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Câmara de Vila Verde quer avançar com a musealização da Mamoa do Monte do Oural

Um grupo de alunos dos 2º, 3º anos e Mestrado do curso de Arqueologia da Universidade do Minho, supervisionados pelo investigador Luciano Vila Boas, está a efetuar um estágio de campo, no Monte do Oural, em Vila Verde, pelo segundo ano consecutivo. O projeto está inserido no doutoramento do arqueólogo intitulado ‘Paisagens mortuárias durante a pré-história recente entre as bacias do rio Lima e do Rio Neiva”.

Segundo o arqueólogo, a ideia é abordar “as questões relacionadas com a morte entre o Neolítico e a Idade do Bronze”. O projeto aconteceu devido a um protocolo celebrado entre a câmara de Vila Verde e a Universidade do Minho, sendo que a coordenadora do doutoramento e os estágios como o que está a decorrer no Oural é a professora Ana Bettencourt.

Os cerca de 10 alunos estão desde meados de junho e até 12 de julho, em trabalho de campo, escavando durante o período da manhã, entre as 07h00 e as 14h00, e a hospedados no albergue de Goâes.

A mamoa do Monte do Oural “é um monumento megalítico que terá sido construído durante o período Neolítico e no seu interior existiria uma câmara funerária, mais comumente conhecida por anta ou dólmen, dólmen esse que já foi quase totalmente destruído, temos apenas um esteio in situ, isto é, no sítio original”.

Criar um espaço museológico
A presidente da câmara de Vila Verde esteve no terreno para se inteirar dos trabalhos e das ‘novas’ descobertas, tendo sido desafiada a criar um espaço museológico no local. Júlia Fernandes abraçou a ideia bem como a celebração de novos protocolos para explorar outras zonas do concelho. “Queremos continuar com estes protocolos para outros zonas do concelho que são riquíssimas, com sítios arqueológicos riquíssimos, e que estão à espera de ser descobertos e valorizados”.

“Este protocolo vem ao encontro daquilo que é uma estratégia de valorização do nosso património, sobretudo, do conhecimento daquilo que ainda não está feito. Sabemos que o nosso território é muito rico em arqueologia, em ocupações ao longo das diferentes eras”, dando como exemplo a Citânia de São Julião, em Ponte S. Vicente. “Mas temos muito outros identificados e é fundamental disponibilizar para as pessoas estes achados. O objetivo será também, a partir daqui, que este patrimônio seja preservado, valorizado e torná-lo visitável para que as pessoas saibam o que existe”.

Visitável mas com condições
A autarca é, no entanto, da opinião que “estes locais devem ser visitáveis mas com muitas condições”. “Esta mamoa está localizada junto à nascente do Rio Neiva, valorizada pela colocação do baloiço do Oural e a partir daí muitas pessoas quiserem vir aqui. Tem uma vista fabulosa, em dias bons consegue-se ver o mar, mas temos que fazer tudo com muito cuidado, de forma restrita e cautelosa para não destruir o que aqui está, no sentido de as pessoas perceberem que o local precisa de ser protegido, valorizado e com acessos condicionados”.

Segundo Júlia Fernandes, “a população vai-se apercebendo desta importância, mas nós temos que fazer o nosso caminho para lhe fazer perceber o que significa, porque estamos a falar de monumentos muito antigos, para alguns são um monte de pedras, mas temos que os educar fazendo ver-lhes que estamos a falar de um monumento neolítico, muito importante, o que ele significa, fazer a pedagogia, colocar o local para que as pessoas visitem e saibam de que é que estamos a falar porque só valorizamos aquilo que conhecemos”.

Mais desenvolvimentos na próxima edição em papel do jornal ‘Terras do Homem’

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