Vigílias de oração pelas vítimas de abuso na Igreja realizam-se hoje
Numa iniciativa de solidariedade para com as vítimas de abusos sexuais no seio da Igreja, vão ser realizadas várias vigílias pelo país nesta Quarta-feira de Cinzas. As vigílias estão agendadas para as 21h. Em Braga, a concentração está marcada para a Basílica dos Congregados.
Em Lisboa, o encontro vai ser junto ao Mosteiro dos Jerónimos.
“Associamo-nos a esta iniciativa, enquanto Igreja, para manifestar às vítimas e seus familiares o nosso pedido de perdão, pela passividade e omissão de vigilância, cuidado, atenção e acolhimento em que incorremos”, lê-se na nota a assinalar o acontecimento na rede social Facebook.
Um grupo de católicos do Porto deu conta que o encontro na cidade vai ser junto à Torre dos Clérigos, convidando “os católicos portugueses, leigos, religiosos e ministros ordenados, a juntarem-se em vigília de oração silenciosa”.
“Pretendemos assinalar a nossa comum responsabilidade, enquanto leigos, pelos caminhos da Igreja, sublinhar a emergência e a exigência com que esperamos as respostas das estruturas e responsáveis da Igreja em Portugal e demonstrar-lhes a nossa solidariedade para que saibam (e sintam) que não estão sozinhos no caminho das transformações corajosas que são necessárias”, refere o grupo, numa publicação partilhada no Facebook por José Alberto Oliveira.
Em Braga, Fátima, Coimbra, Santarém, Oeiras, Palmela, Évora, Beja, Funchal (Madeira) e Ponta Delgada (Açores) estão também programadas vigílias semelhantes.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica revelou, na segunda-feira passada, que recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022 e enviou para o Ministério Público 25 casos de entre os 512 testemunhos validados recebidos ao longo do ano, anunciou o coordenador Pedro Strecht.
O pico de casos terá ocorrido entre 1960 e 1990, com 25% destes reportados desde 1991. Cerca de 77% dos agressores são padres, que abusavam uma maioria de vítimas do sexo masculino, com uma média 11,2 anos de idade.