Os Verdes reuniram hoje, dia 29 de julho, em Braga, com a Direção Regional do Norte do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), na semana em que se comemora o Dia Nacional da Conservação da Natureza, e num momento em que o país enfrenta fogos florestais de grande dimensão.
As principais matérias abordadas, e que estiveram na origem deste pedido de reunião, centram-se sobretudo no futuro programa de proteção do lobo ibérico (Programa Alcateia 2025- 2035), considerando a análise da evolução da espécie no território nacional divulgada pelos recentes censos; e na Revisão da Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade 2030 ( ENCNB 2030), ambas em consulta pública.
Sobre a ENCNB 2030, Os Verdes questionaram o ICNF sobre as metas para a preservação das áreas protegidas e do restauro de ecossistemas degradados. Este assunto foi debatido tendo em conta o desenvolvimento do plano nacional de restauro da natureza, que se encontra em fase de desenvolvimento pelo grupo de trabalho, mas também à luz do desenvolvimento de planos municipais de adaptação às alterações climáticas.
Tal como Os Verdes já tiveram oportunidade de manifestar, estão em curso diversos projetos considerados pelo Governo AD, mas também avançados pelo anterior Governo, considerados estratégicos no plano da transição energética, que “inequivocamente conflituam com os objetivos – aliás muito bem identificados pelo ICNF – quer ao nível da proteção da biodiversidade e das áreas protegidas , quer de forma particular com os objetivos de conservação do lobo ibérico e dos seus habitats, tal como consta da proposta para a ENCNB 2030 e do Programa Alcateia”.
“Como tal, não podemos deixar de manifestar a nossa preocupação com o possível avanço destes projetos que atentam contra os valores naturais e os próprios objetivos de conservação de espécies”.
No que diz respeito ao Plano Nacional do Restauro da Natureza, Os Verdes serão “uma voz ativa na identificação de áreas importantes e prioritárias a serem alvo de restauro ecológico em território nacional, dando continuidade ao trabalho próximo com as populações, associações ambientais e eleitos locais”.
Os Verdes reafirmam a sua posição na defesa da valorização do corpo técnico e dos recursos humanos afetos ao ICNF, sustentando que é “imprescindível mais investimento” para dar continuidade ao trabalho de conservação e prevenção, “invertendo a crescente tendência ao desmantelamento da administração pública”.
Por este motivo, “defendemos a inversão do modelo de cogestão das áreas protegidas, que tal como reflete a proposta de Revisão da ENCNB 2030, tende a afastar e a fragilizar gradualmente o papel do ICNF, abrindo caminho para que agentes externos e privados assumam a conservação da natureza como “ativo estratégico”, uma opção cada vez mais permeável aos interesses municipais e privados – quer ao nível do planeamento da conservação quer da sua implementação – e que resultará no progressivo afastamento das metas e compromissos de conservação”.
Por último, “registamos com preocupação a dimensão dos fogos florestais que hoje mesmo assolam o norte e centro do país, incluindo na proximidade das áreas protegidas, reforçando o apelo das entidades responsáveis pelo ambiente e pela prevenção dos fogos florestais para que se aposte na valorização e dignificação da carreira de vigilantes da natureza, que durante todo o ano desenvolvem um trabalho meritório e essencial a prevenção de fogos florestais e à resiliência dos territórios rurais”.
Os Verdes pretendem aprofundar o debate em torno das matérias de conservação da natureza, tendo agendada para a próxima sexta-feira, dia 1 de agosto, a Mesa Redonda “Conservação do Lobo Ibérico – desafios transfronteiriços” , pelas 18h30 no Parque da Ponte, em Braga. Esta iniciativa contará com a participação de Mariana Silva – Dirigente Nacional do Partido Ecologista os Verdes e Mar González – Co-portavoz de Verdes EQUO (Espanha), assim como de organizações e movimentos ligados à proteção do lobo.