“Nunca se vai agradar a gregos e a troianos” – Miguel Gomes, Presidente do Grupo Desportivo de Prado
Miguel Gomes, Presidente do Grupo Desportivo de Prado, explicou ao Terras do Homem a situação atual do clube e como está a acompanhar os desenvolvimentos das instâncias do futebol, na procura de soluções para resolver a paragem dos campeonatos.
Terras do Homem – Sendo Presidente de um dos maiores e mais representativos clubes do concelho de Vila Verde, como analisa a atual situação e quais as consequências desportivas e financeiras para o clube?
Miguel Gomes – É uma situação que ninguém estava à espera, inédita e estranha, que vai fazer com que se mude muita coisa no futebol, principalmente num futuro próximo.
Neste momento, não sabemos se terminaram os campeonatos. A Federação já os cancelou e nem sequer há certezas quando os próximos irão começar. Ainda existem muitas indefinições e, desta forma, não conseguimos preparar e pensar numa próxima época. Temos que deixar correr mais algum tempo para tomar decisões.
Quanto ao futuro, e à questão financeira, é muito pertinente porque isto veio abalar e muito as contribuições que eram dadas aos clubes, o que se compreende. Os clubes vão ter que saber adaptar-se e viver com muito menos do que tinham até agora. Temos de ser realistas: o futebol que foi esta ultima época já não vai ser o mesmo que vai ser na próxima, sem dúvidas nenhumas!
Terras do Homem – Sabendo que FPF abriu uma linha de crédito para clubes não profissionais, nomeadamente para futebol e futsal, o GD Prado vai candidatar-se a essa linha de crédito para fazer face a alguns pagamentos?
Miguel Gomes – Não! Penso que essa linha de crédito não está destinada nem atribuída para clubes da regional e, pelo que eu entendo, acaba no Campeonato de Portugal.
O que eu acho é que as associações do país, com o apoio da Federação, também estão a preparar não uma linha de crédito mas um apoio financeiro para ressarcir os prejuízos que os clubes tiveram esta época. Embora saiba que ouve uma linha de crédito no valor de cinco mil euros, que sinceramente não faz sentido nenhum os clubes da regional recorrerem a um empréstimo de cinco mil euros, a não ser para aqueles que estejam mal organizados. Nós, quando isto terminou, o que havia para pagar até aí ficamos com tudo liquidado.
Terras do Homem – Enquanto não se tem uma decisão definitiva da AFB, qual é a situação da equipa técnica e dos jogadores em termos de contratos e salários?
Miguel Gomes – Na regional não há salários, existe apenas ajudas de custo. Temos que falar desta forma que é a verdade. Neste momento está tudo liquidado até ao momento que decorreu o campeonato. Nem nós, nem nenhum clube da regional, tem condições para pagar ajudas de custo quando não há jogos nem treinos… no fundo as ajudas são para compensar deslocações e outras coisas do género. Portanto, a partir daí para a frente nós não vamos pagar mais nada a ninguém, nem treinadores nem jogadores, porque não faz sentido e eles também sabem disso e compreendem. Mas o que tenho a dizer é que o GD de Prado, enquanto ouve treinos e campeonato, tem tudo liquidado.
Terras do Homem – Caso seja decidido terminar o campeonato, na sua opinião, como se deveria definir quem segue para o play-off, quem desce, o campeão e quem é o vencedor da Taça da AFB?
Miguel Gomes – Isso é uma questão que eu não gosto muito de responder, embora já tenha sido abordado por outros jornalista, porque a solução encontrada será sempre injusta para todos os clubes.
Será injusto para aqueles que foram melhores até ao momento em que se cancelaram os jogos e que foram mais regulares. Isto não é fácil, naturalmente a AFB está atenta a isso e vai tomar decisões a “reboque” do que a Federação indicar.
Seja qual for a decisão que se venha a tomar vai ser sempre injusto. Nunca se consegue agradar a “gregos e a troianos”.