista a criação de uma rota dos moinhos, que poderá contribuir para a dinamização do município e para sensibilizar as populações e os visitantes para a riqueza e importância do património natural e rural”, acrescenta ainda.

Caraterização dos moinhos
As 33 freguesias de Vila Verde possuem espólio desta natureza, com particular destaque (mais de 15 moinhos) para as freguesias de Valdreu, a União de Freguesias de Sande, Vilarinho, Barros e Gomide e a freguesia de Atiães. Aboim da Nóbrega e Gondomar assume um protagonismo porque, num levantamento posterior, foram identificados 30 moinhos. “Pode-se concluir que a parte sul de Vila Verde é mais pobre no património molinológico”.

97 moinhos estão classificados como estando em mau estado de conservação, 27 como estando em fraco estado de conservação, 29 como bom e 23 como razoável estado.

“O que poderá justificar este número tão elevado de moinhos em mau estado de conservação é o facto de estes serem de proprietário desconhecido ou terem mais do que um proprietário”, refere Delfina Vilela.

Os moinhos têm a sua componente histórica, na qual se destaca a moagem de cereais, fundamental na vida das populações. Contudo, na atualidade, estes são vistos como um elemento fundamental na produção de energia (favorecendo as micro-hídricas).

“Este é um fator positivo, na medida em que não existe a necessidade de alteração dos cursos de água e é assegurada a manutenção dos açudes, que permite a oxigenação da água e, por sua vez, melhora a qualidade desta, proporcionando o aumento da fauna e da flora aquífera”.

As condições dos terrenos declivosos em Aboim da Nóbrega consentem a instalação de moinhos em cadeia, alimentados por uma levada, sendo estes em maior número do que os moinhos instalados em açudes.

Criação de um trilho
Delfina Vilela propõe a criação de uma rota dos moinhos na zona Norte do concelho, local onde há uma maior implantação deste património. “A possível associação entre o território e o património pode vir a ser uma ótima oportunidade para fomentar o desenvolvimento económico, através da criação de um produto turístico”.

Por isso, os objetivos principais da rota proposta são revitalizar e modernizar o turismo do município e promover a transferência de saberes (experiência do saber-fazer).

As freguesias que englobam a rota são três: a União de freguesias do Vade, a União das freguesias de Sande, Vilarinho, Barros e Gomide e Aboim da Nóbrega e Gondomar. Todos os moinhos encontram-se nas margens do rio Vade.

O número total de moinhos da rota é de trinta, sendo que grande parte está em avançado estado de degradação (cerca de 30%). Ainda assim, os restantes estão em bom estado de conservação e estão em funcionamento, sendo que a moagem que realizam é para consumo dos proprietários ou para vizinhos que lhes pedem para utilizar o seu moinho.

A rota dos moinhos além de dar a conhecer aos turistas os moinhos existentes, tem associada uma componente histórica, que poderá potenciar o desenvolvimento turístico e económico do município, fomentando a atração e o interesse por Vila Verde.

Esta rota faz a ligação com outros trilhos já existentes no município, localizadas na freguesia de Aboim da Nóbrega e Gondomar. Desta forma, os turistas têm a possibilidade de diversificar as suas atividades.

“A rota pode, ainda, ser implementada através de uns passadiços que formem o percurso ao longo do rio, permitindo que alguns moinhos se tornem espaços físicos de visita, de forma a que os turistas compreendam o seu funcionamento e participem em atividades relacionadas com a moagem e com a confeção da broa de milho, por exemplo, ou ainda a implementação de um centro interpretativo”, refere ainda a professora.

Idealmente, a rota seria para fazer em dois dias repartindo-se a visita pelos moinhos nesses mesmos dois dias.
A Rota dos Moinhos proposta tem doze quilómetros e um grau de dificuldade moderado ou difícil.

Dois dias

Dia 1 – Início pelas 9h00 no parque de campismo de Aboim da Nóbrega, que facilita o estacionamento das viaturas. Em seguida pretende-se que se visite a Casa da Pequenina e o lugar da Póvoa Dura.

A ligação do parque a estes pontos de interesse faz-se através de um caminho que pertence ao Trilho da Nóbrega.

Depois destas paragens pretende-se que se dirijam a Gondomar para a visita ao primeiro moinho, que está ao lado da nascente do rio Vade. A distância percorrida entre o lugar da Póvoa Dura e Gondomar é realizada pelo Trilho do Fojo do Lobo. Depois de visto o primeiro moinho que compõe a rota era importante ver também o Fojo do Lobo, com importância histórica, pois é um dos maiores da Península Ibérica, em forma de V, e a muralha tem uma extensão de aproximadamente dois quilómetros, com o objetivo de caçar o lobo através do seu aprisionamento depois destes tentarem fugir dos cães incentivados pelos caçadores, acabando por cair num buraco.

Em seguida visitar-se-iam os moinhos de Gondomar até aos moinhos do lugar de Lameiras, onde se encontra um moinho com uma micro-hídrica que está a fornecer energia para o parque de campismo.

Neste mesmo lugar também se encontra uma cascata de uma beleza extraordinária, que apenas necessita de limpeza e que para a existência de uma mini praia fluvial era necessário um pequeno depósito de areia naquele lugar. Sugere-se ainda que sejam vistos os moinhos até ao centro da freguesia de Aboim da Nóbrega, sendo possível fazê-lo ao longo do rio, caso se concretize uma limpeza das áreas ribeirinhas, caso contrário existem alternativas por outros caminhos.

Pelo caminho ainda se pode ver uma pequena área de lazer, com um parque infantil e um bar, e a Fonte de Dente Santo, que faz parte do Geocaching, desporto ao ar livre, em que se utiliza o GPS para encontrar uma geocache. Esta fonte tem uma lenda associada, pois havia quem dissesse que a sua água curaria qualquer dor de dentes, mas outros consideram que o dente relíquia de São Frutuoso curava as pessoas do mal da raiva, segundo a placa informativa que está no local da fonte.

A chegada ao centro da freguesia prevê-se que aconteça por volta das 13h00, havendo naquele lugar dois restaurantes, onde os turistas podem almoçar. No fim de almoço pretende-se que os turistas façam o caminho de regresso ao parque, mas por outro lugar, fazendo parte do Trilho da Nóbrega. Desta forma, pode-se visitar a Capelinha de S. João, o Castelo de Aboim e a Capelinha de S. Sebastião, estando a chegada ao parque prevista para as 17h30.

Dia 2 – Início pelas 09h00 no centro da freguesia, onde o estacionamento de viaturas também pode ser realizado de forma facilitada. Neste local pode-se visitar a igreja matriz da Aboim da Nóbrega, a casa de D. João de Aboim, que foi um nobre português que acompanhou o Infante D. Afonso em França, e a casa do Picão.

Depois de realizadas estas visitas espera-se que os turistas vejam os moinhos desde aquele lugar até ao último, no lugar de Venda Nova.

Ao longo deste percurso existe um aglomerado de moinhos, onde está a ser concretizada uma área de lazer e o aproveitamento elétrico através dos moinhos. No último moinho está já em fase de construção um restaurante típico e uma mini-hídrica. Este local será o ideal para que os turistas possam almoçar.

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