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Militar de Busca e Resgate no Gerês louvado pelo comandante-geral da GNR (vídeo)

O guarda-principal Sérgio Gonçalves, natural da aldeia de Ermida, Vilar da Veiga, que presta serviço efetivo no Posto de Busca e Resgate em Montanha do Gerês, foi alvo de um louvor pelo comandante-geral da corporação, o tenente-general Rui Clero.

A distinção levou em conta os seus atos de bravura e abnegação no Parque Nacional da Peneda-Gerês, muitos dos quais em folga e férias, em situações bastante adversas, como em salvamentos de socorro de turistas, em cascatas ou perdidos em trilhos, mas também com fogos florestais.

Segundo o mais alto responsável da Guarda Nacional Republicana, o militar geresiano, é motivo de louvor, devido ao seu “extraordinário desempenho, espírito de missão, bravura, provado esforço, energia, disponibilidade, elevada competência profissional e técnica, demonstrados no desempenho de funções” no Posto de Intervenção de Proteção e Socorro de Braga, onde “desde que foi colocado em 2007, revelou em todas as ocasiões e de forma inequívoca, excecionais qualidades e virtudes militares, pautando a sua conduta pela lealdade, abnegação e espírito de obediência”.

Ainda segundo o mesmo oficial-general, o guarda principal Landeira Gonçalves trata-se de “um militar de inigualável disponibilidade, que tem pautado a sua conduta por elevado padrão de proficiência, no desenvolvimento de diversas ações de vigilância e de combate aos incêndios rurais, uma postura de assertividade e inegável inteligência emocional na abordagem aos teatros de operações mais complexos, resultando em grande dedicação em serviço da segurança pública”, em todo o território do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

O caso do incêndio florestal
“Exemplo disso, foi o incêndio de 12 de setembro de 2013, no Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), incêndio esse que lavrava com grande intensidade, em terreno inacessível a viaturas e com potencial para atingir enormes dimensões”, segundo consta deste louvor.

“Neste contexto e com os meios de combate acionados para a ocorrência manifestamente insuficientes, o guarda-principal Landeira Gonçalves, na sua qualidade de chefe de equipa terrestre, com singular perspicácia, iniciativa e conhecimento técnico, após uma correta avaliação da situação, propôs ao comandante das operações de socorro a realização de uma faixa de contenção e o uso de fogo tático para debelar a parte mais ativa do incêndio, tendo sido de imediato aceite esta modalidade”, como refere o comandante-geral da GNR.

Ainda de acordo com o louvor, “seguidamente, o próprio militar liderou os trabalhos de construção da faixa, manuseando a motosserra com proatividade e dinamismo, resultando na extinção completa do incêndio e confirmando-se que a modalidade de ação tomada foi determinante no resultado desta missão”, um dos motivos que levaram a atual distinção.

A GNR considera que “o guarda-principal Landeira Gonçalves revelou ainda elevados dotes de caráter ao assumir-se como um verdadeiro elemento-chave na execução do Plano Operacional Nacional do PNPG, pelo seu ímpar conhecimento daquele território, quer pela iniciativa e otimização das sinergias criadas com as diversas entidades, cumprindo de forma muito empenhada todas as tarefas de que foi incumbido, revelando uma natural capacidade de adaptação às mais variadas circunstâncias e situações, sendo pela sua competência e pela afirmação constante de reconhecida coragem moral, digno de ocupar postos ou cargos de grande responsabilidade, visto que desempenhou serviços de grande mérito, principalmente na manutenção da ordem, na segurança e tranquilidade públicas, distinguindo-se por feitos de reconhecido interesse público, dos quais resultou prestígio para a Unidade de Emergência de Proteção e Socorro e a Guarda Nacional Republicana”.

De acordo com o louvor, é um “militar de elevada craveira, demonstra um permanente empenho na sua formação pessoal e na busca incessante em aprofundar conhecimentos, revelada na sua participação na especialidade de busca e resgate em montanha, bem como na conclusão com elevado brilhantismo, em final de novembro de 2020, em plena situação pandémica, do curso de transporte de ambulância de socorro, ministrado pelo Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, confirmando a sua capacidade de iniciativa e cuidado na complementação da sua formação e demonstrando ser um profissional de excelência”.

“É ainda de destacar as inúmeras ocasiões em que colocou os interesses institucionais em detrimento da vida pessoal, avançando, por iniciativa própria na situação de folga e de férias, para integrar diversas missões de busca e resgastes no PNPG, contribuindo de uma forma decisiva para sucesso dessas missões e conseguinte salvar inúmeras vidas humanas, em virtude de tratar-se de uma área que por experiência pessoal é conhecedor exímio”, o que é exemplificado com a missão realizada a 20 de agosto de 2018”, no parque nacional.

Isto “quando num quadro de elevada complexidade, foi necessário proceder ao resgate de um jovem casal, em pleno PNPG, em que por ser um local de difícil acesso, a equipa de resgate teve a necessidade de passar a noite junto do mesmo, aguardando a chegada do meio aéreo da Força Aérea previsto para o nascer do dia”, em que então “para garantir a integridade física das vítimas, foi identificada a necessidade de mantas térmicas, água e alimentos energéticos”, numa zona difícil próxima do Pé de Cabril, em Campo do Gerês.

Na ocasião, “o guarda-principal Landeira Gonçalves, que se encontrava em situação de folga, de imediato, fazendo jus ao seu incontornável espírito de sacrifício, prontificou-se para a tarefa, transportando os artigos solicitados, num trajeto longo e difícil com diversos obstáculos naturais e com uma duração de três horas, contribuindo decisivamente para o sucesso da missão, revelando excecionais qualidades físicas e morais”, diz-se no louvor.

Nesse mesmo texto, destaca-se que “pelas excecionais qualidades e virtudes profissionais aduzidas, aliadas à afirmação constante de elevados dotes de caráter, reiteradamente evidenciadas pela grande dedicação em serviço da segurança pública, o guarda-principal Landeira Gonçalves tem contribuído significativamente para a eficiência, o prestígio e o cumprimento da missão atribuída à Unidade de Emergência de Proteção e Socorro” da GNR, “tornando-se merecedor de que os serviços por si prestados à Guarda Nacional Republicana e ao País, sejam publicamente reconhecidos como meritórios e classificados como extraordinários, relevantes e distintos”, ainda de acordo com esta mesma distinção.

Jovem de origens humildes
Sérgio Domingos Landeira Gonçalves, de 36 anos, casado, com dois filhos, é natural da aldeia da Ermida, freguesia de Vilar da Veiga, concelho de Terras de Bouro, sendo jovem de origem humilde, com família oriunda do mundo rural, em que alguns dos seus parentes ainda mantêm os usos e costumes desse universo e se pautam pela mesma forma de vida.

Militar da GNR desde 2005, onde jurou bandeira, no Centro de Formação de Portalegre, a sua passagem desde essa data inicial foi primeiramente pelo Comando do então Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR, em Lisboa, desde 2005 até 2007.

Já no ano de 2007 apresentou-se na então 4ª Companhia do GIPS, sediada em Braga, onde desempenhou missões de primeira intervenção, em combate a incêndios florestais, tendo nesse mesmo ano frequentado com total aproveitamento o III Curso de Busca e Resgate em Montanha da Guarda Nacional Republicana, formação ministrada na Serra da Estrela.

A partir daí incidiu a sua ação, sempre enquadrado no coletivo, com camaradas das várias valências da GNR e com as outras instituições do universo da proteção civil, “porque só assim é possível as missões serem bem sucedidas, com um trabalho conjunto entre todos, designadamente elementos da GNR, da Unidade em que presto serviço, a UEPS, militares dos Postos Territoriais, dos distritos de Viana do Castelo, Braga e Vila Real, do Serviço Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR, mais outras instituições que fazem socorro, por meio do Dispositivo Integrado das Operações Proteção e Socorro (DIOPS), da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), como as Corporações de Bombeiros Voluntários, as Delegações da Cruz Vermelha Portuguesa e o INEM, a par do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), através dos seus técnicos e ainda dos Vigilantes da Natureza, bem como da ação dos Guardas-Florestais da GNR”.

Situações mais marcantes
“As situações mais marcantes enquanto elemento pertencente a equipas de busca e resgate são aquelas em que se vai remover uma vítima mortal, quando o sinistrado já é cadáver”, confidenciou ao Terras do Homem o guarda-principal Sérgio Landeira Gonçalves, acerca dos casos fatais no Poço da Moura, em Cabril, bem como das quedas na Cascata do Arado.

“Essas são as situações em que mesmo sabendo que nada se poderia fazer, é sempre triste ter que retirar alguém sem vida para depois o entregar a um familiar”, diz o jovem militar, para quem “a parte mais gratificante destas missões é saber que poderemos salvar alguém que está em apuros, em dificuldades, pois caso não fosse a presença das nossas forças de resgate, dificilmente sairiam com vida de algumas das situações em que fomos chamados para locais de difícil acesso”.

Sobre a missão diária do serviço desenvolvido, “só posso dizer estar mais que realizado, porque as equipas com quem trabalho, entre três a cinco elementos cada, são fortemente treinadas, militares com diversas áreas de formação, tanto canyoning, como socorro em situações de espeleologia, de escalada, progressão em ambientes de neve, formação de tripulante ambulância de socorro, entre outras, que complementam o conhecimento da zona de intervenção em praticamente todo o parque e tornam as missões mais fáceis, com uma resposta mais rápida e eficaz”, diz o militar.

Gosto pela montanha
Desde 2007, o militar da GNR efetuou diversas missões no âmbito da proteção e socorro, tanto no contexto de primeira intervenção em combate aos incêndios florestais, ações de fogo controlado, campanhas de sensibilização, bem como nas missões de busca e resgate em várias zonas do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

O seu gosto pela montanha, começou desde pequeno, quando ia para a serra com familiares para tomar conta do gado, pois segundo o próprio, “as paisagens, a tranquilidade e a vida em contato com a natureza, foram os fatores mais que motivadores para adquirir e manter esse gosto”.

Considera o único parque nacional português, “algo único e singular, pelas características que são muito próprias e pelo facto de haver possibilidade de por ele andar, em diversas modalidades desportivas e de lazer, 365 dias por ano”, como referiu ao Terras do Homem.

“Existem imensos locais, eventos e atividades que podem ser visitadas em todo o parque nacional, fazendo com que seja visitado por várias camadas etárias”, acrescenta o militar.

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