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Grupo de calçado Kyaia quer criar fundo de reformas para trabalhadores

Criar um complemento de reforma para os trabalhadores é o “sonho” de Fortunato Figueiredo, empresário do setor do calçado de 80 anos, que, em Paredes de Coura, planeia instalar um centro de dia para os pais dos funcionários.

“Temos trabalhadores que estão connosco há 40 anos. Passaram a vida deles ali. O fundo de pensões é a cereja no topo do bolo. É o mínimo que posso fazer por eles. É o meu sonho: um complemento da empresa para acrescentar à reforma. Penso que daqui a 10 anos estaremos em condições de reformar os primeiros”, revelou à Lusa o fundador do grupo Kyaia, que em 2024 assinala o 40.º aniversário.

Criada em Guimarães em 1984, a empresa expandiu-se em 1986 para Paredes de Coura, no distrito de Viana do Castelo, onde atualmente concentra 200 dos 400 trabalhadores, “a maior parte da força operária” do grupo, distribuída por quatro fábricas instaladas em 60 mil metros quadrados da zona industrial de Formariz.

“Paredes de Coura é a ‘mater’ dos nossos projetos. Foi a grande força. Os funcionários trabalhavam horas e horas para satisfazer encomendas”, observou.

Em 2016, inaugurou na zona industrial uma cantina e teve pensado um infantário para os filhos dos operários, mas agora a ideia é criar um centro de dia para os pais idosos dos trabalhadores.

“Metade do prédio onde atualmente está a cantina era para fazer infantário para os filhos dos trabalhadores. Enquanto a cantina se fez, passaram dois ou três anos e deixou de ser preciso. Agora vai ser um centro de dia para os pais dos trabalhadores”, revelou.

Quando instalou a primeira fábrica em Paredes de Coura, comprometeu-se a dar emprego à mão-de-obra local, abrindo 40 vagas, mas “concorreram 200 pessoas”.

Acabaram por ser cerca de 50 os escolhidos, porque era essa a “capacidade do autocarro” que, durante a formação de dois anos, os transportava diariamente até Guimarães, numa viagem de três horas.

Agora são efetivamente 200, divididos por quatro fábricas: uma de solas, com capacidade para produzir quatro mil pares por dia; uma de palmilhas, também com capacidade para quatro mil pares diários; uma de corte e uma de costura.

O responsável do grupo Kyaia e dono da marca Fly London quer também, nos próximos 10 anos, voltar aos números de 2014/2015, duplicando os atuais valores de vendas e faturação, apostando na realidade virtual e na inteligência artificial para “criar clientela para o futuro”.

Assim, a Fly London, em parceria com o Instituto Politécnico do Cávado e Ave (IPCA), de Barcelos, entrou no metaverso, uma tecnologia que cria um universo virtual que reproduz a realidade através da realidade virtual.

“Para chegar ao público, o metaverso é a forma mais requintada”, observou Fortunato Figueiredo.

A Fly London está presente com um videojogo na plataforma Roblox, uma rede social com milhões de utilizadores.

“Depois de 2014/2015, houve mudanças estruturais e as vendas caíram. Esta aposta no metaverso é para manter a transfusão de sangue que se dá ao doente — à marca, à organização e à nossa mentalidade”, disse.

O objetivo é que as crianças se familiarizem com a marca no mundo virtual, na expectativa de que se tornem futuros compradores quando se cruzarem com ela no mundo real.

“Estamos a criar clientela para o futuro”, resumiu.

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