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30ª edição do Guimarães Jazz apresenta música de origem planetária e multidisciplinar

A partir do próximo dia 11 e até 20 de novembro, a cidade de Guimarães é novamente contaminada pela vibração jazzística de um festival que há 30 anos celebra com a versatilidade e pluralidade que marcam o presente e o futuro desta música chamada jazz.

Novos paradigmas, risco musical e intimidade emocional convivem nesta edição tendo por base um princípio simples de diversidade das expressões artísticas que este ano nos trazem alguns dos nomes essenciais do jazz global contemporâneo tais como o pianista Vijay Iyer, o compositor e arranjador Jim McNeely, o guitarrista Marc Ducret, o contrabaixista Chris Lightcap ou o baterista Gerry Hemingway, entre muitos outros que participam nesta experiência alargada de divulgação do jazz que se manifesta por opções polivalentes, transgeracionais, complexas e pluridisciplinares, suscetíveis de transpor todas as fronteiras deste género musical tão universal.

Experiência este ano revelada ao público com epicentro no Centro Cultural Vila Flor e ramificações que se estendem ao Centro Internacional das Artes José de Guimarães e ao Convívio Associação Cultural.

Com o passar do tempo, o Guimarães Jazz alterou-se, acompanhando o movimento das suas circunstâncias envolventes, e foi sempre enfrentando sem receio o inevitável desfasamento entre realidade e ficção. “Não existe um jazz fixado numa fórmula inamovível de música normativa.

Foi a partir desta conceção, transformada em matriz orientadora, que ao longo do tempo fomos estruturando o Guimarães Jazz.”, afirma Ivo Martins, programador do festival. Nas suas três décadas de existência, o festival pôs em prática visões utópicas e disruptivas, sempre guiadas por uma ideia de reavivamento do espaço público visto como esfera social e cultural integrada.

O Guimarães Jazz 2021 será inaugurado pelo novo trio do pianista de ascendência indiana Vijay Iyer (11 novembro), acompanhado por dois excelentes músicos da cena jazzística nova-iorquina: a baixista malaia Linda May Han Oh e o baterista norte-americano Tyshawn Sorey.

Num programa em que a tónica dominante é, ao contrário do que tem sido a tendência dos últimos quinze anos do festival, a preponderância de músicos com origem fora dos Estados Unidos da América, o contingente norte-americano será representado também pela banda de jazz idiossincrático de Chris Lightcap SuperBigmouth (13 novembro), acompanhado por um grupo de nomes notáveis da música atual como Tony Malaby ou Chris Cheek, e pelo Black Art Jazz Collective (19 novembro), um grupo constituído por instrumentistas de renome, entre eles o saxofonista Wayne Escoffery e o trompetista Jeremy Pelt.

No âmbito dos concertos de grande perfil apresentar-se-ão também concertos do quarteto do saxofonista porto-riquenho Miguel Zenón (12 novembro), um músico que acompanhou de perto a história do Guimarães Jazz, e dois dos projetos colaborativos do festival: o já tradicional concerto da Big Band da ESMAE (14 novembro), este ano dirigida pelo pianista e compositor Ryan Cohan, e a nova edição da parceria com a Orquestra de Guimarães (17 novembro), desta vez em conjunto com Niels Klein Trio, dirigido por este talentoso saxofonista da nova geração do jazz alemão.

Em 2021, o Guimarães Jazz consolida também uma vertente que se tem vindo a acentuar na programação nos últimos anos do festival, relacionada com uma maior atenção a projetos internacionais de menor perfil mediático mas que acrescentam uma dimensão de risco musical e intimidade emocional por vezes difícil de atingir nos concertos que têm lugar no Grande Auditório do CCVF.

Este ano, esse espaço será ocupado num primeiro momento pelo WHO Trio (13 novembro), uma formação helvético-americana de avant-jazz que inclui o histórico baterista Gerry Hemingway, e pelo duo do trombonista suíço Samuel Blaser em colaboração o guitarrista francês Marc Ducret (20 novembro), reconhecido pela crítica jazzística como um dos músicos mais influentes do jazz europeu dos últimos trinta anos.

Esta edição do Guimarães Jazz, na qual se voltam a repetir as parcerias com a associação Porta-Jazz (14 novembro) – assumida este ano por um quinteto liderado pela performer Inês Malheiro, em colaboração com a artista Carolina Fangueiro – e com o coletivo Sonoscopia (18 novembro) – que propõe o duo de improvisação não convencional formado por Henrique Fernandes e Joana Sá –, vê atuar no seu último dia a formação convidada para uma tripla missão nesta edição, Ryan Cohan Quintet, liderada pelo pianista e compositor nativo de Chicago Ryan Cohan que virá acompanhado por um naipe de músicos de grande nível – o trompetista Tito Carrillo, o saxofonista Scott Burns, o contrabaixista Lorin Cohen e o baterista George Fludas – precedendo aquele que será o seu culminar protagonizado por uma orquestra, como é habitual.

Neste caso, caberá à prestigiada Frankfurt Radio Big Band (20 novembro) – que regressa a Guimarães para um concerto dirigido pelo reputado diretor musical e arranjador Jim McNeely e em colaboração com a saxofonista chilena Melissa Aldana, uma das figuras emergentes do jazz atual – a responsabilidade de colocar um ponto final num “ciclo de trinta anos deste festival, celebrados com o ecletismo e a diversidade estilística, geracional e geográfica que são, ou pelo menos assim o acreditamos nós, o presente e o futuro desta música.” (Ivo Martins)

O regresso das essenciais atividades paralelas do festival é marcado nesta edição pelas exposições “A Sabedoria do Espanto” – mostra dedicada aos 30 anos de Guimarães Jazz que inaugura no Palácio Vila Flor às 18h do dia do arranque do festival, incluindo neste âmbito uma Visita Orientada à mesma no dia 13 pelas 11h – e “60/30”, exposição de fotografias que invoca a memória das jams sessions que tiveram lugar no Convívio Associação Cultural ao longo das 30 edições do festival e que ocupam um lugar único no coração de todos, de artistas e público.

Jam Sessions estas, sempre concorridas e vibrantes, que estão de regresso ao Convívio (11 a 13 novembro) e ao Café Concerto do CCVF (18 a 20 novembro), lideradas nesta edição pelo já referido Ryan Cohan Quintet. Esta mesma formação dirige igualmente as estimadas Oficinas de Jazz (15 a 19 novembro), que este ano veem também o seu regresso ao festival, proporcionando o contacto direto com um grupo de músicos internacionais que se deslocam propositadamente dos EUA a convite do festival, fixando-se em Guimarães durante duas semanas.

As inscrições nesta oficina encontram-se abertas até 8 de novembro, podendo ser efetuadas gratuitamente através do formulário disponível online em ccvf.pt. Antes do concerto deste ano do projeto Porta-Jazz / Guimarães Jazz (14 novembro), serão apresentados os discos resultantes das edições anteriores (2019 e 2020), momento que teve de ser adiado devido ao contexto de pandemia.

As assinaturas do Guimarães Jazz 2021 – acesso a todos os concertos pelo valor de 90 euros, a 3 concertos à escolha por 35 euros ou a 4 concertos à escolha por 45 euros – e os bilhetes para cada um dos concertos (valor individual entre 7,5 e 15 euros) estão disponíveis nas bilheteiras do Centro Cultural Vila Flor, Centro Internacional das Artes José de Guimarães e Loja Oficina, bem como nas Lojas Fnac, Worten e El Corte Inglés e online em aoficina.pt.

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