Cumprindo aquilo que já se transformou numa tradição, realizou-se o Jantar de Fim de Ano promovido pela Organização Regional de Braga do PCP. Cerca de 300 participantes fizeram da cantina da Agere, em Braga, um espaço pequeno para tantas presenças.
Numa expressão de militância, uma equipa alargada de militantes e amigos do PCP preparou a iniciativa nos seus aspetos práticos, tornando possível esta importante iniciativa.
Foi num ambiente de camaradagem que Paulo Raimundo foi recebido de forma especialmente calorosa pelos presentes.
Em nome da Juventude Comunista Portuguesa, António Joaquim dirigiu uma saudação aos presentes, referindo a intensa intervenção junto dos estudantes da Universidade do Minho e das escolas do ensino profissional. O dirigente da JCP referiu que o “Orçamento de Estado que, num momento tão necessário, recusa-se a responder a esses problemas. Recusa-se a eliminar a propina, a reforçar o alojamento estudantil público”.
Sílvio Sousa, do Executivo da Direcção Regional de Braga, afirmou que “não realizamos esta Ceia apenas para nos revermos, nós encontramo-nos regularmente ao longo do ano, normalmente na Rua, à porta da empresa, em reuniões… e sabem porque é assim? Porque somos uns insatisfeitos, não aceitamos a resignação e somos teimosos, aquela teimosia rara que advém não de uma fé, mas sim porque a história e o presente assim nos obriga”.
Falando dos baixos salários referiu que “Estamos em pleno seculo XXI e morre-se a trabalhar em Portugal, há miséria e luxo ostensivo lado a lado sem qualquer vergonha, os lucros a aumentar o povo a pagar. E num distrito como o nosso, pujante e dinâmico quanto ganha um trabalhador do têxtil ou de outros sectores, um operário com 20 ou mais anos de casa…. O salário mínimo!”.
Numa alusão à situação regional, Sílvio Sousa abordou a intervenção do PCP em defesa da Maternidade do Hospital de Vila Nova de Famalicão, pela construção de ligação direta Braga-Guimarães ou pelo resgate para a gestão pública da concessão da Água em Barcelos.
A última intervenção coube a Paulo Raimundo, Secretário-geral do PCP. Foi incontornável a referencia na primeira pessoa à sua participação em tarefas na Organização Regional de Braga: “neste jantar já tinha feito de tudo: preparar o bacalhau, carregar mesas, controlar as entradas, entre outras. Mas é a primeira vez participo como Secretário-geral.. e espero que não seja a última!”.
Paulo Raimundo afirmou que ”Este é um momento muito especial, hoje, até porque é aqui o local apropriado, vamos falar de esperança, de futuro, de propostas e soluções. Vamos falar de direitos e caminhos, soluções e opções. Vamos falar de construção, de trabalho, vidas e pessoas. Vamos falar de alternativa política, daquela que coloca como opção os interesses do país, aquela que coloca no centro da sua acção os trabalhadores e o povo”.
O Secretário-geral do PCP referiu “O governo decidiu mais um apoio pontual de 240 euros para um conjunto de famílias mais vulneráveis. Faz falta a quem recebe este apoio pontual, faz falta mas é preciso ter em conta que ao contrário do apoio, as despesas não são pontuais, são mensais e ganha cada vez mais peso as despesas com bens de primeira necessidade, alimentos, luz, agua, gás, rendas e créditos à habitação. Este é o problema com que se confrontam todos os dias milhares de pessoas, um confronto que não é pontual é diário”.
Falando do aumento do custo de vida referiu “18,4 % de inflação nos bens alimentares, acrescente-se as sempre a crescer margens de lucros e veja-se o resultado final, preço do cabaz alimentar com uma subida extraordinária e os lucros da distribuição como há muito não se viam, podíamos estender a firmação à luz, gás, habitação, e por ai fora. Para grandes males, grandes remédios, que se avance para o controlo de preços de bens alimentares, para o IVA a 6% na eletricidade, no gás e em todos os alimentos. IVA a 13% nas telecomunicações”.
Paulo Raimundo partiu das necessidades de investimento no Serviço Nacional de Saúde no distrito de Braga para sublinhar “Não há dinheiro. Não há dinheiro? Há e não é pouco. Se há 55% do orçamento de estado destinado à Saúde que está desde já encaminhado para os grupos económicos do negócio da doença, como é que não há dinheiro? E não vale a pena andarem a derramar lágrimas de crocodilo, o que é preciso, o que é urgente é a valorização dos profissionais de saúde, com direitos, carreira, formação, reconhecimento e respeito, criar condições também materiais, para a sua dedicação exclusiva à causa pública do Serviço Nacional de Saúde”.
A alternativa que o PCP protagoniza trespassou a intervenção de Paulo Raimundo. Uma alternativa que está ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País, que serve os interesses da maioria no aumento dos salários das reformas e das pensões; nos direitos das crianças e dos pais; a defesa e a exigência de mais e melhores serviços públicos; na defesa da paz; na produção nacional; na urgente recuperação da soberania económica, travar o aumento do custo de vida e a injustiça.
Foi com um apelo que o Secretário-geral terminou a sua intervenção: “façamos da injustiça de todos os dias, força para lutar e para trazer mais injustiçados para esta mesma luta que é a sua.”