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Reabilitação das Casas Florestais vai avançar no Parque Nacional da Peneda-Gerês

A reabilitação das chamadas Casas Florestais do Parque Nacional da Peneda-Gerês, que serão ao todo mais de meia centena, será a principal intervenção, a iniciar muito em breve, por várias entidades. Destinadas a atividades florestais, as estruturas constituem ‘uma mais valia”, como revelou ao Terras do Homem a diretora regional do Norte do ICNF, Sandra Sarmento.

Depois de concluídas, as casas poderão ser utilizadas pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestais (ICNF), pelos cinco municípios de Melgaço, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Terras de Bouro e Montalegre, passando pelos Conselhos Diretivos de Baldios.

Numa entrevista exclusiva ao ‘Terras do Homem’, onde fez o ponto de situação das questões que mais têm estado em foco publicamente, Sandra Sarmento não se escudou a nenhuma das perguntas e adiantou diversas novidades.

“No âmbito da cogestão foi aberta a possibilidade das autarquias locais poderem utilizar essas mesmas casas, desde que haja projeto de reabilitação, porque de facto se encontram, na sua grande maioria, muito degradadas, estando a ser algumas solicitadas pelas câmaras municipais”, referiu Sandra Sarmento, “umas protocoladas e outras intervencionadas por nós próprios, pelo que, entre todos, será mais fácil a sua recuperação para serem usadas”.

“O ICNF também tem interesse em utilizar algumas dessas casas e eu própria solicitei já que me identificassem algumas dessas casas, situadas em locais estratégicos, para apoiar as equipas de Agentes Florestais e de Sapadores Florestais”, explicou Sandra Sarmento, por inerência do seu cargo mais direta responsável do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Mais procura dos espaços naturais
Sandra Sarmento confirmou que “por causa da pandemia, houve uma procura enorme do património natural e dos espaços das áreas protegidas, o que correspondeu à tendência geral, manifestando-se, ainda mais, neste que é único parque nacional, despertando assim mais interesse. Foi a área protegida com o maior número de visitantes, por isso procuramos que haja uma distribuição, o mais equitativa possível, pelo parque nacional”.

A responsável diz estar “muito atenta à chamada capacidade de carga quanto à ocupação no PNPG, por exemplo, sabemos que mais de 47 mil viaturas durante este verão passaram pela Mata de Albergaria, o que é muito idêntico aos anos anteriores, muito semelhante ao ano de 2020”, numa cooperação transfronteiriça com o Parque Natural do Xurés, na vizinha Galiza.

Sandra Sarmento revelou ainda que “nos anos de 2020 e 2021 registamos uma tendência turística muito semelhante, em termos numéricos, no Parque Nacional da Peneda-Gerês,
mas é obvio que continua a haver uma grande concentração de pessoas no Vale do Gerês, tem havido de facto muita gente no nosso parque nacional, enquanto nós procuramos uma distribuição mais equitativa pelo território, dando a conhecer outras zonas muito bonitas”.

“O PNPG tem uma articulação muito próxima com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, os Municípios e a GNR, apresentando, em conjunto, a preservação dos valores naturais, com cada um, no âmbito das suas competências, a atuar mais e melhor no território com cada vez mais tempo de permanência”, diz a responsável, preconizando “visitas planeadas e com informação prévia dos locais a visitar, desde logo a indumentária e o que devem levar consigo, bem como os cuidados a ter antes de cá vir”.

Sandra Sarmento não deixa de recomendar a todos aqueles que visitarem o território do PNPG, “de se prepararem para o tipo de visitação que pretendem fazer, tratando-se, por exemplo, de realizar caminhadas ou outras atividades, o que se faz, no terreno, através da sensibilização dos visitantes, a par de uma melhoria das condições de acesso e circulação, incluindo a sinalética, com a colaboração, também, dos Municípios e da ADERE-Gerês”.

Sinistralidade baixou no parque nacional
A sinistralidade reduziu no parque nacional, durante o corrente ano, não só em relação a 2020, como aos anos anteriores, segundo números e comparações do Comando-Geral da GNR, enviados ao ‘Terras do Homem’.

“Para a redução da sinistralidade, contribuiu muito o trabalho que está ser feito no terreno, com mais vigilantes da natureza no território e 50 novos agentes florestais exclusivamente no Parque Nacional da Peneda-Gerês”, segundo a mesma dirigente, destacando “a sensibilização que tem sido feita, também pela nova unidade especializada da GNR, sediada na Vila do Gerês, referindo-se ao seu Posto de Busca e Resgate em Montanha do Gerês (PBRM), da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS), da Guarda Nacional Republicana”.

Sandra Sarmento destacou igualmente “o reposicionamento de meios, mais avançados no terreno”, por parte dos Bombeiros Voluntários de Terras de Bouro e da Delegação de Rio Caldo da Cruz Vermelha Portuguesa, mas também às Corporações de Bombeiros, de Salto e Montalegre, Vieira do Minho, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez e Melgaço, além do INEM e da Força Aérea Portuguesa, entre outros agentes de proteção civil a atuar, prioritariamente, no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Entretanto, durante o presente ano de 2021 foram levantados 187 Autos de Notícia relativos a atividades diretamente relacionadas com a visitação do PNPG, dos quais 131 foram devidos ao estacionamento de viaturas na Mata de Albergaria, em Campo do Gerês.

“Os processos encontram-se em fase de instrução, pelo que não podemos dar qualquer indicação relativamente às coimas que venham a ser aplicadas”, refere o ICNF, dizendo que “temos vindo a assistir, felizmente por parte de uma minoria dos nossos visitantes, a atividades e comportamentos desadequados a quem visita e pretende usufruir de um parque nacional”.

“Temos clara consciência que a ocorrência de comportamentos menos adequados se evita através de campanhas de sensibilização, de informação e só em último caso, pela ação dos nossos Vigilantes da Natureza ou de outras autoridades como a GNR, além de que temos investido na melhoria da sinalização do parque deixando claras as regras de comportamento adequadas, no desenvolvimento de campanhas de sensibilização em parceria com as Câmaras Municipais e com a ADERE-PG e num aumento da fiscalização.

“Desejamos que o nosso único Parque Nacional seja fruído por todos os cidadãos, sendo que todos temos que cumprir as regras e normas de conduta apropriadas a um espaço de elevados valores naturais como os que encerra o Parque Nacional da Peneda-Gerês”, diz.

Redução de 95 por cento dos fogos florestais
Entretanto, diminuiu o número de fogos florestais, com excelentes resultados alcançados pelo ‘Plano-piloto de prevenção de incêndios florestais e de recuperação de habitats naturais no PNPG’, aprovado em dezembro de 2016, sendo que em quatro anos, a área ardida no Parque Nacional passou de 7726 hectares para 384 hectares, o que significa uma redução superior a 95 por cento, de acordo ainda com os números oficiais do ICNF.

O sucesso deste projeto-piloto, que abrangeu uma área total de sete mil hectares e um financiamento de 8,4 milhões de euros do Fundo Ambiental, POSEUR e Norte 2020, justificou a necessidade de manter como permanente a equipa do CNAF nesta região.

O plano envolveu o restauro das áreas ardidas, o desenvolvimento de ações de prevenção
estrutural, o reforço das comunicações móveis e de recursos humanos. O esforço concertado de diversos intervenientes, Instituto de Conservação da Natureza (ICNF), municípios (Melgaço, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca, Terras de Bouro e Montalegre) e de várias entidades privadas, permitiu congregar as dimensões sociais, ambientais e económicas na gestão deste território.

Os principais objetivos estruturais foram o restauro de áreas florestais relevantes para a conservação que foram percorridas por incêndios, a promoção da prevenção estrutural e do ordenamento florestal em áreas que configuram habitats naturais prioritários, ações de desenvolvimento socioeconómico que, a par da valorização dos recursos endógenos, promovem a criação de oportunidades de negócio.

A cobertura de rede móvel neste território foi melhorada com a instalação de sete antenas
retransmissoras GSM e entre as ações específicas desenvolvidas, destacam-se a prevenção estrutural e conservação da Mata Nacional do Gerês, onde foram conservados os habitats naturais, assim como reduzido o risco de incêndio com a criação de faixas e mosaicos de gestão de combustíveis, o aproveitamento da regeneração natural e o combate a espécies lenhosas invasoras.

Na conservação das populações autóctones de pinheiro-silvestre foi feito o controlo da
vegetação, a introdução de espécies autóctones menos inflamáveis, a produção de plantas em viveiro e a sua plantação em novas áreas.

Na Zona de Proteção Total da Mata de Albergaria, foi intervencionado o estacionamento na Portela do Homem e reabilitada a estrada florestal Leonte-Portela do Homem e foi ainda realizado o restauro da Mata do Mezio e da Mata do Ramiscal, com a rearborização da área florestal ardida com espécies autóctones, a regulação do pastoreio, o restauro de habitats naturais e a sua monitorização. Relativamente à conservação dos teixiais, um habitat prioritário das Florestas Mediterrânicas de Taxus baccata, foram conservados os núcleos existentes no PNPG e melhorada a conservação ex situ.

“Para a diminuição do número de incêndios há um fator muito importante, de termos 50 novos elementos do Corpo Nacional de Agentes Florestais (CNAF) todos exclusivamente dentro do parque nacional, o que faz toda a diferença em termos de vigilância, na primeira intervenção, de prevenção estrutural junto do PNPG, que é mais vigiado e mais protegido, porque são, na sua grande maioria, do próprio território, que conhecem muito bem que e se preocupam em especial com a sua zona simultaneamente de naturalidade e residência”, explica Sandra Sarmento.

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