O IPCA é o único Politécnico em Portugal que tem oferta formativa técnico-profissional organizada numa escola. “Em 2014, o governo encontrou uma solução para um fenómeno que existe a nível mundial que são os ‘nem-nem’, são aqueles jovens que não estão preparados para ingressar no ensino superior nem estão preparados para o mercado de trabalho. São o que que fazem ‘nada’”, começa por contar o diretor da Escola Técnica Superior Profissional do IPCA.
Na altura eram 365 mil em Portugal que estavam nestas condições. “Tinham feito um percurso académico nos cursos profissionais, que infelizmente costumam ser fim de linha, estamos a tentar mudar isso, isto é, só vai para um curso profissional quem não conseguiu ter sucesso no seguimento de estudos”.
Uma situação que não se passa em outros países, “nos países avançados, há uma tradição que é a educação vocacional, dirigida aqueles jovens que têm uma vocação mais para o trabalho prático. É um sistema dual porque podem integrar-se nas empresas e fazer o seu curso, dois dias na escola três na empresa, ou fazer o percurso dito tradicional”, refere Filipe Chaves.
“Estamos a tentar reverter a situação. Temos, em Vila Verde, uma relação muito próxima com a EPATV, onde vou todos os anos falar com os alunos para prosseguirem os seus estudos no ensino superior e temos tido bastante sucesso. O número de estudantes que são de Vila Verde é muito interessante, não só na procura das licenciaturas, mas, cada vez mais nos cursos técnico-profissionais”, revela.
Estes cursos são de dois anos e no último semestre têm um estágio de 840 horas: “98% dos nossos estudantes são convidados a ficar a trabalhar nas nossas empresas. A grande maioria dos outros quer prosseguir para a licenciatura porque isto é uma via interessante já que não têm que fazer exames”.
Sem exames
Os alunos num TesP sem fazerem exames, a única necessidade é terem o certificado do 12ª ano independentemente da forma como o obtiveram. No entanto, “temos um algoritmo que privilegia quem vem do nível 4 dos profissionais, mas não impedimos de quem venha por outra via aceda. Temos estudantes de licenciatura, com mestrado e com doutoramento que vêm nestes TesP uma boa forma de adequarem a sua formação porque a nossa oferta formativa já é muito direcionada para o mercado”.
Em 2014, o IPCA apostou nestes cursos, inicialmente em Barcelos e em Braga, onde cada escola do IPC tinha os seus cursos técnico-profissionais. Esta oferta educativa foi crescendo, muito orientada para as empresas, “já temos cursos feitos em colaboração com algumas empresas e alguns em que a seleção dos alunos é feita pelas próprias empresas que têm uma oferta de valor, isto é, pagam tudo ao estudante”.
Acesso universitário com quatro vias em vez das tradicionais três
A partir de 2020, o governo cria uma nova via de acesso que é o concurso de acesso às licenciaturas para as vias profissionalizantes e artísticas, isto é, existe um curso feito pelos consórcios, neste caso, o do Norte, onde estão os politécnicos desta região, chamado concurso regional, em que os candidatos podem ir fazer os exames de acesso, bem mais simples, em qualquer um destes politécnicos e depois concorrer a qualquer um dos politécnicos deste consórcio. “Portanto, estes alunos passam a ter quatro vias de acesso à Universidade, os outros só têm três”.
Cada escola geria a sua formação TesP, “mas não era muito fácil e o IPCA de forma corajosa estudou, juntamente com o Ministério, a criação de uma escola só para gerir os cursos técnicos profissionais, o que foi feito em 2019. A aposta foi tão mais bem-sucedida quanto neste momento, somos a segunda maior oferta educativa em Portugal em TesP, a seguir a Leiria, temos quase 1900 estudantes, e somos o único politécnico com uma escola só dedicada aos cursos profissionais”.
Os cursos de Vila Verde vão ficar afetos a esta escola técnico-profissional. “Não há desculpa para quem é de Vila Verde não vir estudar connosco porque nós estamos lá”, diz, ainda, Filipe Chaves.
Depois de se matricular no ensino superior, o aluno pode-se habilitar a uma bolsa de estudo com um valor mínimo de 847 euros, paga as propinas que são 697 euros e podem ser pagas em 10 prestações. “São duas desculpas que deixam de existir: ser longe e não ter dinheiro para estudar, há uma terceira desculpa que é continuar a trabalhar e não tenho tempo para estudar que, também, não é viável porque nós temos uma oferta educativa em regime pós-laboral”.
